Notícias Ruins

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Encarei o homem a minha frente com insatisfação. Já trabalhava na grande construtora Castro a três anos, desde do primeiro dia em que pisei aqui, soube da fama deste senhor dentro e fora da empresa. Sempre visto como um advogado influente e poderoso. Essas duas palavras garantiram que suas acusações de desvio de dinheiro e fraude fossem silenciadas. O Senhor Augusto Marinho era odiado por todos nós, embora continuasse a ser o advogado pessoal da família Castro, ninguém fazia a mínima ideia do motivo. O que todos sabíamos é que o Senhor Diogo também o odiava.

- Vá a sala do seu chefe imediatamente e informe que estou aqui. - ele falou com impaciência.

Minha vontade inicial foi de xinga-lo de todas as palavras possíveis, mas a parte racional do meu cérebro voltou a agir, controlei minha raiva e saiu o mais rápido que pude de perto daquele homem.

Bati suavemente na porta algumas vezes. Nada de resposta. Tudo que eu mais queria agora era almoçar, estava faminta. Em vez disso tinha que lidar com um homem aborrecido que provavelmente me destruiria.

Tomei coragem e abri a porta. Nada no mundo chegou perto do que imaginei que meu chefe estaria fazendo. Entrei na sala silenciosa e contemplei a cena a minha frente. Ele estava sem a parte de cima do terno, usava uma camisa branca impecável, tornei a observar mais um pouco seu corpo forte, grande e bronzeado. Ele era lindo! Estendido sobre o sofá próximo a uma  grande janela de vidro, suas mãos estavam cobrindo o rosto. Por um momento fiquei encantada com a cena, logo depois uma profunda raiva tomou conta de mim. Então era isso? O bonito do meu chefe passava a noite na farra, cancelava as reuniões e ficava dormindo tranquilamente no trabalho.

Apressei meus passos em sua direção. Pensei em algumas técnicas que usaria para acordá-lo. Quando subitamente tropecei em alguma coisa no chão, e caí em cima dele de forma vergonhosa e desajeitada.
Escutei um som abafado e mãos grandes segurando o meu corpo, instantes depois fui empurrada e nos dois estávamos de pé.

- A senhorita pretendia me matar? - ele disse de forma sincera, como se realmente acredita-se nessa hipótese.

Fiquei particularmente ofendida e  pouco magoada, apesar de ser gordinha era impossível que eu conseguisse  machucar alguém dessa forma.

- Senhor me perdoe, foi um acidente. Acho que acabei tropeçando em algo que estava no chão. - falei envergonhada. Essas coisas só aconteciam comigo, maldita sorte.

Ohei para o chão notando que eram seus sapatos, que causaram a minha queda. Ele seguiu meu olhar e saiu resmungando para buscá -los.

- Senhorita Soares, gostaria de saber o motivo que à levou a invadir minha sala desse modo. - disse bastante irritado

Ele se virou e me encarou com seu olhar questionador, exigindo uma resposta, e foi aí que eu notei que seus os olhos inchados.  Seria possível? Certamente não. Eu deveria estar imaginado coisas, ele virou de costas rapidamente fugindo do meu olhar, o senhor Diogo estava chorando!
Mal conseguia acreditar naquilo.

Nesses anos em que trabalho com ele, já havia visto de tudo. Mas nunca uma emocão tão crua quanto o choro, então ele era humano mesmo, ri um pouco. Ele deve ter ouvido meu riso,pois olhou para mim com um olhar raivoso, tratei de ignorar meus devaneios, fiz a cara mais seria possível e disse:

- Senhor Castro o advogado Augusto Marinho está aqui para vê-lo.

No momento em que disse essas palavras o homem explodiu, pegou o computador novinho de última geração e jogou no chão,o pobrezinho se espatifou em pedacinhos. Senti uma dor profunda, enquanto isso ele saia como um furacão da sala.

- Senhor...

Nem deu tempo de alertá-lo a calçar os sapatos.

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