Dos mais variados deuses antigos de Avalon, estava Shaiya, que da sua vontade gerou Arghos, e Valmar. Em Avalon abundava a bondade e paz. Mas Varghos queria algo mais do que ajudar os habitantes de Avalon; queria experimentar algo diferente e oposto ao riso, felicidade e amor. Então passou a fazer partidas com os habitantes da cidade, partidas que foram crescendo gradativamente: criando criaturinhas e causando ligeiros problemas em vilarejos.
Insatisfeito com as atitudes do irmão, Valmar começou a desfazer o que ele fazia; assim começou um "faz e desfaz" imparável que originou uma briga devastadora entre ambos. Daí, munido de ódio, Varghos usara sua Força maquiavélica em animais para criar monstros a fim de acabar com o irmão, dentre eles estava um que naturalmente se alimentava de sangue.
Meses após a batalha, Valmar venceu, destruindo o irmão. No entanto, uma de suas feras ficou vagando pela Terra; temendo que um dia o monstro viesse a prejudicar os habitantes, Valmar concedeu a sua Força para os habitantes de Avalon antes de voltar e se juntar a Shaiya, para que pudessem se defender dela...
Um dos alunos na sala levantou a mão, era um rapaz com o cabelo espetado e aparência gótica.
— Senhora... Leina — disse ele.
— De agora em diante é Professora Leina, por favor. — corrigiu a moça.
— Quem são exatamente esses dois irmãos?
Tendo em vista a pergunta óbvia, Leina olhou para o rapaz, mas considerou a questão por conta das variadas lendas concernente aos dois irmãos.
— Existem lendas no nosso povo que apontam Varghos como sendo o primeiro vampiro, mas um vampiro por excelência. Ou seja, vinham Varghos como sendo o deus vampiro, e seu irmão como sendo o primeiro lobisomem. Mas tudo isso, inclusive a história que contei há pouco é quase tudo atualmente nada mais que lenda. Ao longo dos anos muitos Bibliotecários importantes morreram e muitas informações se perderam, informações essas que nos ajudariam a saber na íntegra a origem de alguns sobrenaturais. Quando morre um Bibliotecário, morre com ele uma biblioteca inteira.
— Então a professora está dizendo que também a origem dos poderes dos druidas é desconhecida? — perguntou uma garota de óculos.
— Não! Eu disse há bocado que Valmar concedeu sua força, o que chamamos de mana, para os druidas, e não só, existem outros povos ao redor do mundo que também aprenderam a usar o mana. Mas na realidade, o que Valmar ensinou a nós mortais, é como extrair e manipular a força da natureza, seus elementos entre outros recursos. Por isso os outros povos não crêem que Valmar seja um deus, mas que era apenas um homem muito sábio. A natureza nos rodeia, sua energia, sua força, seu furor e tudo o que a compõe nos rodeia, sendo assim, faz parte de nós, e nós fazemos parte dela. O que principalmente nós os feiticeiros fizemos é moldar essa força que há dentro de nós e transformá-lá assim como usá-lá a nosso bel prazer. A isso os céticos passaram a chamar magia.
— Então qualquer um pode usar magia?
— Desde que aprenda previamente, sim. Porém, o factor sanguíneo é muito relevante. Alguns dos nossos anciões acreditavam que, além do conhecimento da "magia", Valmat tenha dado alguma coisa mais, mas, não se sabe o que possa ser.
Uma menina gordinha levantou a mão. Leina olhou para ela e deu permissão para que ela falasse:
— Onde estamos? — quis saber a menina.
— Estamos em Avalon, a terra de Merlin. Todos vocês especiais são descendentes do grupo de pessoas a quem Valmar concedeu o que hoje chamamos de mana. Com o tempo alguns saíram de Avalon se espalhando por algumas partes do mundo. — Leina levantou e ficou andando entre os espaços das cadeiras, não havia carteiras.
— E como nos encontraram e como sabiam que nós... Somos especiais? — perguntou outro aluno com sotaque russo.
— Bom, existem os descendentes puros, e os que chamamos de meio sangue, isso quando um dos pais não tem ascendência druida. Alguns dos vossos colegas que aqui estão foram enviados pelos pais, mas às vezes da-se o caso de que o sangue druida tenha pulado algumas gerações, nesse caso encontramos o indivíduo justamente quando desperta pela primeira vez as suas capacidades de usar o mana. — Ela pós as mãos nos bolsos da calça. — Todo final de ano, a gente vai aos continentes, pegamos os meninos que tenham despertado suas habilidades com magia, e com o consentimento de seus pais trouxemo-los para aprenderem a controlar e usar suas capacidades.
— Qual taxi a gente pega para chegar aqui? — foi uma menina de etnia caucasiana que perguntou.
Leina sorriu de leve, caminhara até o seu assento, voltara a cadeira de costas e sentara no encosto.
— Estamos em um local místico, é invisível aos olhos dos céticos, assim, só usando um portal é que alguém consegue chegar aqui. — respondeu. — Nem mesmo sobrevoando a ilha é possível vê-la, isso, claro, se a pessoa for um Cético.
— Quanto tempo a gente vai ficar aqui? — perguntou um menino rasta cruzando os pés.
— Três anos para concluírem o ensino médio. Um ano para se desenvolverem...
— Para quê exatamente?
— Vocês se tornarão Caçadores. Infelizmente, muitos dos que estudam aqui e se desenvolvem, se viram para o lado... do mal. Então a vossa resnponsabilidade e a de todos Caçadores é receberem missões para frustrar, evitar, e limpar os estragos deles e trazê-los para serem presos. Há uma sala com quadros em que consta a foto de todos Feiticeiros, Cavaleiros e até mesmo criaturas procuradas pela Irmandade. Depois vocês só precisam ler o Códex para se interarem melhor.
— O que a gente ganha com isso?
— Para cada missão, vocês receberão uma recompensa, em dinheiro, ou melhor, ouro! — todos ficaram felizes e os assovios ressoaram. Leina levantou a mão para que parassem. Continuou. — Esse dinheiro servirá para vocês mantiverem as vossa vidas enquanto Caçadores. Pode ser usado aqui ou fora, mas não podem usar com mulheres, drogas, álcool ou qualquer outra coisa ilícita. Se tentarem, o dinheiro desaparecerá das vossas mãos assim — ela estalou os dedos e a cadeira sumiu. — e consequentemente perderão tudo o que já haviam recebido.
— Eu sei fazer isso também. — falou uma garota de etnia africana.
— Pode me mostrar? — perguntou Leina.
A menina anuiu. Levantara, olhara para a cabeça de um dos colegas e fitou os olhos no boné fazendo-o sumir.
— Ei, trás o meu boné de volta. — resmungou o rapaz.
Ela olhou para Leina, depois para o garoto, acenou a cabeça e o chapéu reapareceu.
— Muito bem. — disse Leina. — Feiticeiros podem fazer isso.
Outra menina levantara a mão e disse:
— Eu posso atravessar objetos sólidos.
— Tipico de Cavaleiros! Essa é outra coisa que precisam saber, existem dois tipos de Caçadores, os Feiticeiros e os Cavaleiros. Se tiverem mais uma pergunta e como sei que têm, guardem-nas para amanhã.
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~ Obrigado por ter chegado até aqui, espero que tenha ficado curioso para conhecer mais deste novo universo.
Bem-vindo ao século XVII
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ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)
FantasíaQuando uma incomum energia sobrenatural é detetada no centro de Londres depois da fuga de um exímio Feiticeiro que há muito era mantido exilado, a Sociedade Merliniana descobre que a "porta" do submundo foi aberta, trazendo à tona a aparição de cria...