Harumi jazia em meio a escuridão. O local era frio e úmido. Ela tentava mas não conseguia se localizar, pois que a escuridão que a envolvia não ajudava. Então continuou a caminhar na esperança de poder chegar a algum lugar ou encontrar um ponto de luz, algo que lhe dissesse que lugar era aquele.
Quando seus passos sinuosos se retraíram, ela ouvira o que lhe parecera ser um grunhido bem perto do seu ouvido. Voltou-se com um breve suspiro, mas de nada lhe servira porque não enxergava nada. Em meio a tanto mistério começara a ouvir uma voz a monologar; falava o idioma da sua terra, mas eram um conjunto de palavras que não faziam qualquer sentido juntas. Decidiu seguir a voz. O medo começava a se manifestar fazendo o coração acelerar, de modo inesperado sentira algo tocar suas costas de maneira brusca que a fez cair, mas não era uma simples queda, Harumi sentira como se estivesse caindo de um abismo profundo e sem fundo. Seus gritos de desespero retumbaram como rugido de leão enquanto procurava algo em que se segurar, mas não tinha nada, apenas o vazio. Subitamente a queda parou com ela em pé, incólume e sem dores que poderiam ter resultado de uma queda de pelo menos 20 andares.
“Preciso... De ar” — soluçou pensativa.Às vezes acontecia isso quando ficava com muito medo; lhe faltava ar de tanto que era a pressão no peito. Respirou fundo, cada vez mais devagar até recuperar o fôlego. Geralmente não se deixava dominar pelos seus medos, mas desta vez era diferente, ela não conseguia evitar.
Ouviu o escancarar de uma porta. Um feixe de luz que se estendia do chão até o alto, semelhante a uma fenda que se evidenciou perto de onde ela estava. Perto da luz estava uma garota da mesma altura e fisionomia, chamou-a e adentrou. Não obstante ela foi atrás, cautelosa. Passara pela porta e seus olhos contemplaram um aglomerado de sombras e dois olhos gigantescos similares aos de uma fera. Retraiu os passos para trás ao vir quão enorme e maligna era a entidade diadiante seus olhos; sua fuga foi impedida quando algo espesso e frio envolveu sua cintura e a levantou com brusquidão trazendo-a até si. Então a garota viu uma grande boca se abrir e exibir uma fileira de dentes afiados como espadas.
— Não, me solta! — ela pediu.Mas a entidade sorriu maliciosa e a jogara no que pareceu ser uma parede cheia de picos de aço aguçados que lhe atravessaram o corpo.
— NÃO! — Gritou a metiza ao despertar do sono. Estava agitada, assustada e com frio, mas algo era estranho, Harumi não estava em casa. Aquilo já não era Londres.* * * *
— Como assim você não sabe onde ela está, você estava com ela. — disse Lucian encarando Ravi.
Ravi notou a preocupação patente na voz de Lucian que ele não se importara de fazer transparecer.
— Eu deixei ela dormindo em casa. Hoje de manhã liguei mais de três vezes e não me atendia. — contou Ravi em sua defesa com o nervosismo clarificado na voz. — Harumi nunca demora tanto para atender o celular. E... Quando cheguei em casa dela estava tudo revirado.Prilacis franziu a testa.
— Como assim revirado? — perguntou. — A casa foi assaltada?Ravi negou com a cabeça.
— Não foi assalto...
— Então o que foi? — Lucian esbravejou.Ravi arqueou a sobrancelha com um olhar zangado.
— Não fale comigo como se...
— Parem vocês os dois! — ordenou a Feiticeira. — Se quiserem podem marcar um encontro os dois para depois de tudo isso e briguem à vontade. Mas agora a prioridade é saber o que aconteceu e onde está a Harumi?
O rapaz se acalmou ainda com um olhar de escárnio direcionado a Lucian, que retribuía de bom grado. Algo na Feiticeira lhe dizia que aí havia mais do que uma rixa por serem inimigos naturais, pareciam inimigos e rivais que já tinham tempos de rixa por algo mais do que apenas rivalidade entre as espécies.
— Pois bem — Prilacis continuou. —, prossiga.
— A casa estava revirada como se tivesse tido uma briga, as paredes estavam com marcas de garras enormes.
— Garras?! — exclamou Lucian.
— Sim. Garras! — respondeu.
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ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)
FantasyQuando uma incomum energia sobrenatural é detetada no centro de Londres depois da fuga de um exímio Feiticeiro que há muito era mantido exilado, a Sociedade Merliniana descobre que a "porta" do submundo foi aberta, trazendo à tona a aparição de cria...