A Garota do Guarda-chuva

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   Eu sou o Eduardo e moro no apartamento 205 do oitavo andar, é um andar meio vazio, poucas pessoas moram nesse andar e eu não tenho vizinhos, só mora eu e mais duas famílias nesse andar e eu o escolhi por ser um lugar tranquilo onde eu posso trabalhar em paz, eu trabalho com escrita e preciso de um lugar tranquilo como esse andar.

Acontece que recentemente eu tenho ouvido alguns barulhos estranhos vindos do apartamento do lado e que eu saiba não mora ninguém lá e o apartamento está sempre fechado, eu devo estar pensando demais para achar que os barulhos vem de lá, talvez seja alguma das crianças gritando e por isso parece estar perto, eu não sei.

Estava chovendo muito hoje, eu resolvi dar uma volta para ver se consigo alguma criatividade e eu gosto de andar na chuva, me faz clarear a mente e isso ajuda muito. Desci de elevador até o térreo e me encontrei com o Manuel, o síndico desse prédio, ele parecia estar com alguns problemas no elevador do lado.

Eduardo: Algo de errado Senhor Manuel?

Manuel: Sim, parece que alguém colocou algo grudento nos botões do elevador e não consigo tirar.

Eduardo: Isso não seria chiclete?

Manuel: Parece ser algo diferente de chiclete, mas eu vou terminar aqui meu serviço.

Eduardo: Tudo bem, não vou atrapalhar.

Eu o deixei trabalhando e achei estranho aquele grude que parecia ser chiclete, se ele mesmo está dizendo que não é, então tudo bem, mas o que poderia ser?

Saindo do prédio notei que a chuva estava bem forte mesmo, vi pessoas correndo para não se molharem e o vento também estava muito forte, parecia que meu guarda-chuva quebraria a qualquer momento e isso não seria bom, mas eu preciso de um pouco de criatividade, então fui andando pela calçada assim mesmo.

Não demorou muito para que o meu guarda-chuva querer ir embora de novo e eu fiquei um pouco incomodado com isso, estava difícil de segura-lo até que a parte de cima quebrou e ele foi embora, eu fiquei sem reação e acabei me molhando todo com aquela tempestade, eu não devia ter saído hoje? Isso se passou pela minha cabeça e logo após eu olhar para o céu percebi que estava bem escuro por causa da chuva, tentei correr para me abrigar de baixo de uma loja, foi quando eu vi uma garota sentada próxima de umas latas de lixo, ela estava com um vestido branco todo sujo e o seu cabelo loiro todo molhado e sujo, eu não conseguia ver seus olhos, talvez por causa de seu guarda-chuva todo destruído. Eu fiquei por um tempo olhando para ela e a mesma percebeu e levantou o guarda-chuva e olhou para mim.

Garota: Você não está com frio? A chuva não o incomoda?

Eduardo: Eu gosto da chuva, mas estou com um pouco de frio sim, está tudo bem com você? Quero dizer, está toda suja e sentada próxima do lixo.

Garota: Você se importa comigo?

Eduardo: Eu só achei estranho mesmo, se estiver precisando eu compro um guarda-chuva para você.

Garota: Seria uma honra, mas não precisa, eu gosto do meu guarda-chuva, ele é especial para mim.

Ela abriu um sorriso mostrando seus dentes e eles pareciam estar podres, estragados, eu notei que ela não estava ali por causa da chuva, mas sim por ser uma sem teto, fiquei com pouco de dó dela e pensei em dar um dinheiro, mas quando me aproximei dela eu achei ter visto uns braços saindo de dentro do guarda-chuva e o susto foi tanto que eu caí para trás de bunda numa possa d'água.

Eduardo: Mas que merda, acabei me molhando todo.

Garota: Você está com medo de mim? Eu não vou machuca-lo.

Eduardo: Eu só achei ter visto algo, bom você pode ficar com esse dinheiro, eu preciso ir.

Garota: Você se importa comigo mesmo, até me deu um dinheiro.

O Vale dos pesadelos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora