Obsessão (Camren)

13 - Errar é sempre gostoso

O engraçado é que você não pensa nos seus erros no momento que está os fazendo, o peso deles aparece quando você já o fez, quando não tem mais volta, aí sim o arrependimento te encontra. Meu erro não começou na nossa primeira vez que aconteceu na minha sala, começou quando me permiti gostar do beijo dela, de não ter parado, de ter correspondido, meu erro foi ceder, foi gostar dela, sim, definitivamente meu maior erro foi ter me apaixonado por ela.

Meu erro foi não ter acabado na primeira vez, meu erro foi ter me viciado nela, no seu gosto, nos seus toques, no sabor da paixão proibida. Aquela sensação de prazer proibido é muito tentadora, poucos conseguem resistir, por isso vemos tantos casos de traições e afins, essa adrenalina é irresistível, talvez eu nunca tenha amado ou sido apaixonada por Camila talvez só gostasse de como me sentia perto dela, das sensações diferentes que ela me proporcionava... Não sei a resposta, nunca fui apaixonada por ninguém, nunca senti nada próximo ao que eu sentia por ela, não tenho como comparar, mas sei que ela nunca foi apaixonada por mim... O que ela sentia por mim era outra coisa... Era uma obsessão.

— Para... — sussurrei sentindo as mãos apertarem meus seios e os lábios macios depositarem beijos na minha nuca.

Você se ilude que conseguiria se controlar, eu me iludi achando que depois que provasse dela, mesmo que uma vez, meu desejo ia sumir, talvez eu tivesse conseguido se ela não me fizesse voltar atrás toda vez que nos víssemos, ela não dava espaço para que eu conseguisse me afastar.

— O sinal acabou de tocar, temos tempo... Eu posso te fazer gozar mais que duas vezes nesse tempo restante... O que você acha? — a verdade era que eu nunca tinha vivido o perigo... E céus eu estava amando... Era inconsequente, impulsivo e totalmente infantil, mas eu não conseguia me controlar quando estava perto dela , essa garota conseguia me tirar dos eixos. Os beijos, toques, tudo que ela fazia era de outro mundo...

A cada transa nossa tudo se tornava mais intenso, mais prazeroso, mais definitivo, Camila conseguia me render no carro, no meu apartamento ou nessa sala facilmente, quando eu me dava por mim já estava nua e suada.

Me virei tomando seus lábios para mim, adorava beijar ela... Era tão único.

— Vai lá em casa hoje? — perguntei sem parar o beijo.

— Talvez... Eu vou poder dormir lá...? — perguntou antes de dar uma mordida no meu pescoço, seguida por uma lambida lenta.

— É arriscado...

— Por favor... Sabe que gosto de fazer as coisas com tempo... — pediu se afastando para me olhar nos olhos.

— Certo, pode ser... mas e sua mãe?

— Provavelmente vai estar orando com suas amigas, direi que vou dormir na casa de Dinah — sussurrou voltando a encostar a boca na minha — Eu levo pizza... — passou a ponta da língua na minha boca — E vinho para tomar no seu corpo... — todos os meus pelos se arrepiaram ao ouvirem suas palavras.

— Tudo bem — Camila mordeu os lábios e sorriu satisfeita, tentou me beijar mas me afastei — Camila para! Senta aí que quero saber das suas notas — Camila bufou mas se sentou ao meu lado no sofá — Então? — Camila subiu no meu colo rapidamente, lhe lancei um olhar de repreensão mas ela não ligou sorrindo travessa.

— Estão boas, nessa semana eu fui bem nas provas...

— Eu vou perguntar para Ally se é verdade mesmo isso.

— Mas é — fez um biquinho — mereço um beijinho né... — tentou me beijar mas eu me esquivei novamente — Aff Lo, só um beijinho, juro que não tento nadinha... — sorriu sem mostrar os dentes enquanto arqueava as sobrancelhas ao mesmo tempo.

— Não começa, você vai tentar sim! Agora se aquieta ou mando você pro Evan se ficar de gracinha — Camila bufou mas obedeceu saindo do meu colo emburrada. Eu havia falado para ela que se ela tentasse ocupar o tempo de nossas conversas com beijos ou outras coisas, eu iria trocar algum aluno com Evan, e realmente iria fazer, apesar de tudo eu queria ajudar Camila com seus problemas, talvez não estivesse fazendo as coisas certas, mas pelo menos nisso não queria errar. Gostava de passar tempo com ela, mas se fosse necessário deixaria Evan fazer meu serviço com ela, se ele fosse mais indicado para isso.

— Aquele cara é insuportável, não vou com a cara dele.

Me lembro que as coisas não estavam muito simples para mim nesse tempo, além de tentar aguentar a tentação que era Camila e o medo constante de sermos descobertas, eu tinha que lidar com outro problema, Evan, meu amigo de anos, havia se declarado para mim. Era uma noite de sexta-feira, havíamos saído para beber em um bar country bem famoso na cidade eu, Evan, Ally e o professor de educação física, Chris, que Ally estava "conhecendo melhor" uma saída entre amigos para beber e curtir uma boa música. Após uma noite extremamente agradável, eu já estava um pouco alta, Evan, que estava um pouco melhor que eu, me ofereceu carona, já que meu carro estava no concerto ainda, mas quando chegamos a portaria, ele simplesmente se declarou para mim na porta do meu apartamento! Disse que sempre foi apaixonado por mim, e que nunca achou que teria uma chance, mas não poderia mais guardar isso para si. Me lembro de ter ficado de boca aberta, jamais imaginaria uma coisa dessas, nunca vi Evan dessa forma, ele sempre foi apenas um amigo meu e de Vero. Evan sempre foi respeitoso, eu sinceramente não sei por que não conseguia o ver como alguém para me envolver naquela época, ele era atraente, tinha uma carreira estável, era um homem correto e queria construir uma família. Ele não exigiu uma resposta, disse que só precisava falar, que quando eu me sentisse confortável para lhe dizer o fizesse, ele estaria me esperando como sempre esteve.

Hoje, me pergunto quando minha vida pacata se tornou tão complicada? Até a alguns meses atrás eu somente trabalhava e vez ou outra saia com amigos, e eu estava satisfeita assim, não queria me casar, não queria ter um relacionamento ou filhos, por muito tempo pensei que eu era assexual, não sentia vontade de estar com ninguém e me sentia bem com isso. E do nada aconteceu toda essa reviravolta, algo que eu nunca imaginei que poderia acontecer. As coisas que eu comecei a fazer, nunca imaginei que poderia um dia fazer, eram coisas que a Lauren certinha nem pensava, era algo tão surreal. Minha eu do passado julgaria muitas das coisas que fiz nos últimos tempos.

— Evan é muito gentil, um ótimo amigo — que às vezes se declara para mim, ri internamente com o pensamento, Camila me olhou desacreditada mas logo apoiou os braços no sofá mexendo no celular que havia tirado do bolso do casaco, brava — Vai agir igual criança agora?

— Estou normal — murmurou — Só não gosto do jeito que ele te olha.

— Vai falar que está com ciúmes agora — ri divertida.

— Não viaja, só não gosto — revirou os olhos me olhando — E então? Vai querer que eu vá na tua casa mesmo?

— Não adianta mentir — dei de ombros, puxando a barra da sua jaqueta para mim — É claro que quero.