O meu padrasto é um assassino

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Acordei com a melhor notícia de todas, Jimin iria se mudar para a minha cidade e consequentemente para a minha faculdade na próxima semana. O meu coração disparou, finalmente teria alguém para conversar na faculdade e estaríamos mais próximos, passaríamos mais tempo juntos.

Precisava de dinheiro urgentemente. Não aguentava mais viver assim, com nojo do meu próprio corpo. Falei com meu pai e ele super aceitou e me apoiou. Agora pretendo vender os meus desenhos para conseguir um dinheiro para fazer a cirurgia que tanto anseio.
Minha mãe e o senhor Jeon nunca iriam aceitar então tinha de fazer tudo sozinho, escondido.

Pedi a Jungkook que comprasse algumas telas e tintas. A princípio não quis pois são materiais caros e tampouco fiz questão de explicar o motivo. Foi necessário que prometesse fazer um esboço de uma nova tatuagem para si com a finalidade de criar um acordo entre a gente. Ele compraria os materiais e eu faria vários esboços que ele venderia ao seu amigo tatuador para arrecadar dinheiro para os mesmos.

Mamãe havia tirado o dia de folga, descobriu que estava grávida daquele monstro poucos dias atrás. Fiquei assustado e com medo pela criança que aí viria e implorei aos céus para que fosse um menino e vivesse uma vida melhor que eu e minha mãe. Estava magoado, ela havia me machucado não só fisicamente. Pensando nisso, faziam alguns dias que mamãe me tratava melhor embora não como quando era criança.

Rabisquei, rabisquei e no fim nada desenhei. Algo faltava, inspiração. Torci os lábios aborrecido e revirei os olhos irritadiço, eu queria desenhar.
Saí de fininho do quarto e percebi um barulho estranho vindo do quarto ao lado. O Jeon mais novo andava esquisito, quieto, estressado. Muito aéreo e pouco focado nas coisas como se estivesse no mundo da lua a toda a hora. O seu comportamento comigo também havia mudado. Não que me tratasse mal, mas era perceptível que tentava manter uma certa distância por alguma razão desconhecida por mim. Curioso como sempre tentei vasculhar através do buraco da fechadura.

—Perdeu alguma coisa?- saltei de susto e levei a mão ao peito horrorizado.

—Que susto! Quer me matar?

Jungkook riu e abriu a porta de leve fazendo com que um pequeno amontoado de pelos brancos se enrolasse nos seus pés, uma raposinha. Passei a mão maravilhado no pêlo limpo recebendo lambidinhas na mesma.

—Onde achou?

—No parque, tinha a pata partida e eu trouxe pra cá.

—Faz quanto tempo que esta coisa linda está aqui e você não disse nada?- questionei pegando o bichinho no colo e fazendo carinho.

—Quase duas semanas. -pensei um pouco sobre e ri internamente, era isso, pintaria a raposinha para começar!

Quando o mais alto piscou eu já estava trancado no quarto com a bola de pêlos. Foi fácil chegar às tonalidade que queria, não demorou muito tempo e o meu primeiro quadro já estava concluído. Sorri largo e devolvi o animal para o dono agradecendo.
Mamãe estava no quarto então aproveitei para sair de casa com as tintas e recriei o nosso quintal, Bob caçando borboletas, as flores do jardim, a casa de Hoseok e Yoongi...
A minha inspiração havia voltado e queria pintar tudo o que os meus olhos viam. Não demorou para que as telas acabassem e as tintas estivessem no fim.

—Jungkookie!- bati em sua porta. Ele revirou os olhos emburrado.

—Conseguiu acabar com tudo de uma vez? Meu Deus, vá lavar uma loiça!

—Chato!

Meu padrasto chegou mais cedo do que deveria. Tivemos sorte já que os dois foram no supermercado e deveriam demorar, assim podíamos ficar à vontade em casa. Tirei logo aquele vestido horroroso e coloquei umas calças largas e uma blusa branca. Jungkook saiu com os vizinhos para furar alguns pneus por aí.

O Meu Corpo Não Me DefineOnde histórias criam vida. Descubra agora