MEUS OLHOS NÃO CONSEGUIAM desgrudar daquele homem, instintivamente eu parecia atenta a todos os movimentos dele. Eu o acompanhava com o olhar, enquanto ele ia para um lado e para o outro da casa, reparando em cada cômodo, em cada detalhe, cada móvel, como se quisesse se familiarizar com o local.
E enquanto ele fazia isso, a minha cabeça girava, afinal, eram tantas perguntas que eu queria fazer a ele, mas parecia que eu não estava com coragem de perguntá-las, eu sabia que existia certo receio dentro de mim. Era o medo da verdade. Eu tinha medo de saber quem ele é. Pois eu sabia que se soubesse, talvez eu só teria ainda mais medo. E eu já havia aprendido que não era muito bom ter medo naquela situação.
Ele já havia me falado que seu nome era Joshua, mas eu não tinha total certeza se ele estava falando a verdade, talvez fosse o nome que ele usava para não descobrirem o verdadeiro. Ele poderia se chamar Bryan, Jeremy, Eric, ou qualquer outro nome. Ele tinha cara de Tom, porém, talvez só tivesse cara, eu mesma não achava que tira cara de Beatrice, mas esse ainda continuava sendo o meu nome.
— Seu nome verdadeiro é Joshua mesmo? – perguntei, quebrando finalmente aquele silêncio que já durava há alguns minutos. Aquele homem misterioso olhou para mim, enquanto ajeitava a sua arma em sua cintura, ele se aproximou, e umedeceu os seus lábios.
— Sim... Olha como eu tive confiança em você, até mesmo acabei soltando o meu nome verdadeiro, espero que você não quebre essa confiança que depositei, pois seria um tanto decepcionante para mim... — falou se sentando no sofá à frente. Seus olhos escuros até mesmo brilharam naquele momento, estranhamente era difícil de desgrudar os meus olhos dos dele.
Fiquei reparando por alguns segundos em cada detalhe de seu rosto, vi que aquele tal Joshua tem um rosto atraente, há traços extremamente masculinos, a pele pálida e o cabelo escuro também dava um contraste interessante, trazendo uma mistura perfeita. Ele era um tanto bonito, mas na situação em que eu me encontrava. De mocinha e ele de bandido, vamos dizer que isso não era grande coisa.
E logo os meus pensamentos já mudaram, só conseguia pensar em como sair daquela situação.
— Bom, você está com uma arma na cintura, então o que posso dizer é que querendo ou não, eu não tenho muitas escolhas a não ser te obedecer, não é? — disse, enquanto respirava fundo na tentativa de manter a calma.
— Olha só, boa garota, agora que tal comermos alguma coisa? Hoje ainda não comi nada, sabe! — falou, com desdém. Enquanto sorria para mim, achei o sorriso um tanto maldoso.
Levantei do sofá e então segui para a cozinha, logo escutei passos dele vindo atrás de mim, olhei para trás, e vi que ele se sentou à mesa e tirou a arma da cintura e colocou-a em cima da mesa. Abri a gaveta da cozinha, e logo segurei uma faca. Voltei a olhar para trás, tentada a arriscar.
Comecei a imaginar em eu o atacando, talvez o cortando de leve, apenas para pegar a arma e tomar o controle da situação, pensar nisso me fez até segurar a faca um pouco mais forte, mas na verdade eu logo percebi que não tinha coragem de puxá-la de dentro da gaveta e ir para cima dele.
— Ei, Beatrice... Está em outro mundo? — ouvi Joshua indagar, novamente o olhei e vi que ele me encarava com as sobrancelhas franzidas. Suspirei, e então me senti uma fraca naquele momento, principalmente porque eu acabei desistindo da faca, e no lugar peguei uma colher.
Eu não iria conseguir lutar com ele, além de eu não ter coragem de feri-lo, eu tinha medo dele me matar e deixar Emily sem mãe.
— Não, eu já vou fazer a comida, pode ser bife?
— Sim, tanto faz! – Ele falou com desdém e então eu fui me concentrar em fazer a comida, enquanto aquele homem ficou ali, praticamente me comendo com o olhar, eu até em um momento cheguei a me sentir como um animalzinho indefeso, enquanto era perseguida por um animal feroz.
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Joshua
RomanceBeatrice é uma mulher humilde, que após ser abandonada pelo marido, se vê obrigada a abandonar os seus sonhos para criar sua filha Emily de cinco anos de idade. Cansada, ela não tinha mais sonhos de ter uma vida diferente da que levava. Até que numa...