14- Kushisake Onna

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Os últimos dias de Harumi passaram de ser agitados para atormentadores; isso era frequente, alucinações e mais. Em todo o lugar ela via versões aterradoras de si mesma, às vezes com o rosto monstruoso, caninos pontificados como um vampiro. As noites não estavam sendo as melhores, às vezes não dormia quase nada. Desde há noite que enfrentaram a Hidra tudo havia piorado, a mente de Harumi parecia um lugar obscuro albergando a pior das criaturas.
   
   Pela manhã ela pegara o livro sobre a dieta dos vampiros e pô-lo na mochila. Até então ainda não tinha terminado o outro que estava sobre a cômoda, quando teve ele sobre as mãos lembrara que Lucian lhe dissera que não era o último até então assumindo o posto de Patriarca dos no clã Blood Mary dos Varcolaci. Deixara o livro e saíra porta fora depois de ter ligado para chamar um táxi. Ficou na beirada da estrada esperando até que o elegante Porsche preto estacionou diante dela, o vidro abaixou.
  
— Anda me viagiando agora? — disse Harumi abaixando para ver pela janela do carro.

Lucian a olhou com o mesmo sorriso de sempre.
  
— Digamos que um passarinho me contou que você ia ficar com desgosto de ler o livro sobre a dieta da minha espécie depois das informações cem por cento credíveis que dei a você e, iria a livraria devolvê-lo.

  Harumi deu um sorriso nasal e entrou no carro depois de a convidarem. Lucian notara o silêncio dela durante o trajeto todo, o que era estranho pois Harumi falava sempre. Mas ele não rompeu o silêncio, preferiu deixá-la pensativa como estava.

   Acompanhou-a até dentro da livraria. Como sempre acontecia, ela saudou Sullivan e pegou umas balas que estavam no pote em cima do balcão e rumaram à câmara. Delfos recebeu o livro e a menina foi ter com Lucian que ficara olhando os livros nas estantes.
  
— Me leva para casa? — perguntou. Lucian não tirou os olhos de cima do livro que tinha nas mãos. Harumi recebeu o livro e viu do que se tratava. — Vampiros?! Sério? — riu.

Lucian deu de ombros.
  
— Como os mortais conseguem escrever tanta besteira sobre a minha espécie? Vampiro que assume a forma de morcego? Sério? Não tinha mais outro animal a não ser este?
Harumi devolveu o livro a estante.
  
— Morcegos vampiros são os únicos animais depois dos mosquitos que se alimentam de sangue. Se não fosse o morcego seria o mosquito. — riu zombeteira. — E tecnicamente vocês vieram de um deles, então não reclama. Perguntei se pode me levar para casa.
  
— Não, quer dizer sim. Mas depois.

— Como depois?
 
— Antes eu vou levar você para um lugar. — Estendeu a mão para ela. — Só vai descobrir o que é se vier.
Harumi franziu a testa desconfiada.
  
— O que você está aprontando, Lucian Varloc? — Segurou a mão e quando sentiu a frieza dela, a sensação de dejávu lhe veio a mente, mas não fora apenas isso, uma vaga imagem vislumbrada passara pela sua cabeça, mas não deu importancia e expulsou tais pensamentos da mente.
  
— Aprontar?! — Lucian indagou se fazendo de ofendido. — Eu sou a alma mais pura com a qual você poderia estar hoje.

   Involuntariamente uma risada fora arrancada de Harumi. Saíram, porém a companhia de Lucian perguntou o porquê de irem a pé tendo em conta que o exibido vampiro estava com o carro bem ali.

— Eu já estivesse em vários países, mas Londres tem algo de especial para mim.
  
— Um amor milenar? — Deduziu Harumi. Lucian não respondeu, o que fez com que o "Sim" preenchesse o seu silêncio.
  
— Caminhar é bom — mudou de assunto. —, se você for de carro não poderá apreciar a vista da cidade na íntegra. Mas, caminhando você poderá desanuviar, esquecer dos pesadelos e de todos os outros problemas. E você tem cara de quem precisa desanuviar.

   Harumi se viu sendo arrastada pela pela cidade. Claramente Lucian tinha razão, ela precisava desanuviar, precisava esquecer dos nebulosos pensamentos, pesadelos e alucinações que estava a ter nos últimos dias. Outro sim, também, é que ela percebera que nunca saíra para passear pela cidade. Carnaby Street era considerada um dos locais mais "cool" de toda a Londres, não só pelas variadas lojas das grandes maiores marcas de roupa e muito mais, mas também pela quantidade de músicos de rua que se encontravam espalhados por ela.
   
— Vamos? — Lucian tomou-a pela mão e levou-a diante de um dos músicos que lá estava a interpretar Sia Magic.
 
   Ficaram ali até a música terminar, calma e extremamente comovente ao ponto de trazer lembranças milenares a Lucian. Logo mais, saíram para contemplar as pubs Shakespearianas e lojas de antiguidades ao redor.
  
— A propósito — Lucian chamou atenção de Harumi ao passo que caminhavam ao mesmo passo pela faixa de pedestres. —, você não devolveu o meu sobretudo.

ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora