Desencontro

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 KILLIAN

Cheguei em casa só pra descobrir que meus pais tinham esvaziado meu guarda-roupa, bufei irritado, recebi uma mensagem da minha mãe dizendo para encontra-los no restaurante do hotel que estavam hospedados, porque não me esperaram aqui? Irritado peguei a chave do carro e sai de casa.

 Entrei no restaurante e logo os avistei em uma mesa próximo a janela, caminhei até eles e me sentei desleixado, olhei para a ótima vista que tinha daquela janela, a cidade escurecia e as luzes já estavam acesas.

- Não cumprimenta mais seus pais? - indagou meu pai sério

- deveria? qual foi a última vez que se falamos? achei que não tivessem mais filho 

- Você sabe que estamos ocupados trabalhando - minha mãe tomou um gole da sua taça de vinho e voltou me olhar para dizer - aliás você tudo o que tem por causa do nosso trabalho

travei o maxilar, eu só tinha 19 anos e estudava em tempo integral, não tinha tempo para trabalhar e ser independente, depender deles nunca foi um problema, pensava que era uma forma deles compensarem a ausência que tiveram durante toda sua vida. Mas parece que não era assim que pensavam afinal, para eles eu era só um peso indesejado

  - Qual o motivo de terem vindo aqui então? - disse depois de um suspiro

- Pensei que já tivesse percebido, você vai vir morar conosco em Londres, o vice-presidente do nosso hospital adoeceu e ficará afastado.

- E o que eu tenho haver com isso?

- Pelo amor de Deus Killian, preciso de alguém de confiança para ocupar o lugar até ele voltar, nem pense em recusar ou provavelmente ficará na rua - o rosto sombrio do meu pai dizia que ele não estava brincando e o conhecendo bem, eu não duvidava nada que faria isso.

- Quanto tempo? - perguntei, ainda tentando encontrar uma solução, mas ela não veio.

- Dois meses ou o tempo que for necessário.

- E a faculdade ?

- Já falei com eles você estudará esse tempo no Imperial College.

 Ele já tinha premeditado tudo e eu pego de surpresa não tive outra saída se não concordar.


Emma

Acordei no outro dia exausta, tinha demorado para conseguir dormir, e pra piorar minha ansiedade, Killian não me mandou mensagem avisando se havia chegado, imagino que sim e tentei me convencer que a bateria devia ter acabado por isso não pode me mandar nada.

  Desci as escadas já era quase hora do almoço, bocejei e dei bom dia pra Henry estava sentado no sofá lendo, ri pensado que quando esse menino estiver com a minha idade já vai ter lido uma biblioteca. Entrei na cozinha e minha mãe estava assistindo algum vídeo de receita no tablet com meu pai.

 - Bom dia mãe, pai 

- Bom dia queria, dormiu bem? fui te acordar, mas parecia estar num sono muito bom - disse minha mãe se levantando para pegar alguns ingredientes no armário. 

- É dormi bastante - ri sem humor, ela não precisava saber que tive insônia.

- Seu amigo chegou bem? - perguntou meu pai, que parece ter gostado muito de Killian, pelo jeito a única pessoa que ele gostava de irritar era eu, com outras pessoas ele podia ser um anjo se quisesse.

- Ah sim, a viagem é curta - outra mentira, mais que esperava que fosse verdade.

Depois do almoço subi para arrumar as coisas para ir para o aeroporto, meus pais fizeram questão de me levar. Olhei para o visor do meu celular e não tinha chegado nada, já estava indo do estado de preocupação para irritação, o que custava responder mensagem que mandei perguntando se estava tudo bem.

 Desci as escadas, em poucos minutos saímos de casa, chegamos no aeroporto.

- Sua visita é sempre relâmpago hein - reclamou minha mãe - mas estou feliz que veio, agora só no natal, mas o bom é que vai ficar mais tempo conosco.

- Tenha uma boa viagem filha - meu pai me abraçou - ligue quando chegar ok?

- Certo, pode deixar - respondi enquanto abraçava minha mãe.

 Henry ainda parecia meio tímido, olhando ao redor sem saber o que fazer. Sorri pra ele e acenei, ele acenou de volta. 

 Me virei mais uma vez para acenar para eles e me dirigi ao portão de embarque e depois para o avião enfim.

                              *******

  A viagem foi muito longa sem Killian do lado e nem uma garota tagarela, suspirei andando para fora do aeroporto e acenando para um táxi. 

 Cheguei em casa e percebi que a casa dele estava toda fechada, mas seu carro estava estacionado, mas ainda era fim de tarde, não podia estar dormindo.

 Abri a porta da minha casa e chutei um envelope que devia ter sido jogado por baixo da porta, fechei a porta e peguei o envelope sem remetente, rasguei o envelope e o papel dobrado dentro parecia uma carta, fiquei confusa, o que seria? desdobrei o papel pra ler.

   " Não sou bom em escrever textos, e quem escreve uma carta hoje em dia, não é? , mas foi meu último recurso, eu precisava falar com você de alguma maneira, ouvir sua voz, que me acalma em qualquer situação, seria maravilhoso poder ouvi-la agora, começamos por causa da minha brincadeira imatura, mas até nossos momentos quando ainda era algo falso significou muito pra mim e você foi uma das pessoas mais verdadeiras comigo independente de quem sou, nessa altura você já sabe que sou eu e pode estar assustada com esta carta antiquada. Como você sabe meus pais vieram, eu logo soube que não seria por um motivo bom, eles sempre fazem isso vem bagunçam minha vida e depois somem como se nada tivesse acontecido. Inesperadamente tive que ir embora com eles para Londres, é temporário e meus pais confiscaram meu celular ' para não me distrair' é ridículo eu sei, vou conseguir de volta logo para entrar em  contato contigo, mas por enquanto só posso lamentar como um idiota, por não ter outra escolha. Sinto sua falta amor, espero nos vermos em breve."

Ps: TE AMO, beijos! 

My NeighborOnde histórias criam vida. Descubra agora