Obsessão (Camren)

15 - Paixão

Se as duas pessoas se amam, não pode haver final feliz.

Ernest Hemingway

— Eu te amo, por favor não me deixa...

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Camila

Passar as tardes, e quase sempre, noites com Lauren, tinha sido incrível, Lauren tinha o poder de me fazer perder o rumo somente com um olhar, sorriso ou andar.

Eu era apaixonada pelo jeito que ela se movia, no jeito que me fazia dependente dela como ninguém nunca conseguiu, jamais imaginei que poderia gostar de alguém, ser fascinada assim como era por Lauren, todas as vezes que me envolvi com outras pessoas, foi por interesse, tanto para satisfazer meus desejos momentâneos como para usar a pessoa de outra forma, como ocorria com Pablo, meu namorado desde que eu tinha apenas 15 anos, nunca gostei dela, não romanticamente, havia me acostumado com sua presença, como nós acostumamos com uma dor de cabeça chata ou a comer verduras porque é saudável.

Estar com Lauren significava ter que desdobrar em três, amava sua presença então por isso eu fazia aqueles esforços. Evitar Pablo era uma das coisas mais difíceis, ele era muito chato, pegajoso, queria me ver todos os dias, eu sinceramente nunca soube dizer o motivo disso, Dinah dizia que ele me amava, talvez fosse isso que fazia ele ficar tanto tempo ao meu lado mesmo sendo visível para qualquer um que seus sentimentos não eram recíprocos da minha parte.
Eu somente estava com Pablo por tanto tempo porque ele era filho do pastor da igreja da minha mãe, que além disso era muito rico, minha mãe me forçou a namorar com aquele ser irritante que vivia em cima de mim quando suspeitou da minha sexualidade, e eu para não ir para um internato em algum país distante aceitei aquilo calada.

Claro que Lauren não sabia daquele pequeno fato, não podia nem sonhar com isso, por sorte, meu relacionamento com Pablo nunca foi muito público, poucas pessoas já viram nós juntos, é mais como um rumor, uma especulação, algumas pessoas do colégio acham até mesmo que só damos alguns pegas as vezes e não que namoramos a quase 3 anos.

Lauren estava dormindo ao meu lado na cama totalmente entrelaçada a mim, parecia um anjo. Fiz um leve carinho em seu rosto, sorrindo ao sentir a maciez de sua pele. Ela era tão... Ela. Lauren era cativante, cuidava de mim, nos mínimos detalhes, era atenciosa, e não me usava, como todos os outros faziam.

A maioria das pessoas, incluindo minha mãe, me usavam, seja para ter um sexo quente ou para ter prestígio ao ver de outras pessoas, talvez por isso eu seja como sou, usando as pessoas como minha mãe faz. Talvez lá no fundo sejamos mais parecidas do que eu queira admitir para mim mesma.

Todas as garotas que eu já saí, transavam comigo e no outro dia estavam com seus "esquemas" fingindo que eu não existia, já Lauren não era assim, é claro que a gente transava, e muito, mas ela não me usava somente para isso, ela me tratava bem, queria que eu tivesse um futuro, para ela, eu não era somente um corpo, e sim uma pessoa, se importava com meus sentimentos, mesmo que eu não tivesse muitos.

Queria até falar com minha mãe sobre o tratamento que ela tinha comigo, eu que não deixei, pedi para que ela não se metesse nisso, ia ser estresse gratuito. Lauren realmente estava me ajudando, eu conseguia me abrir com ela às vezes, falar dos meus medos e chorar, pois sabia que ela me trataria normal no outro dia, não me olharia como a coitadinha, como eu temi que ela fizesse desde o começo.

E eu estava apaixonada por ela, admito que isso me assustava, afinal eu nunca tinha me apaixonado por ninguém, e Lauren era toda ela, mais velha, madura, tinha uma carreira e vida estabilizada. Diferente de mim, que era só uma garota com medo da mãe. Mas mesmo sabendo que isso era loucura, pois eu não era boa o suficiente para ela, eu sabia que ela também sentia algo por mim, ela sorria me olhando quando eu estava distraída, me olhava de forma apaixonada, tinha ciúmes de mim e sempre pedia para eu ficar. Era carinhosa comigo como nunca ninguém foi, quando eu chegava eu sempre encontrava o macarrão com almôndegas feito que eu adorava na geladeira e o leite sem lactose que ela sempre tinha o cuidado de comprar para mim. Eram coisas pequenas que nunca ninguém tinha feito para mim, ninguém que não era pago pelo menos.