Capítulo 3

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{POV. Keren}

Saio do Paradise e começo a andar até o ponto de ônibus mais próximo que eu sei que até esse horário ainda tem ônibus funcionado, normalmente quando eu saio bem mais tarde eu pego taxi ou alguma carona com alguma das meninas. Mas hoje como fui dispensada mais cedo por Roger e o cliente novo, da tempo de eu pegar o último ônibus da linha.
Conforme ando até o ponto de ônibus sinto um leve formigamento em minha orelha e olho para trás com uma sensação estranha, como se tivesse alguém a me seguir. Mas olho para trás e não há ninguém, deve ser paranoia minha.
O ônibus chega a parada juntamente comigo e eu logo entro no mesmo. E chega ao fim de mais um dia de luta, um dia um pouco mais estranho que os demais mas pelo menos rendeu bastante.
[...]

No dia seguinte...

- E aí como foi a festa ontem? Nem me mandaram as fotos. (Falo a Bler e Endley que estavam arrumando suas coisas nos armários da faculdade junto comigo).
- Ficamos tão bêbados que nem lembramos de tirar fotos. (Bler fala fechando seu armário e eu sorrio).
- Ai amiga, tu poderia ter ido conosco. (Minha amiga Endley fala e eu reviro os olhos fechando nossos armários juntos).
- Sabe que eu não podia, tenho trabalho. (Explico enquanto andávamos até a saída da faculdade). - Mas ontem até que foi bom, ganhei umas gorjetas boas e saí mais cedo, ou seja, algumas horas a mais de sono. (Comento enquanto estávamos parados a frente da faculdade).
- Por isso essa carinha hoje tá mais descansada. (Bler diz apertando minhas bochechas e eu bato em sua mão).
- Às vezes acho que tu trabalha demais e dormi pouco, tem que tirar mais momentos para dormir. Perder tanto sono faz mau. (Endley diz preocupada).
- Diz isso para meus boletos que não param de chegar. (Brinco e sorrimos). - Agora tenho que ir galera, até mais. (Falo já andando e aceno para eles).
- Tchau, Keren! (Diz Bler).
- Lá vai a mocinha certinha e trabalhadora. (Endley diz brincando e eu apenas mando meu dedo do meio para eles sem nem olhar).

Mau sabem eles que de mocinha certinha eu não tenho nada, sou uma puta stripper.
Como de costume eu passo em frente a grife de roupas, sapatos e acessórios que eu jamais irei ter, e lá está ele: o vestido verde escuro com pradarias que deve valer mais que um rim meu. Mas é tão lindo, acho que eu até choraria se eu ganhasse ele algum dia.
Mas esse dia nunca vai acontecer, então coloco Alan Walker - Sing Me To Sleep para tocar em meus fones de ouvidos e coloco o capuz de meu casaco moletom sobre a cabeça com minhas mochilas nas costas e ando até o ponto de ônibus. E mais uma vez eu sinto aquele formigamento atrás da orelha como se eu tivesse sendo observada, olho de um lado para o outro com cautela, mas a rua está muito movimentada como sempre. Se alguém estivessem me perseguindo eu não saberia, mas porque iam me perseguir? Aqui eu sou uma simples estudante pobre e órfã.
[...]

Entro no Paradise e ando até o salão de shows já encontrando as meninas se alongando para começarmos a ensaiar.

- Boa tarde, meninas. (Falo a todas enquanto coloco minha mochila sobre uma das mesas).
- Boa tarde. (Elas falam juntas).
- Roger mandou avisar para tu ir falar com ele assim que chegasse. (Diaba avisa cerrando suas unhas no balcão do open bar).
- Mas tenho que ensaiar. (Falo confusa).
- Ele disse para ir agora, então têm que ser agora. (Diaba rebate e eu assenti, ela está certa).

Então deixo minhas coisas sobre a mesa no salão e começo a andar pelos corredores e escadas até chegar a sala de Roger, dou duas batidas leves e abro a mesma.

- Mandou me chamar? (Falo ao entrar na sala).

E junto as sombracelhas confusa assim que vejo Charles sentado em uma das cadeiras a frente da mesa de Roger.

- Charles precisa falar algo com você, ele já me adiantou o assunto e eu já deixei claro que o que você escolher eu vou acatar. (Roger explica andando até mim mas eu continuo sem entender nada). - Vou deixá-lós a vontade. (Ele completa e saí da sala me deixando sozinha com Charles).
- Sente-se por favor. (Charles aponta para a cadeira a sua frente e eu mesmo desconfiada me sentei). - Sabe, eu gostei muito de você Pink, te achei muito interessante e... (Logo lhe interrompi).
- Odeio rodeios e então vá logo ao assunto. (Falo firme cruzando meus braços a baixo dos seios).
- E eu odeio que me interrompam. (Charles rebate e eu resisto a meu instinto de revirar os olhos). - Como eu estava dizendo, acho que encontrei em você tudo que eu precisava. Você é praticamente perfeita para o que eu tô precisando. (Charles completa).
- Como assim? Elabora melhor isso. (Falo firme).
- Quero ser seu sugar daddy, Pink. (Charles explica e eu resisto ao instinto de arregalar os olhos).
- Que? Sugar daddy? Não entendi. (Falo confusa).
- Deixa eu te explicar, agora depois de muito tempo eu decidi realizar o único fetiche que eu ainda não realizei, que é ter uma baby só pra mim. Uma garota a qual eu quero mimar, paparicar, que me acompanhe em todos os lugares, seja educada, inteligente, e elegante aos olhos de todos para ser minha acompanhe pessoal e passar uma boa imagem a sociedade. Mas que na minha cama seja um verdadeiro furação, me obedeça e que aceite todas as minhas regras e pedidos. (Charles explica e eu não consigo segurar minha risada).
- Cara, tu tá de onda com a minha cara? Sério que teu fetiche é ter um bibelô pra brincar, enfeitar e exibir? Uma boneca inflável que só te obedeça? (Falo rindo com deboche e me levantando dá cadeira). - Porque eu? Tem tanta garota por aí querendo ser sustentada por macho, até mais bonitas que eu. (Completo).
- Mas nenhuma é você, Pink. Você tem uma maneira de ser diferente, eu sei reconhecer alguém assim e essa é uma proposta irrecusável... (Charles argumenta se levantando da cadeira também e eu lhe interrompo).
- Irrecusável que eu irei sua recusar, não vou ser sua prostituta bibelô de estimação, que aceita presentinhos mas em troca tem que deixar que o daddy controlar sua vida. Eu sei o que é ser um sugar daddy e uma baby, e eu não tenho vocação para isso. Esqueça, procure outra. (Falo andando até a porta).
- Não a outra ideal, preciso de você, Pink. (Charles diz atrás de mim mas saio da sala batendo a porta).

Coisa mais esquisita, conheço o homem numa noite e no dia seguinte ele já vem com uma proposta de ser sua submissa, foi mau aí, mas comigo essa não cola.
Entro no camarim bufando e fecho a porta com força encontrando Pérola Negra e Neve dentro do mesmo.

- Vocês não sabem a loucura que acabou de acontecer. (Falo furiosa e começo a contar tudo a elas).
- Misericórdia Pink, porque tu não aceitou mulher? (Pérola Negra diz chocada depois de eu terminar de contar tudo a elas).
- Não posso confiar tão fácil assim em alguém, vai que esse cara seja um louco? Vai saber o que ele quer fazer comigo. (Argumento desconfiada).
- Charles é um empresário super conhecido e ele não ia querer o nome dele em uma polêmica policial. (Neve argumenta). - Sem falar que tudo não é para sempre, você não irá ser para sempre a baby dele e enquanto durar tu pode guardar dinheiro para ter futuro, sem precisar se matar aqui no Paradise. (Neve completa).
- Não sei, sou desconfiada demais. (Explico).
- Garota tu pode garantir teu futuro, se eu fosse você eu pensava melhor. Não se deixa escapar uma oportunidade dessas. (Pérola Negra me aconselha enquanto termina sua maquiagem e eu fico parada sentada na cadeira de braços cruzados pensativa).

Será?
[...]

Continua...

My Lord (Meu senhor) - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora