↬ ՏᏆХ

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Catra só queria se esconder ali naquele banheiro e chorar, tipo, pra sempre

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Catra só queria se esconder ali naquele banheiro e chorar, tipo, pra sempre. Não devia ter baixado a guarda... se permitir estar com outras pessoas era um erro. Foi um erro permitir que Adora e Adam vissem sua faceta mais amigável.
Ninguém nunca ia gostar dela. Não de verdade. Eles não tinham interesse na sua amizade. Era puro fingimento.

Ninguém gosta de pessoas como você, Prince — aquelas palavras acertaram seu coração como facas. — Ainda mais pessoas brancas e perfeitas. Você, no máximo, é uma distração para diverti-los. E quando se cansarem, vão jogar você fora... como a puta da sua mãe biológica fez. Porque, no fundo, ninguém nunca vai te amar. E a única culpada disso, é você.

Tampou os ouvidos, mesmo que aquilo ecoasse pela sua cabeça. Sentia a pele arder onde acabara de arranhar, e seu peito doía com o esforço de ficar em silêncio. Queria gritar, mas sabia que não podia. Não se quisesse ficar escondida ali.
Jogou água no rosto e se curvou sobre a pia, evitando se olhar no espelho.

Como era possível sofrer tanto?

Prime sabia exatamente como e onde tocar para que ficasse quebrada. Sabia exatamente o que dizer para deixá-la à beira de uma crise. Sabia seus pontos fracos, e era quase como se vigiasse seus passos.

Mas em uma coisa ele tinha razão: ela devia ficar sozinha.

— Ei, você está bem? — escutou uma voz doce e genuinamente preocupada, e levantou o rosto para olhar quem quer que fosse.

Era Scarlett Jewel, do time de basquete. O que tinha de tamanho, também tinha de simpatia e fofura. Sua aparência forte escondia um coração puro e cheio de amor.
Mas nem isso era capaz de tocar a menor naquele momento.

— Não é da sua conta.

— Tem razão, não é — a grandalhona desviou os olhos negros. — Mas você está com os braços sangrando, então achei que precisasse de ajuda...

— Eu NÃO preciso de ajuda! Não preciso de nada, nem de ninguém! Some da minha frente! — viu a garota piscar lentamente em surpresa, e depois sair. Notou o abatimento no rosto dela, mas pouco se importava naquele momento.

Nada importava.

[...]

Catra sentia o olhar incisivo de Scarlett sobre sua pele, durante todo o horário de aulas. Sabia que a platinada a observava, e odiava isso com todas as forças. Odiava que sentissem pena de si. E foi exatamente isso que flagrou no olhar dela, quando se cruzaram duas ou três vezes.
Ao menos, ela parecia não ter contado pra ninguém.

Seus braços ainda ardiam como o inferno, por baixo da jaqueta. O forro pegava nos cortes e o atrito fazia doer. Não tinha reparado que as unhas estavam tão grandes. Mas a dor a lembrava de quem era. E de quem devia se manter longe.

Pegou um atalho até a biblioteca, seu psicológico não aguentaria mais uma sessão de Riordan Prime... claro, se ainda tivesse psicológico.

— Ei, você está atrasada — a voz amistosa de Adora a fez fechar mais a expressão. — Isso é tão empolgante, é sua última semana de reforço comigo, e você já conseguiu recuperar a maioria das suas notas! Aposto que você consegue recuperar o resto nos trabalhos dessa semana!

— E eu aposto como você está pulando de alegria pra se livrar de mim — Catra ergueu uma sobrancelha, sarcástica. — Pode admitir, você não via a hora.

— Isso não é verdade, Applesauce.

— Foda-se. Vamos logo com isso, eu quero ir embora mais cedo, já que não vai ter treino.

— Certo — a loira murchou a expressão, puxando o livro de sociologia. Não que a menor tivesse visto isso.

Adora lhe explicou tudo o que precisava sobre a matéria, mesmo que não demonstrasse o mesmo entusiasmo que teve na sua casa. Ficou em silêncio enquanto Catra respondia os exercícios, e não fez nenhum comentário enquanto os corrigia.
Catra estava olhando pro nada, evitando encarar a mesma. Estava tentando se conter ao máximo. Só queria ir embora, talvez se tomasse um banho e dormisse, teria a sorte de morrer durante o sono.

— Huh, Catherine... você errou uma coisa aqui, e... meu Deus o que aconteceu com seu braço?!

Antes que Catra pudesse se manifestar, a loira já tinha exposto todo o seu braço direito. Por acidente, a latina tinha arregaçado as mangas, e exposto os vergões e cortes, além de algumas das muitas cicatrizes. Adora a olhou, horrorizada e com pesar. Catra se afastou brutalmente, levantando da cadeira.

— Para de me olhar assim!

— Catherine... o q-que aconteceu com o seu braço? Você precisa de ajuda? Pode contar comigo, eu vou te levar pra enfermaria e...

— Eu não vou à lugar nenhum! —ela se afastou ainda mais. — Eu não preciso de ajuda. Eu não preciso de você! Você não cansa de se intrometer onde não é chamada?

— Você claramente precisa limpar esses machucados... foi... você que os fez?

— E se tiver sido? Vai fazer o quê?! Você não tem nada a ver com a minha vida! Nós NÃO SOMOS AMIGAS, ADORA! PARA AGIR COMO SE ME CONHECESSE!

— Eu estou agindo como uma pessoa que quer ser sua amiga! — Adora também se levantou. — Estou agindo como alguém que quer te ajudar!!

— Você não pode me ajudar! Não sei se você percebeu, senhorita Grayskull, mas nem todo mundo nasce em um berço de ouro e tem uma vida perfeita!

— Eu nunca disse que todo mundo tem uma vida perfeita, nem a minha vida é perfeita!

— Me poupe, Adora — Catra riu seca, os olhos marejados e anos de mágoa entalados. — Você não tem ideia do que é ser como eu! Você é BRANCA, Adora. Com seu irmão e seus amigos perfeitos, carro perfeito, sua vidinha perfeita não passa de uma putinha da sociedade! — apontou para o peito dela, a empurrando com o dedo. — É uma princesinha que não precisa fazer nada pra ter o mundo a seus pés, uma vadiazinha de merda que nunca vai entender o que é ser “suja” como eu. Nunca vai ser julgada pela cor da sua pele, ou por não ser da nacionalidade certa. Então não venha com suas hipocrisias pra cima de mim! — se afastou, finalmente se dando por satisfeita.

Foi então que viu o estrago que fez.
Adora chorava, tentando desesperadamente secar as lágrimas que insistiam em escorrer dos olhos azuis.

— Eu... realmente só queria tentar te ajudar... — a loira murmurou entre soluços. — Eu nunca quis... desculpa se eu forcei alguma coisa...

Ela mancou até a mesa, jogando suas coisas de qualquer jeito na mochila, e puxou o casaco que estava na cadeira. Olhou para Catra, parecendo magoada, e saiu, ainda mancando, sem olhar pra trás.

Alguma coisa lhe dizia que deveria ir atrás dela. Mas não foi.
Daquela vez tinha entendido que não era sua “raça” ou sua nacionalidade que afastava as pessoas.
As pessoas se afastavam porque Catra as machucava antes que elas pudessem machucá-la.

E no fim, ela finalmente fez com que Adora desistisse de si.

°·..·°¯°·..· ⚔️🌈 ·..·°¯°·.·°

Me desculpem por isso, mas foi necessário.... (me sinto o Thanos poxa 👀)

Enfim, dedico esse capítulo para minha namorada, lógico, e também pra alguém que me ajudou pra caralho a desenvolver o capítulo:  kekalove12, minha rainha do drama (olha com todo respeito 😳💕).

Espero que me perdoem. Amo vcs ❤

↬ ᏴᏞᎪᏟᏦ ՏᏔᎪΝ • ᴄᴀᴛʀᴀᴅᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora