Prólogo

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Beatrice Holmes

LEMBRO-ME QUE HÁ muitos anos, a minha mãe que sempre fora muito sincera comigo, em alguns momentos olhava para mim e me alertava: Filha, cuidado, você sonha demais. Naquela época eu não acreditava que ser chamada de "sonhadora" pudesse ser algo ruim, mas hoje já vejo isso de outra forma.

Quando eu era adolescente realmente eu era muito romântica, sonhava em me casar com um homem perfeito, ter uns três ou quatro filhos, pois sempre desejei ver a minha casa cercada por crianças, eu sonhava também em me tornar uma grande advogada, pois sempre adorei ler, e até era do grupo dos "nerds" da escola.

Mas hoje vejo que aquelas palavras de minha mãe eram realmente de preocupação, ela tinha medo que eu me decepcionasse, das coisas não saírem como eu tanto planejava, ela morreu preocupada e agora eu a entendo. Eu a entendo completamente...

Quanto mais alto nós sonhamos, mais dolorosa é a queda, e fora realmente assim comigo.

Suspirei, coloquei o ferro de passar em cima da tábua e comecei a dobrar a roupa, separei-a em cima da mesa, já que essa camisa não era minha, e sim do senhor Garret, depois fui pegar outra roupa para passar, essa era a da minha filha Emily, era uma blusa vermelha que ela gostava bastante, então ao colocá-la em cima da tábua, vejo que a blusa estava um pouco descosturada, então suspirei novamente, desliguei o ferro, peguei a blusa e fui até o armário que tinha na minha pequena sala de estar, o abri e peguei uma pequena caixa onde guardava linhas e agulhas, peguei a linha vermelha, coloquei a blusa em cima da mesa, e tentei colocar a linha na agulha, porém a minha mão tremeu, tremeu e tremeu e então a linha não entrou.

— Droga! – reclamei, desistindo e me sentando na cadeira. Às vezes eu até me esquecia de como minha mão tremia, isso já acontecia a quatro anos, desde que fui abandonada pelo meu marido. Ele me trocou por uma colega de trabalho, isso quando Emily ainda ia completar um ano de idade.

Eu tinha engravidado de Emily logo depois que terminei o ensino médio e antes mesmo de começar a faculdade, foi então que deixei meu sonho um pouco de lado, para me casar e esperar minha filha nascer, e depois que ela tivesse um pouco crescida eu tinha planos de retornar os estudos.

John, meu namorado do ensino médio, casou comigo e começamos a viver uma vida juntos, acreditei que era com ele que eu teria os meus sonhos realizados, a minha própria família, um casamento feliz, e ainda iria me formar e ser uma grande profissional, mas esse sonho acabou não durando muito, ele continuou os estudos, conseguiu um emprego e foi lá que arrumou à amante.

E no final das contas, agora aqui estava eu, abandonada, sem trabalho e sem estudos, tendo que depender do que ele me dá e também passar roupas para os conhecidos para ajudar no lucro da casa, eu nunca tenho tempo e nem dinheiro para voltar a estudar, e agora sonhar já não era mais interessante para mim. Pois era difícil sonhar quando não se tem mais fé de que esses sonhos um dia possam ser realizados.

O barulho de campainha me fez acordar para a realidade, suspirei, levantei-me e fui até a porta, destranquei-a e a abri, deparei-me com minha melhor amiga e professora de minha filha, a Genevieve, ela sorria para mim, enquanto segurava a mão de minha filha Emily.

Eu tinha pedido para Genevieve trazê-la para casa, como morávamos próximas uma da outra, ela fazia esse favor de vez em quando para mim, principalmente quando eu estava com muita coisa para fazer, como hoje.

Nós duas éramos amigas há muitos anos, ela é meia irmã do meu ex-namorado Bernard Biers, Bernard é um grande amigo de infância, estudou comigo e chegamos a namorar por um tempo, até que brigamos, terminamos e eu me envolvi com John, e ele com Maggie Vladt.

JoshuaOnde histórias criam vida. Descubra agora