Família

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Diogo havia viajado a três dias atrás. Depois do que aconteceu naquela noite a situação não estava tão boa entre nós. Sentia que tinha algo que ele estava escondendo, e isso seja lá o que fosse estava o consumindo por dentro.
Desde o dia em que ele me disse que iria passar uma semana fora, eu arrumei algumas roupas em uma pequena mala e vim para casa dos meus tios. Não estava acostumada a ficar sozinha em uma casa tão grande.
Hoje havia planejado buscar Alice na casa do meu pai e passar o fim de semana inteiro com ela, com a permissão de Jaqueline.

Levantei na minha cama e fui tomar um banho. Vesti uma saia rosa, uma blusa branca simples e calcei um par de botas.
Desci para o café da manhã. Tia Ana e tio Juarez estavam conversando quando eu entrei.

- Bom dia tia Ana, bom dia tio Juarez.

Puxei uma cadeira e me sentei.

- Bom dia Mariana. - minha tia respondeu me servindo uma xícara de café com leite, sentia tanta falta de tomar café da manhã com ela.

- Então Ana, pensei em levar os meninos para a casa do seu Antônio. Eles podiam jogar bola com os meninos dele,tem um campo de futebol e tudo.

Tio Juarez estava me ignorando desde o dia em que meu pai veio aqui. Quando eu cheguei com minhas coisas a três dias ele abriu a porta, e disse que agora eu era apenas uma visita "agora eu só tenho três sobrinhos, que não mentem nem escondem as coisas de mim". Fiquei magoada, mas não podia culpá-lo por isso. Eu escondi tudo sobre o meu pai, mesmo sabendo que estava colocando minha segurança em risco.

- Tudo bem Juarez, mas diz pros meninos não quebrarem nada naquela casa, o dinheirinho que eu consigo não paga nem uma colher daquele povo.

Meu tio as vezes tomava conta da casa do seu Antônio, um homem que vivia fora do Brasil com a família, eles retornavam apenas uma vez por ano. Segundo meu tio eram pessoas muito boas.

- Não precisa se preocupar com nada. Os meninos são muitos responsáveis, meus três sobrinhos são. Agora eu tenho que ir acordar-los se não vamos chegar tarde.

Saiu em direção ao quarto dos meninos.

- Quando ele vai voltar a falar comigo tia? - perguntei cabisbaixa. Depois conferi a hora no celular.

- Eu é que vou saber? Você sabe como seu tio é, pode ser que ele volte a falar hoje ou daqui a vinte anos. Juarez sempre foi assim, desde criança. Sempre protetor com todo mundo o irmão mais velho. E você sabe Mariana, que é mais do uma sobrinha para ele.

Eu sabia, e também considerava meus tios como pais, eles me criaram e me deram tudo, principalmente amor. Eu nunca pensei em como seria minha vida sem eles, mas imaginava que seria bem triste. Uma criança abandonada aos três anos pela mãe, sem nunca ter conhecido o pai.

- Josefina não vai levantar não?

Tentei não pensar em coisas tristes.

- Não sei por que Josefina inventou de ir com você buscar essa menina. Chegou em casa ontem mais de uma hora da manhã, ela pensa que eu não escutei o barulho do táxi. Se você não for acordar, ela vai dormir até meio dia. - ela respondeu.

Eu sabia muito bem.

Flashback:

Ontem pela manhã eu entrei no seu quarto. Ela estava sentada fazendo as unhas.

- Onde está o seu marido gostoso?

Peguei uma almofada e joguei nela.

- Aí, deixa de ser ciumenta Mariana.

Sentei ao seu lado na cama.

- Viajando. Amanhã eu vou na casa do meu pai buscar Alice.

Observei ela pintando a última unha de rosa, cada uma estava pintada de uma cor diferente.

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