ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)

15- Diga-me Quem Eu Sou

Lucian apertara a cintura da metiza como se a quisesse proteger de algum perigo enquanto entrelaçava seu lábios nos dela, por sua vez, os dedos da menina deslizavam pela nuca do jovem vampiro; seu desejo era beijá-lo até não poder sentir mais os lábios, aquele frio a fazia não desistir de agarrada a ele mesmo quase ficando sem ar... À medida que a intensidade do beijo ardente diminuía, os lábios do rapaz se curvavam num leve sorriso apaixonado correspondente pela sua amada.

    De maneira ligeira a menina foi baixando os braços do rapaz e repentinamente... Lucian fora jogado como um tecido de pano para o alto. Usando suas proezas vampíricas o rapaz se prendeu no tronco da árvore.
  
— Quer me acompanhar? — disse a menina olhando quase na copa da árvore em que estava o rapaz.
  
— Acha que pode me acompanhar? — indagou Lucian lá do alto.
   
Como resposta a menina levantou os ombros divertida.
  
— Acha que consegue me acompanhar? — retrucou.

   Lucian soltou as mãos e saltou da árvore fazendo as folhas secas saltarem na sua aterrisagem. Trajava uma capa de ombreiras duras e gola alta, retirou a capa e jogou no alto. Tomaram posição os dois, e quando a vestimenta tocara o solo, as folhas no chão se levantaram como se uma onda de vento tivesse passado por elas.
  
   E lá estava o jovem casal, passando entre as árvores como o vento inquietante antecedendo a tempestade. Mais à frente eles avistaram um desfiladeiro, olharam um para o outro e sorriram condescendente, ao chegarem no limite do solo saltaram os dois em conjunto. Ao aterrisarem Lucian tropeçou, o que consequentemente o fez atrasar, por sua vez, a metiza prosseguiu. Lucian foi atrás estando agora diante de um monte, lá no alto ia a garota subindo incansável até alcançar o pico. Entretanto o garoto subiu igualmente o monte e a alcançara no pico.

    A menina estava arquejante, jazia perto da borda do monte avistando a paisagem além... O verde das árvores fazia com que a beleza de tudo fosse mais chamativo, os pássaros voando a copa das árvores, o céu azul-claro e sem nuvens deixando o sol resplandecente brilhar sobre aquele mundo cheio de vida. Lucian chegou perto tocando o ombro da menina, tocou-lhe o rosto enquanto apreciava os olhos que traziam chamas no seu interior; o vento soprou forte e, consigo, trouxe o doce aroma das cerejeiras ao redor assim como as suas pequenas flores que se espalharam no ar como pequenos e cristalinos flocos de neve.
  
— Perdeu de novo! — declarou a menina sorrindo.
  
— Para ter você aqui comigo eu perderia o que fosse preciso.
 
    Lentamente seus olhos se fecharam, e leve como a pena de um pavão levada pelo vento seus lábios se encontraram;
  
— Está triste de novo, o que houve desta vez? — Yuki chegou perto da borda do terraço junto de Lucian. Quando ficava exposta ao sol o seu cabelo resplandecia, tanto quanto a neve no inverno.
  
— O feitiço se deteriorou. — respondeu. — Não por completo.
  
— Ela lembrou de tudo?
  
— Ainda não. Ela virá atrás de respostas. E eu estarei aqui para dar a ela.

   Yuki abaixou o rosto meio tristonha, bateu de leve duas vezes no ombro de Lucian e se retirou.

* * * *

Novamente saiu um sussurro do portal que Leina abrira, o que sucedeu a aparição de uma entidade espectral. Era totalmente azulada e tinha a aparência de um urso com tromba de elefante. Ele se voltou precisamente para Harumi, foi levitando até perto dela e pôs a tromba sobre a cabeça da metiza.

    A aura azul de Baku envolveu Harumi como um manto; ficou assim por alguns minutos até o corpo dela voltar ao normal, seus olhos voltaram a ser como dantes, as pálpebras já não estavam escurecidas, os cortes nos braços cicatrizaram. Ela finalmente despertou, Baku retirou a tromba da cabeça e deu um sorriso leve como sinal de satisfação pela refeição, saiu levitando em direção ao portal e sumiu no ar.
  
— Harumi! — Disse Ravi correndo para abraçá-la, mas parou no meio do caminho quando Harumi afastou um pouco. — Aquelas imagens ainda flutuavam na sua mente.