Jin

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Decidi por bem não fazer perguntas sobre a saída às escondidas da minha meia irmã, se havia ido com Jimin então estava segura, ou na boca do lobo literalmente. De qualquer das formas ninguém suspeitou de nada, dei graças a Deus por isso e pensei em alugar a corda do meu quarto por um preço acessível. Eu queria ganhar alguma coisinha né! Ser boa pessoa não nos faz subir na vida infelizmente.

Cumprimentei os garotos como sempre e segui até o campo. O treino começaria em poucos minutos mas primeiro queria dizer umas coisinhas ao treinador. Primeiramente queria sair da equipa. Não aguentaria mais só porque meu pai achava melhor para mim. Não queria ser popular e futebol não me agradava assim tanto, preferia volei ou badminton.

Segundamente reclamaria da degradação dos balneários, o único espaço na faculdade inteira que se encontrava desgastado e quase sem condições. O chuveiro apenas possuía água fria, as paredes desgastadas com buracos grandes. Não sou obrigado a ver as partes intimas de ninguém, me perdoe mas existem umas pirocas bem feias, ou melhor, que não fazem muito o meu género por assim dizer, nem todas podem ser rosa e lisinhas.

Para terminar, não mediria palavras para garantir que a minha mensagem fosse bem passada. Ele era um babaca, metido a super herói e espertinho, quando na verdade não passava de um homem mal humorado e nojento. Rabugento com uma pança de cerveja que preferia gritar connosco e fumar um cigarro ao invés de realmente nos ensinar a jogar.

Disse tudo o que estava entalado na garganta e como é óbvio fiquei na detenção ao fim das aulas, mas tudo valeu a pena. A minha alma ficou límpida, quase ganhei anos de vida e estava livre para arranjar outro desporto para mim.

Yoongi gargalhava loucamente relembrando a forma como dirigi as informações ao meu ex treinador. Foi tão libertador que quis fazer o mesmo com mais três ou quatro professores idiotas.

Tirei o cigarro levemente dos lábios de Yoongi e traguei calmamente devolvendo em seguida. —Como estão as coisas em sua casa?

—Normais. -não queria falar sobre isso. Ninguém acreditaria que o meu pai, um homem de família, trabalhador e simpático fosse um monstro em casa com a mulher e a filha dela.

—Não me parece bem!- Hobi comentou ajeitando os cabelos da minha franja com cuidado. Raramente saía com eles para dizer a verdade. Precisava estar em casa para impedir que papai maltratasse Taehyung e isso estava a começar a deixar me esgotado.

Dei de ombros e continuamos a caminhar em direção às nossas casas. Yoongi seguiu outro caminho pois ficaria na casa da avó que fazia aniversário. O trajeto se deu num silêncio absurdo, não tínhamos assunto e não queria arranjar um.

Abri a porta e rapidamente entrei no inferno. Taehyung berrava no quarto em um volume possível de ser ouvido até da sala. A senhora Kim chorava lavando o chão enquanto o meu pai assistia TV de boa com uma latinha de cerveja na mão.

—Bem vindo, filho! Pegue uma cerveja na geladeira e se sente aqui com o pai.

Fiz o que me foi pedido sentindo ânsia de vómito. O chão da cozinha parecia um cenário de assassinato, tanto sangue facilmente encheria um copo.

—O que aconteceu ali?- questionei assustado me sentando um pouco longe do mais velho por puro medo.

—Nada demais. A inútil da sua irmã derramou o esparguete do almoço e teve de ser lembrada do seu papel aqui em casa!

Um arrepio subiu pela minha espinha. Bebi o líquido amargo o mais depressa que consegui para poder sair dali. —Está com pressa?

—Tenho um trabalho importante para entregar amanhã.

O Meu Corpo Não Me DefineOnde histórias criam vida. Descubra agora