Noah Urrea
Quando a porta se fechou, a última coisa que eu consegui ver do lado de fora foi a barra do vestido de Sabina, e isso de algum modo foi reconfortante, porquê se ela estava do lado de fora, ela estava bem. Eu me encostei na porta e observei o salão de baile, todos ali tinham uma expressão maldosa no rosto, exceto pela própria Cinderela, ela tinha um sorriso vitorioso no rosto como se tivesse vencido uma batalha.
- Noah? - Uma voz conhecida me faz respirar aliviado. - Foi você que me chamou?
- Santa fada madrinha. - Eu digo abrindo um sorriso.
- Não acho que você deva santificar a minha mãe, mas, olá príncipe encantado. - Diz Savannah se pondo ao meu lado sorrindo. - Então é esse o famoso baile do fim do verão?
Os olhos azuis de Savannah percorrem todo o salão, atentos às discussões que já ocorriam dentro do local, homens de terno se olhavam feio e mulheres com vestidos de cores diversas se xingavam em alto e bom tom. Eu já havia estado nesse baile antes, mas antes da meia noite Sina me arrastou escadas à cima e me fez jurar que eu não desceria até dar uma da manhã, mas nós ouvimos os gritos, o barulho de coisas quebrando e os gemidos de dor das pessoas.
Eu não dormi por dias.
- Sav, eu preciso que você me ajude a sair daqui. - Eu toco o ombro dela, Savannah ergue uma sobrancelha para mim e desvia de um copo que foi lançado na nossa direção. - Tem gente que precisa de mim do outro lado dessa porta.
Savannah me olha confusa, e logo sai me puxando pelo salão de baile, as brigas ainda não tinha começado a ficar realmente feias, então não foi difícil chegar do outro lado. Ela puxa uma espada de um guarda que estava distraído e me entrega, a futura fada madrinha se certifica que ninguém nos observa antes de começar a falar.
- Eu não posso te tirar daqui. - Ela diz me olhando séria. - Mas eu posso proteger quem está do lado de fora. Não todos, mas alguns deles. Só me diga quem.
- Proteja Sabina e Sina. - Eu falo sem nem pensar e a loira franze a testa. - Elas precisam de alguém por elas lá.
Savannah respira fundo e tira a varinha da manga da longa capa que vestia, ela me olha temerosa antes de falar as famosas palavras.
- Ok, nada de rir agora. - Ela diz séria. - Bibidi-bobodi-bu.
Eu solto uma gargalhada depois que Savannah some, em parte pelo desespero de ficar sozinho naquele salão com aquelas pessoas que eu nem quero imaginar o que são capazes de fazer, e, em parte, pela jeito que ela pronunciou as palavras.
- Ora ora ora, se não o príncipe encantado. - Um homem que eu não conhecia diz se aproximando, ele tinha uma taça de champanhe e uma das mãos e usava uma máscara que era de um tom escuro de vermelho.
Eu recuei meio assustado, ele me parecia familiar, mas de onde? Os olhos dele eram escuros e os cabelos brancos, não um branco comum, era um tom azulado, ele tinha uma postura intimidadora e, diferente de todos os outros convidados, o homem vestia um tipo de toga. E por conta disso eu sabia exatamente quem ele era.
- Hades. - Eu concluo engolindo em seco. - Eu não sabia que vilões eram convidados para esse tipo de evento.
Hades ri, e a risada dele me causa arrepios. É profunda e cortante, como se arranhasse a garganta, mas eu não deixo à mostra o medo que de repente me toma. Hades é um dos mais poderosos vilões de toda mitologia e contos de fadas, os outros vilões eram ruins, Hades é cruel.
- Sabe, principezinho. - Hades coloca a taça, agora vazia, de champanhe sobre a bandeja de um garçom antes de continuar. - Me admira você, que trouxe exatos 7 vilões para dentro deste castelo. - Ele foca os olhos em mim. - Falar sobre vilões serem convidados, não é você que é apaixonado pela filha da Madame Tremaine? Como é o nome dela mesmo? Sabrina, não é?
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Os Destinados
Fiksi PenggemarOnde seguir o passos dos pais é tradição, mas a vida não se resume em princesas e vilões. Seus pais eram realmente os mocinhos da história ou foi nisso que te fizeram acreditar?