Capítulo 10

8 2 0
                                    

Algumas semanas depois...

SENTI ALGUÉM ME ABRAÇAR por trás, e beijar o meu rosto, sorri, pois sei de quem se tratava.

— Bom dia, meu belo adormecido! – a escutei falar, era a melhor voz que eu poderia escutar naquela manhã. Tanto que era impossível ouvi-la e não esboçar um leve sorriso, virei meu corpo na direção dela e lhe dei um selinho.

— Oi meu amor! — falei, ainda sorrindo e dando-lhe um leve selinho. Vi os seus olhos piscarem algumas vezes, enquanto ela bocejava e colocava sua branca e delicada mão em meu rosto, acariciando-o de leve.

— Sabe que dia é hoje não sabe? — falou para mim, então logo suspirei, enquanto o meu sorriso sumia de meu rosto, virei o meu corpo novamente, ficando de bruços e parando os meus olhos no teto do meu quarto.

— Eu sei, mas eu estaria mentindo se dissesse que eu estou animado com isso! – respondi sem conseguir olhar para ela de novo.

— Temos que nos alegrar, afinal, foi graças a uma dessas comemorações idiotas de meu pai, que nos conhecemos, não é? — Charlotte lembrou, e então eu a olhei novamente e vi que ela sorria para mim, de um modo que eu poderia considerar bem malicioso.

Nessas últimas semanas os churrascos na casa de Marcus começaram a se tornar uma droga, um dos motivos é que faz cinco dias que eu o avisei que iria parar de trabalhar para ele. Ele estranhou. Isso porque ele não sabe que estou namorando a filha dele, e vir com uma decisão dessas de uma hora para outra pode deixar qualquer um confuso, já que antes disso eu nunca tinha dado indícios a ele de que queria largar essa vida.

O plano de eu parar de trabalhar para Marcus fora de Charlotte, já fazia mais de um mês que estávamos juntos e desde a segunda semana de relacionamento ela estava vendo como iria resolver esse nosso problema. Na verdade, eu acreditava que não tinha como resolvê-lo, pois eu já imaginava que Marcus nunca iria aceitar o meu relacionamento com a filha dele, e eu até o entendia, não era nada ético envolver lances com negócios. Mas já havia acontecido e ponto final.

— Eu não sei para que a insistência de seu pai para que eu participe desse churrasco idiota, afinal, eu já disse para ele que vou sair do negócio! – falei. Não havia clima, Marcus havia ficado chateado, e já eu fiquei preocupado. Pois, eu me lembro ainda claramente que fora uma decisão parecida com essa que havia tirado a vida dos meus pais, e como dizem, nesse mundo era mais fácil de entrar do que de sair, não são todos que aceitam de boa, principalmente porque sabem que nós "sabemos de mais", era só eu abrir minha boca, que Marcus poderia ficar a vida inteira atrás das grades, não que eu tivesse com a intenção de fazer isso, mas com certeza essa preocupação deve estar passando pela cabeça dele.

— Pelo que o conheço ele vai tentar te convencer a continuar trabalhando para ele, você tem que deixar claro a ele que você não quer, fala que quer mudar de vida e que ele pode ficar sossegado que você não vai denunciá-lo, afinal, você também se ferraria se descobrissem essa sujeira toda... – Charlotte falou, virando totalmente seu corpo em minha direção, comecei a acariciar os cabelos dela, enquanto a olhava fixamente.

Charlotte havia se tornado como uma luz da minha vida, aquela pequena faixa de esperança de que eu poderia ter uma vida normal. Uma vida sossegada em uma casa com uma enorme varanda, um jardim imenso e cheio de pirralhos, andando para um lado e para outro, chamando Charlotte e eu de pais, não era um sonho que eu costumava ter, mas que começaram a nascer depois que ela entrou em minha vida.

Mas, eu sabia que não podíamos realizar esse sonho na vida que levávamos. Afinal, eu podia usar a minha vida e a de meus pais como exemplos, o crime não era o melhor ambiente para se ter um filho. Não queria uma criança em meio àquela lama toda.

JoshuaOnde histórias criam vida. Descubra agora