O Feitiço de Proteção Parte ||

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Olivia White

Entrando no salão comunal, vendo o traseiro de Canino rebolar a minha frente, minha alma foi invadida por um sentimento de nostalgia. As luzes das velas dançando conforme o vento as conduzia, as grandes e altas paredes de pedra, agora intactas e reformadas, as mesas de madeira escuras e compridas, acompanhadas pelos bancos de mesma cor e extensão. O cheiro de abóbora, açúcar e canela, o ar confortavelmente frio, o chão familiar, as estátuas que testemunharam minha mudança e crescimento, o teto iluminado e enfeitiçado para parecer o céu de Londres, os porta-retratos conhecidos com seus personagens habituais, os fantasmas de cada casa, tudo dando novamente o toque excepcionalmente mágico do mesmo jeito de quando eu entrei lá pela primeira vez.

Vi um vulto em nossa direção que fez minha mente bloquear todos os bons e saudosos pensamentos e se alarmar à espera de algum brilho súbito, clarão ou lampejo.

Coloquei a mão no bolso da capa preta e encostei na varinha para saca-la, mas me contive há tempo de  perceber que era apenas Minerva vindo me abraçar.

Sorri nervosamente para disfarçar meu susto esdrúxulo. Senti a professora me abraçar tão forte que tive de dar um passo para trás na tentativa de não perder o equilíbrio.

Quando percebi que não cairia e nem me machucaria, contornei suas costas com meus braços, retribuindo seu carinho.

Aquele abraço parecia o mesmo que me dera um mês atrás.

Minerva aparecera sem aviso na fazenda dos meus avós, que agora estava no meu nome e era ocupada pelo único membro da família que sobrevivera a guerra.

Era fim de tarde e chovia um pouco, estava no balcão da cozinha, o meu cômodo favorito.

A cozinha era de estilo Colonial inglês com vários aspectos rústicos.

O chão fora feito de pedra avermelhada, a posição dos armários de madeira escura cobertos por mármore branco davam ao conceito aberto uma impressão de grandeza e profundidade, a cor do fogão à lenha feito de tijolos combinava com a pia também branca de torneira dourada. A ilha ao centro acompanhava o estilo dos restantes dos móveis, mas esse era entulhado de livros, vasos de flores do jardim de minha mãe, de quando era pequena que o caseiro gentilmente manteve, alguns pergaminhos de receitas com a clássica caligrafia de minha avó, e minha xícara da chá. Tudo iluminado pela luz que passava pelas grandes janelas de madeira branca.

Charlie, um dos três caseiros, entrou na cozinha e avisou que eu tinha visita. Revirei meus olhos, pois meus amigos sabiam que se eu quisesse conversar, iria até eles. E obviamente não estava apta a ajudar ninguém, então não tinha porque receber visitas.

Acenei para Charlie em agradecimento e ele se retirou sem esperar uma resposta verbal, como de costume.

Caminhei até a sala de lareira, com pé direito alto. A sala era desnecessariamente ampla, tanto que nem dois sofás grandes, um de frente para o outro, conseguiam fazê-la parecer menor.

Ao meio deles, havia um ottoman capitonê bege e a sua paralela, a grande lareira feita de pedras marrons, cercada pelas caixas de aço rosé cheias de lenhas recém-cerradas.

Perto da porta principal, Minerva estava em pé admirando a residência, em seu vestido longo preto, metodicamente alinhado, por baixo da capa de veludo verde com golas altas e elegantes.

A professora sorriu e me abraçou fortemente sem esperar que eu dissesse uma palavra. Com toda a certeza ela conversara com Molly e sabia o que fazer e o que esperar.

-Minha querida... Minha querida...- Com sua voz embargada perto de minha orelha, precisei respirar fundo para me manter em controle.

Se desvencilhou de mim e me olhou com ternura.

A Leoa De SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora