Dúvidas

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Neste tempo em que namorei Jimin aprendi muito sobre transexualidade e sobre padrões impostos pela sociedade que nunca tinha percebido antes. Eu não sou o típico garoto hétero normativo e também não quero ser. Não me importo se Jimin já "foi um homem", ela é uma mulher independentemente de ter um pênis ou não e a amo de qualquer forma.

Ela é uma mulher forte e extremamente linda. A sua personalidade me cativa, a sua dualidade entre soft e hot. Namorar uma pessoa Trans fez-me perceber que a felicidade está muito para além das coisas materiais. Encontra-se nas pequenas coisas como na segurança e conforto com o nosso próprio corpo, em pequenos gestos, nas coisas que diariamente fazemos e não damos o devido valor.

Por isso sorri admirando as duas mulheres da minha vida brincando animadamente na sala. Elas tentavam imitar coreografias de músicas infantis e gargalhavam no processo. Enquanto isso, Seokjin conversava animadamente com a senhora Kim na cozinha enquanto preparava alguma coisa para o almoço. Elu tem sido uma grande ajuda para a mãe da Tae e agradeço muito por isso.

—Amor, já não tem medo do Bob?- questionei tocando-a na base da coluna apontando para o cachorro à sua frente. A de cabelos agora em tons naturais negou fazendo carinho no animal.

Eu sentia os olhares sobre mim cada vez que ficávamos perto na faculdade e sim, é muito desconfortável. Os comentários maldosos são aos montes, me xingam, xingam a Jimin e ameaçam lhe bater para "virar homem". Isso não devia acontecer. Não entendi porquê em pleno século XXI ainda tem pessoas que pensam dessa forma.

Por outro lado, estou muito contente que as meninas tenham se juntado para proteger a Park, foi um gesto tão lindo que me fez repensar no estereótipo de garota que tinha em mente, mais uma vez equivocada. As garotas não sai todas iguais e elas não são indefesas coisa nenhuma. Sabem muito bem como se proteger e são extremamente inteligentes e sabem usar o que têm à disposição.

Com isto em mente, abracei a minha recente namorada por trás e beijei seu pescoço sem malícia. —Oh, meu Deus!

Seokjin gritou entrando pela sala a dentro branco como um copo de leite. Elu estava desesperade, tremia e a franja colada na testa demonstrava aflição. —A SENHORA KIM VAI PARIR!!!- esfregou as mãos no rosto num gesto nervoso. Nós nos entre olhamos por uns segundos até que...

—O meu irmão vai nascer!- a Tae saltou assustando a raposa que saiu correndo e rapidamente ligou para alguém explicando a situação. Fiquei confuso pois, pelo tom da conversa, não parecia que estivesse ligando para a emergência.

A mais velha vinha tento contrações há alguns dias, indicação de que poderia entrar em trabalho de parto a qualquer momento. Dessa forma, peguei a mochila do bebé que havíamos preparado várias semanas atrás e me preparei para sair em disparada até o hospital mas antes disso, uma buzina soou do lado de fora. Taehyung correu até lá e saíu às pressas. Jimin deu de ombros e todos pareciam muito calmos, demasiado calmos.

Logo entendo o porquê quando a minha mãe entrou calmamente acompanhada da minha irmã. —Vamos para o hospital?

Fiquei confuso, bastante, mas decidi esperar para ver o que aconteceria. Como o carro só tinha quatro lugares, Jimin disse não se importar em ficar no apartamento a cuidar das coisas até o bebé nascer e poder vir para casa. Sendo assim, com um sorriso sacana disfarçado de preocupação, garanti que poderia ceder o meu lugar a Seokjin, uma vez que esteve muito presente durante a gravidez para a mudar a senhor Kim e merecia isso.

Claro que no fundo só queria estar um tempo sozinho com Jimin e minha mãe pareceu perceber. Espremeu os olhos na minha direção de uma forma intimidadora mas teve de quebrar o contacto visual quando a gestante gemeu de dor por uma contração mais forte.

O Meu Corpo Não Me DefineOnde histórias criam vida. Descubra agora