A Caixa de Poções

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Talvez meu coração nunca tivesse disparado daquela maneira.

Talvez eu nunca tivesse sido tão surpreendido daquela maneira.

O momento fluiu com tanta fugacidade e mesmo assim foi tão vultoso, que pareci perder um pouco a noção da realidade.

Eu não pedira para ser defendido, não pedira para ser protegido, mas mesmo assim lá estava White, rouca e aparentemente com dor de tanto falar, pelo menos na circustância em que se encontrava, repreendendo aquelas alunas por terem desacatado um professor que nem lá estava no momento do acontecimento.

Aquilo não era-me corriqueiro, uma mulher posicionar-se perante minhas ações.

Minha mãe não agira assim, Lily não agira assim, pelo menos não por muito tempo, Minerva acompanhara as outras quando soubera quem assassinara Dumbledore.

Enfim, as suspeitas eram avassaladoras e os questionamentos principais rodeavam-se entre:

O que White estava fazendo?

O que ela ganharia com aquilo?

Por que faria aquilo?

Qual era o truque? Qual era o plano?


Ela dirigiu o olhar a mim, foi quando minhas suspeitas de malevolência de sua parte sumiram como pó, desfizeram-se na velocidade do vento lá fora.

Seus olhos profundos e concentrados mostravam-me ternura, honradez, integridade e acima de tudo, nobreza e gentileza.

Pude sentir-me oscilar em comoção, um sentimento raro de aquietação.

Estava emocionado e tocado, o que ela fizera, o jeito como me olhara, o esforço com que falara, mesmo sem condições, acalentou-me de maneira inexplicável e indescritível.

Senti novamente os batimentos cardíacos acelerados, como uma sensação de euforia esquentando o peito. Senti as mãos úmidas, os músculos do rosto tentando contrair em alguma forma parecida com um sorriso e um nó na garganta.

Senti sua mão fina ser depositada no meu ombro.

White fitava-me com curiosidade.

Estava tão perdido em pensamentos a ponto de causar tal reação na mulher, gentilmente preocupada? Provavelmente.

Chacoalhei a cabeça e regressei à expressão habitual.

As feições de White relaxaram ao reconhecer minha expressão costumeira, fazendo-a recolher o braço para perto da cintura, uma vez convencida o suficiente de que eu estava bem.

Sorri de lado sem saber o que falar, sem saber como me expressar.

-Obrigado- Disse simplesmente, analisando a reação alheia.

White corou e sorriu, agora bem mais calma do que quando eu entrara naquela sala de aula. Olivia parecia transtornada com aquelas crianças e só agora eu sabia o motivo, mesmo não entendo-o completamente.

Rodei nos calcanhares, partindo bruscamente.  Não tinha mais nada a fazer, estava tão passado que nada mais conseguiria dizer.

















Olivia White

Snape reagira de forma inusitada à detenção daquela tarde.

Não conseguira desvendar seus sentimentos, muito menos interpretar suas feições, mas uma coisa eu havia percebido, ele ficara abalado, provavelmente perplexo.

Era do meu conhecimento tudo o que ele havia passado e percebera tarde de mais que uma ação como a que havia tomado, não era usual em sua vida e talvez se tornasse desconcertante.

A Leoa De SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora