FRAGMENTOS

Capítulo | 11

- Você tem certeza? - O tatuador pergunta pela milésima vez.

- Tenho. - Sou firme na resposta. Provavelmente ele já tatuou nome de pessoas no corpo de muita gente, deveria ser normal.

E se eu puder eternizar James de alguma forma em mim, eu farei.

Pedi pro James me esperar fora da sala, eu quero que seja surpresa, acho que ele nem lembra que me pediu isso.

Fecho os olhos quando escuto o barulho da máquina.

- Talvez doa um pouco. - A tatuador avisa antes de tocar a agulha na minha pele.

Aperto os olhos enquanto me acostumo com a dor.

- Quer que eu vá mais devagar? - Ele para por alguns segundos.

- Não. - mordo o lábio com força, quanto mais rápido melhor.

Ele recomeça, eu sinto algumas lágrimas caírem, mas não era pela dor causadas pela agulha na minha bunda, mas sim pelo motivo que me fez fazer isso.

- Talvez você odeie na mesma proporção que vai amar.

O aviso enquanto ele fecha a porta do meu quarto.

- Não me diga que você escreveu meu nome na sua bunda? - Ele brinca, mas logo fica sério ao perceber meu semblante. - Caralho.

James ri.

- Fica de quatro. - Ele pede, apontando pra cama.

- James. - O repreendo, mas sem segurar a merda do sorriso. - Voce não viu tudo, talvez você realmente não goste de uma parte.

Solto um longo suspiro enquanto fico de costas pra ele e levanto o vestido. O silêncio dele me deixa nervosa.

Eu optei por uma tatuagem com letras finas, que aliais são muito bonitas, o problema era que eu tatuei Thomas James, no entanto, em cima do Thomas tem um x vermelho.

Eu não me arrependo nadinha.

- Por que você não me avisou que faria isso? Eu poderia ter tatuado o seu na minha. - Ele soa indignado.

- Então isso quer dizer que você gostou? - Olho pra ele e sorrio ao vê-lo sorri também.

É, ele amou.

- Que bom, agora eu preciso de cuidados, está doendo bastante.

- Pode deixar, vou cuidar muito bem dela.

Acordo por causa da claridade do quarto, rolo para o outro lado da cama, me lembrando que James estava dormindo comigo.

Procuro ele pelo quarto, o achando na minha escrivaninha, concentrado em alguma coisa que escrevia.

- Não me diga que você está fazendo trabalho da faculdade a essa hora. - Tombo a cabeça para conseguir enxergar a hora. - são três da manhã?!

James ri baixinho, nem se dá ao trabalho de me olhar.

- Você se lembra de quando você brigou comigo e ficou uma semana sem falar absolutamente nada?

Ele pergunta ainda concentrado no que fazia. Eu sorrio, me lembrando muito bem disso. Tínhamos 10 anos e ele se negou ir pegar doces comigo no Halloween, porque queria ir com Vaiolette, nossa antiga vizinha.

Ele não queria que eu fosse porque estava afim dela, eu fiquei Indignada já que todos os anos antes daquele, tínhamos ido sempre juntos.

- É, você foi um idiota.

- Eu sei, mas você nos fez conversar por cartas toda essa semana. - Ele ri, balançando a cabeça de um lado para o outro. - Eu achei elas um dia desses, sua letra era horrível.

- Então você vai fazer a gente conversar por cartas como vingança?

- Quê? Não, eu merecia aquilo. - James afirma, deixando a caneta de lado e finalmente fixando sua atenção em mim. - Mas você foi péssima nesse castigo.

- Não me julgue. - Bufo, me deitando de bruços e apoiando minha cabeça nos meus punhos. - Então o que você está escrevendo aí?

- Coisas que não to afim de dizer.

- Mas então porque está escrevendo? - Pergunto, sem o compreender.

- Porque quero que você saiba. - Ele da de ombros. - Mas não agora.

- Quando? - Me arrependo segundos depois, quando percebi que teria que lê-las quando ele não estivesse mais aqui.

- Quando eu morrer. -Ele morde o lábio inferior. - Quer ir tomar sorvete?

- Quero, mas já é três da manhã.

- É vinte quatro horas aberto. -ele insiste. - Eu pago o maior pote pra você.

Eu dou um pulo da cama, sorridente.

- Você está sendo um ótimo marido nesses dois dias. - Zombo.

- Obrigada esposa, estou me esforçando.