4- O Livro de Merlin

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O transito estava razoável, por isso não levaram muito tempo para chegar até o destino. Quando chegaram, Ravi pagara o táxi e ficaram de fronte a livraria. Harumi teve uma vaga lembrança de quando era mais nova, quando entrara para a livraria pela primeira vez. Não era costume dela frequentar a livraria e nem mesmo quando tinha as suas missões; geralmente pesquisava pelo site da livraria disponível apenas para os Caçadores.

       Aos olhos de todo mundo aquele estabelecimento era uma livraria comum. O encanto lançado sobre ele o tornava comum para muitos, até porque até certo ponto era como as outras livrarias e frequentada por Céticos também.

       Delfos era sempre encontrado na quarta fileira dos livros de ficção. Eles passaram reto pelo balconista que também era um Caçador, porém, como era costumeiro sempre que estivesse aí, Harumi foi pegar balas de cholate que sempre ficavam num pote em cima do balcão.

— Faz muito tempo que não vejo você aqui. — observou Sullivan, o balconista, era ele quem punha o pote ali, uma maneira divertida que usava para interagir melhor com quem entrasse na livraria,principalmente adolescentes e crianças.

— Trabalho nunca acaba! — ela respondeu, info atrás do parceiro.

   Delfos estava sentado sobre uma cadeira simples de ferro com pernas alongadas. Os pés cruzados, óculos até o nariz e um livro de capa vermelha sobre as mãos. Aquela calvisse e o cabelo grisalho com a simples barbicha eram facilmente reconhecíveis, quem o visse pela primeira vez julgaria que Delfos era uma criança fantasiada de velho, por conta de ser anão.
  
— O que faz uma inimiga mortal dos livros numa livraria? — indagou sem retirar os olhos de cima das paginas do livro. — Deseja ser morta pelos seus inimigos, menina Harumi? — gracejou, porém sem demonstrar um fio sequer de humor na voz ou no rosto.
  
— Ha, ha, ha. Engraçadinho, senhor Delfos. — disse ela impaciente por todo mundo se implicar com ela por não gostar de ler.
  
— Delfos, precisamos usar os seus livros. — Ravi se pronunciou.
  
— Eu sei — o velho respondeu, ainda com os olhos no livro. —, caçadores não vêm para a minha casa só por cortesia. — Folheou o livro e ajeitou os óculos. — Diga-me, rapaz... Do que precisam exatamente?
   
     Quando Ravi ia responder, se formara uma onda semelhante a produzida pelo magnetismo, junto apareceram pequenas partículas como cinza, e dela surgiu Prilacis junto de Harumi.
  
— Eu vou falar pela última vez, menina Prilacis Alexander Ceridwen. — o velho reitrou os olhos do livro e levantou da cadeira olhando para cima. — Use. A sua. Aptidão. Fora da minha livraria. Por aqui as portas existem para serem usadas para entrar em todo e qualquer lugar que as tenha. Entendeu?

     Prilacis sabia que não devia ter feito aquilo. Delfos odiava quando um Caçador usava sua aptidão na sua livraria, por mais simples que fosse.
  
— Desculpe, Delfos. — pediu demonstrando arrependimento. — Não era minha intenção, mas tinha que chegar rápido.

O velho bufou.
  
— Jovens. — Sibilou dando as costas. — Estão sempre com pressa e vivem correndo.
  
— Senhor Delfos, estou com fome! — falou Harumi.

Ravi lançara um olhar repreensivo para ela.
  
— O que foi? — levantou os ombros. — Você me tirou de casa sem ao menos me deixar tomar o pequeno almoço, esperava o quê?
  
   Ravi meneou a cabeça. Delfos se voltou para a sua cadeira, removeu-a do lugar e estendeu a mão contra a parede, no seu antebraço se vira a marca Druida. Um barulho se ouvira, e depois uma porta se abrira, dava acesso a um compartimento iluminado a luz de candelabros. Assim que Delfos passara pelo vão da porta sua forma mudara, deixara de ser anão, transformando-se num velhote com uma altura mediana. Apontou para à direita e disse para Harumi:
  
— Sirva-se.

      Tinha uma mesinha com doces iguarias sobre ela. Pudim, bolo e mais outros. A menina foi correndo para comer.
  
      A porta se fechara atrás deles quando entraram todos. O compartimento era vasto. Tinha varias prateleiras de três metros com livros antigos por toda a parte, o velho assentou atrás de uma escrivaninha e voltou a perguntar:
  
— Do que precisam? — Questionou se recostando no encosto.
  
— Precisamos saber de uma criatura sobrenatural que toca violino e depois mata as suas vitimas afogadas. — Harumi explicou de longe num único fôlego.
  
— O senhor já ouviu falar de algo parecido? — inquiriu Ravi.

ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora