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sinel mandell 1994
Minha mãe falava sobre as novas regras e como eu teria que me comportar pois esse novo emprego dela, era importante e uma nova oportunidade não só para ela, mas para nós duas, enquanto eu escrevia em meu diário/livro de imaginações.
─ Está claro? ─ Ela pergunta.
─ Um-hum. ─ Afirmo, apesar de não ter prestado atenção em nada do que ela disse.
─ Tire os pés do painel. ─ Ela dá um tapa em meus pés cobertos apenas por meias brancas, porém, não dou atenção e continuo escrevendo em meu diário de capa preta e folhas amareladas.
Eu não estava muito ansiosa para iniciar essa nova jornada, mas minha mãe sim. Desde que o papai nos abandonou, ela vem procurando novas oportunidades para nós, então, esse emprego caiu como uma luva, já que tivemos que mudar de cidade, e literalmente teremos que que mudar de hábitos, pois vamos morar na casa de outras pessoas.
─ Chegamos! Guarde esse diário e calce seus sapatos. ─ Ela ordena.
Olho através do para-brisa, e vejo um enorme portão automático se abrir enquanto range.
Fecho meu diário e o guardo em minha pequena mochila preta. Calço meus sapatos enquanto a minha mãe entra com o carro.
Observo atentamente a enorme casa crescendo mais a frente, a medida que o carro se aproxima. O lugar tem um aspecto tenebroso, mas nada suficiente para me deixar amedrontada, na verdade, eu até gostei.
─ Legal. ─ Sorrio.
─ Eu achei... ─ Mamãe estremece. ─ Macabro. ─ Ela estaciona o carro, enquanto eu rio de seu comentário. Sabia que ela acharia isso, pois ao contrário de mim, ela sente medo de qualquer coisa opaca demais.
Saímos do automóvel enquanto eu colocava minha mochila nas costas. Nos aproximamos da enorme porta escura, e a mamãe tocou a campainha. Não demorou muito para que a porta se abrisse rangendo ─ ninguém passa óleo nas portas desse lugar não? Caramba! ─, e revelasse a imagem de uma senhora de cabelos grisalhos, a mesma força um sorriso assim que nos ver.
─ Vocês devem ser as senhoritas Mandell. ─ Ela supõe.
─ Sim. ─ Mamãe responde, sorridente.
─ Eu sou a senhora Grose, zeladora da família há anos. ─ Ela se apresenta. ─ Entrem. ─ Dá espaço e nós entramos.
Como uma curiosa que sou, fui logo observando todo o perímetro. A casa é bastante rústica, pouco colorida e iluminada.
─ Cadê as crianças? ─ Mamãe pergunta, demonstrando toda a sua animação e ansiedade.
─ Flora! ─ A senhora chama, e então uma linda garotinha de cabelos negros, sai de um dos cômodos da casa.
─ Oi. ─ Ela sorrir. ─ Sou a Flora!
─ Olá. ─ Mamãe diz. ─ Sou a Kate, e essa é a minha filha Sinel.
─ Oi. ─ Digo.
─ Estou ansiosa para vivenciar dias com vocês.
─ Que fofa. ─ Mamãe abre um sorriso largo. ─ E o garoto?
─ Miles deve estar no quarto, como sempre. ─ Grose responde. ─ Flora, apresente para a Sinel, o quarto dela, enquanto eu converso com a senhorita Kate. ─ A garotinha assente e pega em minha mão.
─ Achei que eu e minha filha, ficaríamos no mesmo quarto. ─ Mamãe diz.
─ Não será necessário, temos quartos suficiente nessa casa.
─ Vem! ─ Flora me puxa em direção a escada que dá acesso ao andar de cima. Subimos os degraus enquanto eu observava tudo. A casa é bem elegante, porém muito escura e digamos que... sem vida. ─ Esse é o seu quarto. ─ Ela abre a porta, e me puxa para dentro do cômodo.
Fico completamente surpresa ao ver um garoto de cabelo ondulado, sentado em uma cadeira de balanço próxima a minha cama.
─ Você deve ser o Miles. ─ Digo.
─ E você é a Sinel. ─ Ele diz, inexpressivo.
─ Ãh... ─ Fico confusa. Como ele sabe meu nome? ─ Sim, eu sou a Sinel. ─ Ele continuava me encarando, totalmente sem expressão.
O garoto se levanta e anda lentamente até a mim, sem quebrar nossa troca fixa de olhares.
─ Espero que tenha uma boa sorte, Sinel, você vai precisar. ─ Ele diz, antes de se retirar do quarto, juntamente com a Flora.
