O monstro do armário

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  Eu sou o Tyler, tenho 12 anos, eu durmo sozinho num quarto grande, há uma cama e uma cômoda alta, um guarda-roupas e um armário na parede, eu guardo algumas das minhas roupas nesse armário, as vezes eu acho que tem alguém me observando de lá de dentro, é um pouco estranho, me lembro de que quando eu era criança eu realmente acreditava que havia um monstro lá dentro, mas minha Mãe sempre olhou antes de eu ir dormir para certificar que não havia nada, mas eu sempre acreditei que ele se escondia em algum lugar, o monstro estava sempre lá me observando.

Mãe: Está tudo bem, não é?

Tyler: Está sim, eu acho que está na hora de esquecer que monstros existem.

Mãe: Se ainda estiver com medo você pode ir dormir comigo.

Tyler: Não, está tudo bem, eu acredito nisso desde os 8 anos, acho que vou superar.

Minha Mãe saiu e fechou a porta, eu apaguei a luz e me deitei, como faço todos os dias, mas hoje parecia estar diferente, eu não sentia nada de errado e parecia não haver nada no armário dessa vez, eu acho que já não tenho mais o medo que eu tinha antes, acho que preciso crescer mesmo e parar de ter medo de monstros imaginários.

Aproveitei mais ainda que a noite estava tranquila e silenciosa, então aproveitei para descansar logo, no fim eu consegui fechar os olhos e dormir, mas isso não durou muito tempo, ouvi o barulho do carro do Pai chegando, ele sempre chega perto das 23:00 e minha Mãe sempre o espera todos os dias, eu não tenho visto ele tem um tempo já, mas sei que ele ainda está aqui, porque todos os dias eu escuto o seu carro chegar, sinto saudade dele.

Pensei em me levantar para ir até a sala para vê-lo, mas quando pus o pé no chão eu senti estar sendo observado de novo e dessa vez era bem mais forte do que quando eu era criança, ali no armário, parecia haver alguma coisa, eu pensei e pensei muito em ir dar uma olhada, não tem como ser um monstro, eles não existem, eu preciso superar esse medo.

Mãe: Querido? Você ainda está acordado? Ouvi barulhos vindo do seu quarto.

Tyler: ...

Mãe: Está acordado? Tyler?

Achei melhor ficar calado, ela não ia gostar que eu tivesse acordado ainda, principalmente por que amanhã tem aula, mas ainda sinto que tem algo me olhando, então eu fiquei parado em pé no quarto olhando para o armário esperando minha Mãe descer, mas ela demorou e muito para sair da porta, parecia que ela estava me observando sobre a maçaneta, estava tudo tão quieto, eu não gosto dessa sensação, meu corpo estava gelado.

Mãe: Eu sei que está acordado Tyler, volte para a sua cama, seu Pai vai ficar bravo se souber que está acordado.

Tyler: Eu queria ver ele, faz tempo que não o vejo.

Mãe: Você precisa dormir e ele está muito cansado, apenas deite-se.

Tyler: Mas também acho que tem algo me observando de dentro do armário.

Mãe: Achei que não tivesse mais medo disso e que havia ficado tudo bem.

Tyler: Estava, mas ainda parece ter algo lá, eu quero dar uma olhada.

Mãe: Não! Não mexa no armário, só se deite.

Eu fiz o que ela mandou e tentei dormir de novo, eu estava achando essa atitude dela muito estranha, antes ela queria que eu superasse o medo e sempre me mostrava que não havia nada lá dentro, mas agora não quer que eu olhe, eu tenho certeza que tem algo lá, eu preciso ver o que é, mas não agora.

Eu acabei dormindo e acordei de novo por volta das 02:50 da manhã, me certifiquei que não havia ninguém no corredor e andei de vagar até o armário, a sensação estava mais forte e o medo de haver algo lá dentro era a pior parte disso tudo, mas eu encarei meu medo e abri a porta do armário, quando eu vi o que havia lá dentro eu fiquei surpreso, muito surpreso, havia mesmo algo dentro do armário, era a minha Mãe! Eu não estava entendendo nada, ela estava bem mal, seus olhos estavam inchados e seu rosto bem magro, ela estava amarrada e parecia estar a dias dentro do armário, quando me virei eu fiquei aterrorizado.

