Junghyun vai nascer

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Uma euforia crescente nasceu dentro de mim quando soube que o meu irmãozinho estava prestes a nascer.
Corri para dentro do carro verde da mãe do meu meio irmão, ela se mostrou uma mulher compreensiva e ajudou minha mãe desde o começo mesmo sem ninguém saber. Mamãe não sabia dos crimes que o senhor Jeon cometia mas tinha noção do histórico de violência e sofria opressão em suas mãos. Em todo esse tempo a senhora Jeon manteve contacto com mamãe.

—Oh meu Deus, acho que vou desmaiar!- Jin comentou hiperventilando e suando muito. Elu abanava as mãos em frente ao rosto buscando oxigénio com urgência.

—Até parece que é você quem vai parir!- ri acompanhado das duas mulheres sentadas nos bancos da frente.

Mamãe estava mais calma com uma toalha entre as pernas para absorver o líquido amniótico da bolsa estourada e a dilatação se mostrava lenta, logo o parto não estava tão próximo assim. Ainda desta maneira, a policial botou o pé no acelerador e ultrapassou os sinais vermelhos todos causando um pânico brutal ao Kim do meu lado e um ataque de risadas em mim. O vento batendo no meu rosto, bagunçando meus cabelos, a felicidade momentânea me assolando.

As enfermeiras levaram a minha mãe para uma sala de espera uma vez que a dilatação estava a dar-se de maneira muito lenta e nós ficámos por ali mesmo aproveitando para comprar algo na lanchonete do hospital.

—Senhora Choi!- o meu amige chamou. —Desde quando você e a senhora Kim são amigas?- a morena riu e deu de ombros mastigando a sobremesa deliciosa e cheia de creme à sua frente.

—Eramos vizinhas quando crianças!- os meus olhos se arregalaram e o meu queixo bateu no chão com a nova informação. —A sua mãe me ajudou muito!- se dirigiu agora a mim. —Tentava fazer com que Jungkook falasse comigo de vez em quando mas o seu ex padrasto não deixava e ficava uma fera. Não nos falamos por muito tempo!

—Jungkook achou que você não quisesse falar com ele!- expliquei triste percebendo o mal entendido ali. Ela coçou o pescoço desconfortável e visivelmente triste pela sequência de acontecimentos.

—Quanto tempo dura um parto?- Jin questionou empurrando duas fatias de bolo pela guéla como um pato e os seus olhos se tornaram do tamanho de dois pratos quando a mais velha comentou "muito tempo".

De facto estávamos aborrecidos. Não tínhamos nada para fazer e ficar sentados ouvindo lamentações de velhos estava fora de cogitação.—Hey, Tae!- o mais alto chamou. —Vamos fazer um passeio turístico pelas salas?- a senhora Choi estava entretida com o próprio celular então não notaria a nossa falta tão cedo.

Concordei e o segui prendendo o riso. Assim que apenas nós ficámos no corredor, sorrimos cúmplices e entrámos na primeira sala. Estava vazia e transbordava medicamentos. Passei os olhos pelos rótulos e chamei Seok prendendo o riso e apontando para uma latinha mais escondida. —É Viagra, cara!- ele desatou a gargalhar como uma hiena e eu não pude mais aguentar, tive de deixar todo o meu riso sair e me esconder debaixo da mesa quando um enfermeiro entrou para verificar de onde vinha o barulho.

Quando ele saiu meio confuso, nós nos encaramos, voltámos a rir até a barriga doer e passámos à próxima sala. Não demorou muito para encontrarmos a cozinha. —A comida de hospital é sempre horrível! Sem sal...- comentou. —Que tal fazermos um favorzinho aos doentes?- piscou mostrando um pacote enorme de sal sobre a mesa. Primeiro não quis fazer nada mas acabei por pegar num punhado de sal e misturar na sopa mal batida e com cheiro de xulé sobre o fogão apagado.

Seokjin pegou em vários bolinhos e embrulhou em papel escondendo nos bolsos da calça para se alimentar mais tarde. Ri achando aquilo ridiculo e comi uma banana da fruteira, deixando a casca sobre o microondas formando um chapéu. Ouvimos passos e nos escondemos atrás da loiça suja que por sinal, dava origem a uma montanha bem grande, suficiente para invisibilitar nossos corpos.
Uma velha rabugenta entrou e preparou vários tabuleiros para levar provavelmente aos doentes internados, encheu uma taça de sopa e alguma fruta, saindo ainda resmungando como uma louca.

O Meu Corpo Não Me DefineOnde histórias criam vida. Descubra agora