A Coragem Necessária

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Arregalei os olhos tão surpresa quanto Snape a minha frente.

Meus lábios se moveram formando um sorriso indesejado.

O reflexo de  seus olhos trancafiados nos meus me fez ser atingida de surpresa por uma lembrança: seus olhos novamente nos meus, na Casa dos Gritos.

Na lembrança já havia fechado seus cortes e lhe dado todas as poções necessárias.

O barulho da guerra vindo de bem longe, os gritos e explosões ficando cada vez mais distantes.

Arrastei meu corpo em sua direção e o envolvi em meus braços, o deitando em meu colo.

Lembrei da sensação de tê-lo comigo, tão fraco e vulnerável, e o sentimento da certeza em perdê-lo.

Seus cabelos pendendo de meu braço, o frio intenso que nos agredia simultaneamente, seu corpo e alma descansando enquanto eu os velava.

Soube que havia feito a coisa certa quando sua respiração começou a normalizar e as feições a se suavizarem.

Poderia sentir até agora o calor de seu corpo em meu braços, a forma como o enlacei para protege-lo da morte, me recusando a voltar para a guerra e deixá-lo lá. Me negando em aceitar que sua missão fora concluída e que ele estava livre para partir.

Se naquele momento eu soubesse que ele sobreviveria e quem eu achasse que estaria a salvo morreria, eu teria enlouquecido muito mais cedo.

Snape pigarreou a minha frente, me trazendo de volta ao corredor das Masmorras.

Senti meu rosto voltar a expressão séria e o encarei com a mesma força de segundos atrás.

Ele pareceu não saber o que fazer ou o que dizer, o que foi a deixa perfeita para me virar e continuar meu percurso, satisfeita com o recado dado.

Estava orgulhosa de mim e até surpresa.

Pela primeira vez depois da guerra, não fizera esforço para falar, não pensara, apenas agira como se isso fosse algo natural.

Senti-me eu mesma, a Olivia corajosa de antes da guerra.

Os olhos de Snape continuavam cravados em minha mente, mas ele precisaria aprender. Havia passado por muita coisa, querendo ou não, não era a mesma menina tolerante de antigamente.

Entendia e compreendia todos os seus problemas, afinal vira todas as suas lembranças. Mas ele deveria entender que as coisas mudaram, por mais doloroso que isso poderia ser.

Também tinha o fato dele ter sobrevivido como agente duplo a duas guerras, o que me dava uma simples sensação de que ele estaria mais afetado e abalado do que eu, mesmo parecendo impossível ao meu ver.

Isso partia meu coração em pedaços, mas não conseguiria o ajudar estando tão quebrada como estava.

Queria abraçá-lo e dizer-lhe para abandonar aquele papel que tanto lhe serviu e até lhe protegeu de mais mágoas e dores por anos, queria mostrá-lo que ele não precisava mais ser daquele jeito e que tudo ficaria bem.

Mas como dizer isso se nem mesmo eu acreditava?

Mas como dizer isso se nem mesmo eu acreditava?

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