Mãe Falsa: Eu te disse para não abrir o armário.

Mãe: F... Fuja...

Eu entrei em pânico, aquela pessoa atrás de mim, era minha Mãe, mas ela tinha aspectos diferentes agora, seus olhos estavam muito arregalados, sua pele estava desgastada, parecia que o rosto era uma máscara de pele, eu tentei fugir dela, mas uma faca ficou entre meu rosto e a porta, aquela coisa estava muito brava, eu não sabia o que fazer, então comecei a gritar pelo meu Pai.

Tyler: Pai! Pai!!

Mãe Falsa: Seu Pai não vai vir ajuda-lo.

Tyler: Mentira! Ele vai me ajudar sim, ele está em casa, eu o ouvi chegar.

Mãe Falsa: Seu Pai morreu! Todos os dias eu tenho usado o carro dele para manter você aqui tranquilo e assustado, todos os dias sendo observado por sua Mãe de verdade.

Tyler: Por quê? Por que você fez isso?

Quem é você?

Mãe Falsa: Por quê? Para me alimentar claro, você não sabe como a carne humana fica mais macia e saborosa quando estão traumatizados, o silêncio ajudou muito também, por que você só conseguia ficar fixado no armário, com sua Mãe te olhando.

Ela arrancou um pedaço de sua pele falsa e eu vi um rosto estranho, parecia uma casca estranha, cheia de marcas, suas pernas eram muito magras e seu corpo estava ficando inchado, eu tinha certeza de uma coisa, aquilo não era humano.

Mãe Falsa: Você me perguntou o que eu sou, não é? Se você acertar, talvez eu te deixe vivo.

Tyler: O que? Eu... Eu não sei...

Mãe Falsa: Vamos, tente, eu gosto de jogos.

Tyler: Você é um Alienígena?

Mãe Falsa: Não, acredito que estou longe disso, mas uma chance.

Tyler: Você é o bicho papão?

Mãe Falsa: Vocês me chamam disso mesmo, acertou.

Ele caiu na gargalhada por eu ter acertado e tirou a faca da minha frente, eu saí correndo pela porta e tentei fugir, eu só ouvia sua risada escancarada e rouca pelo corredor, ele estava vindo atrás de mim e todas as portas estavam fechadas, eu não sabia o que fazer e o pior é que quase fui acertado pela faca que ele arremessou.

Bicho Papão: Corra, quanto mais medo você tiver mais saboroso será.

Eu peguei a faca e tentei me defender com ela, ele voltou a rir e esticou seu braço, fez um de seus dedos virar uma lamina e passou pelo meu rosto, nesse momento eu cortei sua mão fora e quando fui correndo para sair pela janela eu vi a outra mão vindo em minha direção me arremessando contra a parede.

Bicho Papão: Você é espertinho, mas a sua hora chegou garoto, eu cuidei bem de você esses anos preparando sua carne.

Tyler: Vai pro inferno.

Bicho Papão: Você vai na frente.

Eu fiquei desesperado quando ele passou seus dedos em minha barriga a rasgando, eu estava gritando de dor até não enxergar mais nada, eu havia apagado, a última coisa que ouvi foram sua risada rouca e um grito de socorro.

Eu acordei em minha cama pela manhã todo suado e vi que minha barriga estava inteira, ouvi alguém batendo na porta e notei que tudo aquilo havia sido um sonho, quem estava na porta era meu Pai, ele queria me levar para a escola hoje, mas antes de sair eu abri a porta do armário e vi que não havia nada, parece que esse trauma de criança vai me corroer todos os dias até eu supera-lo, maldito bicho-papão.

Fim

O Vale dos pesadelos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora