↬ ᏴᏞᎪᏟᏦ ՏᏔᎪΝ • ᴄᴀᴛʀᴀᴅᴏʀᴀ

↬ ҒϴႮᎡ

A garota sentiu o gosto da bile na garganta, quando viu o rapaz passar pela porta do vestiário. Era aula educação física, então estava fadada a ter que aturar aquela praga perto de si. No canto, viu Adora, perto da arquibancada. Usava legging preta e regata cinza (padrão do uniforme), e sabia que ela apenas faria os exercícios de alongamento, depois ficaria sentada, lendo ou fazendo qualquer coisa do tipo. Junto dela estava Penelope, ou Perfuma (apelido dado pelo fato dela sempre cheirar à flores frescas, afinal tinha uma floricultura que herdara dos pais).
Perfuma era extremamente de bem com a vida, odiava violência e amava a natureza. Praticamente uma hippie. Seus cabelos loiros e cacheados eram longos, sempre enfeitados com presilhas coloridas de flores.

Catra desviou os olhos quando Adora olhou na sua direção. Infelizmente isso a fez dar de cara com Riordan Prime.
O filho da puta lhe sorriu de lado, expondo os dentes perfeitos. Seus olhos verdes brilhavam de forma perversa, e a morena sentia-se presa naquele olhar. Não de forma boa, é claro.
Engoliu em seco, mas não demonstrou medo. Se tinha uma coisa que aprendera durante seus primeiros dez anos de vida, era que nunca devia demonstrar fraqueza ou estar minimamente intimidada.

Mas logo a treinadora chamou a turma pra começar os alongamentos, e todos ficaram entretidos em acompanhar os exercícios que ela indicava e conversar entre si.
Realmente... só Catra não fazia dupla ou grupinho com ninguém, mesmo que companheiros do time, ou “fãs”, tentassem se aproximar. 
Sempre preferiu ficar sozinha. Não confiava nas pessoas em volta. Toda vez que se apegava à alguém, sempre era abandonada. Suas mães foram uma gloriosa exceção, e ela não acreditava que pudesse ter a mesma sorte duas vezes.

E claro que sempre saía com o pessoal, principalmente com Lonnie e seus namorados, que eram os mais legaizinhos que tinham no time. Saíam pra algumas festas, bares, iam ao cinema, entre outras coisas de adolescentes fazem. Não os considerava próximos o suficiente pra serem amigos, mas era o mais perto que tinha disso.

Agora, Prime era seu problema real.
Pegava no seu pé desde que fora convidado a sair do time por mal comportamento com os colegas (em resumo ele tinha dado um soco no nariz de Rogelio sem mais nem menos). Riordan era o tipo riquinho nariz em pé, encrenqueiro e mimado. Típico garoto rico que banca de malvado. No caso dele, Riordan realmente sabia como ser cruel.
Por ser o melhor jogador, era capitão do time quando saiu. Catra, que tinha entrado pra equipe no ano anterior, fora colocada no lugar dele quase que imediatamente.

Obviamente o garoto a marcou como inimiga.

Sacudiu a cabeça, se obrigando a parar de pensar nos últimos meses. Não valia a pena.
Estava ali por esforço próprio, e não era um idiota com problemas de ego que a faria fraquejar. Respirou fundo e prestou atenção na treinadora, que agora explicava a próxima atividade. Pelo canto dos olhos, percebeu Adora ir para as arquibancadas. Era impressão sua, ou a loira estava mancando?

— Catherine e Sean, tirem as equipes — a treinadora mandou, o que a fez se concentrar ali.

[...]

Catra se certificou de que estava sozinha, mesmo que temesse silenciosamente que Riordan se aproveitasse disso. Respirando fundo, se despiu e entrou em uma das cabines, ligando o chuveiro na água morna. Os músculos se retesaram antes de relaxar... pelo menos não teria treino, e podia voltar pra casa mais rápido, afinal estudar com Adora não levava mais que três horas.

Aparentemente, a loira também tinha seus compromissos.
Terminou de tomar seu banho, desligou o registro e puxou a toalha da porta, se enrolando nela pra sair da cabine. Não percebeu que alguém entrava no vestiário naquele mesmo momento, não até a outra pessoa soltar uma exclamação um tanto alta.

— Desculpa, desculpa, eu achei que estava vazio!

Era Adora. Ela escondia o rosto com as mãos, mas Catra pôde ver as orelhas vermelhas. Seu rosto também queimava, e a vontade era de expulsar a garota no grito. E foi o que fez, ameaçando tacar a saboneteira nela.
Se trocou na base do ódio, penteando os cabelos com pressa logo depois. Quando saiu do vestiário, Adora entrou, dizendo que a esperasse na biblioteca.