Conflitos

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Diogo saiu da minha casa assim que me mostrou um contrato que continha os termos do nosso casamento, que aconteceria daqui a três dias. Embora parecesse que tudo isso era uma completa loucura não podia deixar de sentir um alívio, ele me prometeu que me ajudaria a resolver a questão do meu pai.

As três horas da madrugada eu estava olhando para o teto sem conseguir dormir. Não sabia como contar sobre isso para a minha família, como expliquei a Diogo as pessoas não se casam assim do nada, principalmente com seus chefes. Ele disse que nos daríamos um jeito. Fechei os olhos em agonia imaginando as reações da minha tia, eles sabiam que eu detestava Diogo por que de certo modo eu tinha dito isso inúmeras e inúmeras vezes.
Senti o cansaço me atingir e fechei os olhos.

Acordei as seis e meia apressada, corri e fui me arrumar para o trabalho, quando cheguei para o café da manhã titia, tio Juarez e Josefina estavam sentados a mesa, tentei passar de fininho para fugir das perguntas deles, mas foi em vão.

- Mariana não vai tomar café da manhã? Você sempre toma. - falou minha prima Josefina.

Dei um olhar feio para ela e me sentei juntos com eles, olhei a mesa, hummm bolo de laranja. Tratei de me servir e começar a comer, enquanto comia muito feliz por que o bolo de titia era maravilhoso, notei três olhares curiosos me analisando.

Revirei os olhos.

- Não sabia que vocês gostavam tanto de me olhar comendo - comentei.

Eles pararáram de me olhar e voltaram a comer, ah! Sim. Muito bom, pelo menos não teria que responder nada, não agora. Mas Josefina como sempre tinha que abrir a boca.

- Titio disse que um homem teve aqui ontem, e ficou um bom tempo. -  disse com um sorriso muito malicioso no rosto, Josefina era alta e bem magrinha, olhos castanhos iguais aos meus e um sorriso lindo, ela queria ser modelo.

Josefina e eu éramos como irmãs fomos criadas praticamente juntas, agora eu sentia uma vontade de mata-la, sabia que ela estava fazendo isso por que eu não contei nada a ela.

- Era meu chefe, Josefina.

Minha tia me olhou com a cara espantada, justamente pelo fato de eu encher seus ouvidos diariamente de reclamações sobre ele.

- Aquele lá Mariana? -  ela disse com uma cara fechada, é realmente agora ela compartilhava da minha antipatia por Diogo.

- O que ele queria? -  perguntou, notei que tio Juarez agora estava bastante curioso largou até o bolo que estava comendo.

- Conversas de trabalho. - falei rapidamente e comecei a mudar de assunto.

- Então Josefina eu vi Luizão esses dias, ele estava com aquela menina. Qual é mesmo o nome dela?

Josefina fechou a cara e começou a resmungar.

- Por que você acha me eu ia me interessar por isso Mariana? Tô nem aí pro Luizão. - reclamou aborrecida.

Titia parece que gostou dessa conversa por que começou a falar de como Luizão era bonito e trabalhador. Mas tio Juarez me deu um olhar firme, eu sabia que o assunto não tinha acabado.
Tinha que conversar com eles, planejava fazer isso hoje a noite, mas Diogo tinha marcado uma reunião jantar com os advogados dele e pediu para que eu fosse, amanhã eu contaria. Agora eu precisava ir ou chegaria atrasada no trabalho.

- Já vou indo se não vou me atrasar.

- Eu vou te levar.

Meu tio já estava se levantando.

- Não tio eu vou de moto com Luizão. - falei rapidamente.

As vezes Luizão me oferecia carona para o trabalho eu amava andar de moto com ele, todas as meninas do trabalho ficavam babando, Luizão era um homem lindo.

- Ah sim! Tudo bem. - ele sentou e voltou a comer.

Josefina só ficou lá me encarando, antes que ela abrisse a boca eu comecei a falar.

- Não comece com isso, você sabe que eu e Luizão somos apenas amigos.

Dei um beijo em cada um e sai.

Encontrei Luizão já pronto em sua moto, ele estava de calça jeans, camisa branca e uma jaqueta de couro. Ele tinha a pele negra, olhos verdes e um corpo de dar inveja em qualquer um. Nos éramos bons amigos, apesar dele viver me chamando pra sair no fundo eu sabia que era para irritar Josefina.

- Vamos Mari. - ele me deu o capacete e me sentei.

- Você sabe que pode me segurar linda. - dei uma risada e o segurei forte quando ele colocou a moto em movimento.

Passando pelas avenidas, podia sentir o sol ainda fraco na minha pele me aquecendo.
Chegamos a empresa, tirei o capacete entreguei a ele e me despedi.

- Obrigado Luizão. - agradeci, e dei-lhe um breve abraço.

- Quando precisar. - ele sorriu pra mim em seguida acelerou a moto.

Arrumei meus cabelos e entrei na empresa.

Cumprimentei os seguranças e sorri para Carolina na recepção, segui em direção ao elevador e aguardei.
Estava cantarolando um musica quando senti alguém próximo a mim.
Sabia quem era, conhecia aquele perfume.

- Bom dia Mariana. - o senhor Diogo disse próximo ao meu ouvido.

Senti um arrepio percorer o meu corpo e o coração bater acelerado, me senti idiota. Não sabia ao certo por que ele propôs aquilo para mim, sabia do seu histórico com mulheres, sempre aparecia uma ou outra de vez em quando atrás dele, sempre altas e magras ou com corpos esculturais. Não que eu quisesse alguma atenção dele nesse sentido, mas infelizmente ele era bastante atraente, dei um olhada sutil, ele vestia seu terno sob medida, a pele estava bronzeada, cabelo preto escuro bem alinhado e  aqueles olhos azuis curiosos.

- Bom dia senhor Diogo. - me senti aliviada por ter conseguido falar com normalidade.

Pegamos o elevador junto a alguns funcionários que estavam surpresos pela presença dele, não entendia o por que dessa repentina mudança ele sempre pegava o elevador exclusivo para o pessoal do alto escalão da empresa.
Agora ele estava atrás de mim, senti quando se aproximou e disse sussurrando:

- Depois conversamos.

Acenti com a cabeça. Qual o problema desse homem? Por que ele ficava falando tão próximo a mim? Com aquela voz grossa, senti o calor subir pelo meu corpo. Respirei fundo e me controlei, qual era o meu problema?

Finalmente chegamos ao nosso andar, sai praticamente correndo do elevador. Vi quando ele entrou na sua sala e me concentrei no meu trabalho, acompanhei ele nas três reuniões durante a manhã, dessa vez sem nenhum sussurro ao pé do ouvido. Depois do almoço ele me chamou em sua sala.

- Deseja falar comigo senhor?

- Não precisa me chamar de senhor. - senti que ele estava irritado.

- Tudo bem.

- Mariana eu vi quando você chegou com um homem, vocês pareciam muito próximos. -  disse se aproximando, eu não esperava por isso, na verdade não entendia.

- Vocês têm alguma coisa? Por que se tiver, sugiro que mantenha isso fora da empresa. Você entende que vamos não casar daqui a dois dias e sabe que para que tudo possa correr bem você tem que fazer sua parte. - ele dizia cada palavra lentamente, como se eu não fosse capaz de entender.

Me irritei.

- Sei de tudo isso, não precisa ficar me dizendo. O senhor também sabe, por que eu mesma já lhe disse que não tenho compromisso com ninguém. - ele me olhou desconfiado.

- Você pode sair com quem quiser Mariana, mas pelo menos seja discreta.

Ele acabou de ignorar o que eu disse? Eu estava me preparando para dá-lhe uma boa resposta mas ele foi mais rápido.

- Pode sair mais cedo para se preparar pro jantar, vou te buscar as sete. E por favor, feche a porta quando sair. - encerrou a conversa e voltou a se sentar na sua cadeira.

Senti raiva. Precisava me alcamar. Deixei sua sala e continuei o meu trabalho, pensando nesse maldito jantar.

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