A nova enfermeira da noite

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 Eu me chamo Sacha e estou começando meu primeiro dia no turno da noite do hospital, eu estou muito ansiosa com isso e estou preocupada se vou me sair bem, a enfermeira chefe do turno noturno disse que me ajudaria com o necessário, então eu vou ficar responsável por algumas tarefas como ficar na recepção, cuidar de pacientes, ajudar com aplicações de remédio e primeiros socorros.

Enfermeira Chefe: Sacha, preciso que você me ajude com um paciente.

Sacha: Já estou indo.

Eu vou começar a ajudar a cuidar de um paciente que não pode voltar para casa, suas condições não deixam e ele tem medo de um gato que tem aqui no hospital também, porque sempre que ele entra no quarto de alguém significa que aquela pessoa está próxima da morte, e ele tem medo do gato entrar lá, então terei que mantê-lo longe.

Enfermeira Chefe: Boa noite, Rodrigo, como se está hoje?

Rodrigo: Acredito que bem melhor que ontem, mas ainda não posso ir para casa, né?

Enfermeira Chefe: Infelizmente não, essa é a nossa nova enfermeira do turno da noite, seu nome é Sacha, ela irá ajudar a cuidar de você.

Sacha: É um prazer Rodrigo, você é mais novo que eu esperava.

Rodrigo: É, a antiga enfermeira achou que eu era um idoso, mas eu tenho 26 anos.

A Enfermeira chefe me explicou o que eu vou ter que fazer para cuidar dele e saiu do quarto, ele tem problemas nas pernas que são muito fracas e seu coração é frágil também, por isso ele precisa sempre de atenção e acham que é melhor ele ficar aqui.

Sacha: Fiquei sabendo que você tem medo do bigodes, é verdade?

Rodrigo: Aquele gato é uma praga, eu tenho medo de morrer e sempre escuto alguns barulhos de pessoas sofrendo a noite, fica difícil de dormir.

Sacha: Eu entendo, hospitais podem ser assustadores durante a noite e eu ainda vou ter que me acostumar.

Rodrigo: Você ainda não viu nada, tem coisas aqui que é melhor nem ver.

Sacha: Tipo o que?

Rodrigo: Os mortos tem uma presença forte nesse lugar, principalmente os de maior rancor, só mantenha o gato longe de mim por favor.

Depois de aplicar as aplicações de remédio nele e trazer sua refeição, eu me retirei do quarto para ele poder dormir e voltei para ficar na recepção, fiquei pensando sobre o que ele disse dos mortos e me lembrei de algumas enfermeiras e doutores falarem algo parecido no turno da tarde, acredito que precisam de muita sanidade para dar conta, já eu nunca vi nada.

Homem: Com licença moça, você trabalha aqui?

Sacha: Sim, eu sou uma enfermeira, algo de errado?

Homem: Não, eu só estava de passagem, eu vim me despedir de uns amigos.

Sacha: Não acha que está meio tarde?

Homem: Nunca é tarde para se despedir de alguém, principalmente quando se está num hospital.

Sacha: Seu amigo está morrendo?

Homem: Você é direta, bom ele não está, mas não poderei mais vê-lo.

O homem parecia um pouco suspeito, eu o deixei ir se despedir do amigo, sem problemas, mas parecia haver algo de errado com ele, o jeito que ele falava era muito estranho.

Homem: Obrigado, eu irei ser rápido.

Enfermeira: Sacha precisamos de você na sala de cirurgia, traga alguns anestésicos.

Eu fui correndo até a sala de cirurgia, um homem havia acabado de chegar e ele estava muito machucado, eles precisavam anestesia-lo para fazer a cirurgia, o que me assustou foi quando eu vi o homem, era o mesmo que estava do lado de fora, na recepção, mas como? Ele foi para um dos quartos ver um amigo.

Doutor: Garota está tudo bem? Seja rápida precisamos dos anestésicos.

Sacha: Eu...Eu...

Enfermeira: Sacha? volte para a recepção, você parece estar mal.

Sacha: Sim, certo, tome os anestésicos.

Voltei assustada para a recepção e dei de cara com o homem da sala de cirurgia e ele sorriu para mim e me agradeceu também, mas eu não o escutei muito bem, então ele repetiu.

Homem: Obrigado moça, por ter deixado eu ir se despedir dos meus amigos.

Sacha: Espera, quem eram seus amigos?

Homem: Uns enfermeiros da área de vacinação, bom estou feliz por ir agora e belo gato.

O bigodes havia saído da sala de cirurgia assim que eu entrei e subiu no balcão, quando o homem o viu ele e o elogiou ele miou alto e se encostou em mim, eu fiquei assustada com isso, será que eu vou morrer?

Sacha: Acho que você só quer um pouco de carinho né?

Mais tarde eu fui chamada no quarto do Rodrigo, ele queria que eu o ajudasse a ir no banheiro, depois de leva-lo de volta a sua cama, eu me sentei na poltrona e conversei com ele.

Sacha: Sabe, eu vi um fantasma, um homem da sala de cirurgia que estava sendo operado, ele estava querendo se despedir.

Rodrigo: Entendo, isso deve ter sido tenso.

Sacha: Sim, a cirurgia já terminou e o óbito dele saiu.

Rodrigo: É, isso acontece, eu só espero não ser o próximo.

Sacha: Eu preciso ir, tenho que arrumar uns papeis na recepção.

Rodrigo: Tudo bem, só tome cuidado com aquele gato.

Eu saí do quarto dele e voltei para a recepção, o bigodes estava me esperando no corredor, parecia estar com fome, uma das enfermeiras passou e fez carinho nele, ela me pediu para por comida para ele.

Sacha: Vamos lá bigodes, é hora de você comer e eu vou comer algo também.

O peguei no colo e fui para o refeitório com ele, coloquei minha marmita no micro-ondas e coloquei a ração dele no potinho para comer, enquanto eu esperava o meu prato esquentar eu fiquei no celular e reparei que havia alguém atrás de mim, mas quando me virei não havia ninguém. O bigodes parecia estar bravo e saiu correndo da sala.

Eu me afastei um pouco até me encostar na parede, havia pegadas de pés no chão, elas estavam marcadas em preto e cada vez mais viam para perto de mim, aquilo era muito estranho, eu comecei a gritar por ajuda e as pegadas apareceram mais rápido até eu sentir uma respiração ofegante em cima de mim, eu fiquei em choque e desmaiei...

Enfermeira: Sacha, Sacha está tudo bem?

Eu acordei numa cama de hospital, eu estava deitada e havia uma boneca do meu lado, a enfermeira chefe também estava no quarto com mais duas enfermeiras, elas estavam preocupadas e dá onde veio essa boneca?

Sacha: O que aconteceu?

Enfermeira Chefe: Você foi encontrada desmaiada no refeitório, o bigodes nos avisou que você estava lá e a encontramos.

Sacha: E essa boneca?

Enfermeira: Ela estava lá com você quando chegamos, pensamos que fosse sua.

 Uma boneca loira com um vestido preto e vermelho, ela era bem feita e tinha um tamanho grande, parecia ter uns 80 centímetros, eu não sei de onde ela veio ou o que seria aquelas pegadas, mas essa noite foi terrível.

Enfermeira Chefe: Quando estiver se sentindo melhor volte ao trabalho, você pode descansar mais quando for para casa.

Sacha: Tudo bem, mas e a boneca? O que faço com ela?

Enfermeira Chefe: Fique com ela, não tem interesse pra mim.

Ela parecia estar sendo bem ignorante, eu só deixei pra lá e peguei a boneca para mim, preciso descobrir de onde ela veio, mas mais tarde eu faço isso, o Rodrigo está chamando de novo.

Fim

O Vale dos pesadelos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora