DIÁRIO DE UM VAMPIRO

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Naquela noite eu a vi pela última vez. Desacordada, cansada... Eu a amava, como ainda amo e amarei por toda a minha eternidade.
   
   Eu prometi a Taiyou sama que a deixaria, mas, quando já ia embora eu não consegui, por isso voltei para vê-la uma última vez, antes de tudo acontecer, antes de o meu rosto sucumbir como vento embatendo numa muralha. Por isso implorei que me deixasse vê-la. Eu a vi, e ela me viu, sorriu para mim embora fraca e eu sorri para ela... Seu rosto pálido como papel opaco, e o sorriso tão belo como a ascensão do Sol exibindo a extrema e esplendorosa Beleza da Primavera depois de um longo e incansável inverno me encantaram; encantaram os olhos deste ser obscuro sedento de sangue.

   Desde a primeira vez que percebi que a amava, que amava a Beleza da Primavera, eu soube que, mesmo que se passassem séculos e séculos, estação após estação, se a vida não me deixasse, eu a continuaria amando como nunca amei ninguém...

 — Nos veremos algum dia? — ela perguntou, com os olhos fixos nos meus. — Ficarei sozinha.
  
— Não, não estará. Quando as ondas do mar se levantarem, serei eu a erguer um escudo para te proteger. Quando o sol nascer, serão os meus olhos arregalados olhando para você dia após dia. E quando o vento soprar, serei eu afastando o mal de você. E quando a lua se erguer... — sorri abafado. —, e você deitar e fechar os olhos, você vai me ver, eu estarei lá. Então sim, nos veremos de novo. E eu prometo. Você não vai ficar sozinha. Por que você... É a minha Primavera.

10/05/1987
LV...

ARCONTES-Livro 1 (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora