Nunca mais se metam com uma garota

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Alguns meses se passaram e as nossas vidas voltaram à normalidade.
A barriga da mamãe está enorme e descobrimos que nascerá um menino, pelo menos biologicamente falando já que nunca se sabe. O senhor Jeon vai ficar um longo tempo na cadeia por vários crimes que cometeu, agora sou livre de visitar o meu pai sempre que quiser e Jin vem na minha casa todo fim de semana.

Ainda tinha raiva de Jungkook, por sua causa a minha amiga não quis mais voltar aqui em casa. Ela não me contou o que houve e se recusa a falar sobre. Estamos sempre juntas na faculdade, quando nos cruzamos com meu irmão ela baixa a cabeça e segue reto. Fico triste com isso. Hobi está fazendo terapia e melhorando aos poucos, isso aquece o meu coração. Eu sei que o que aconteceu nunca vai ser esquecido nem por ele nem por ninguém, mas é necessário superar para poder seguir em frente.

—O que acha?- estávamos neste momento no estúdio de Namjoon. Queríamos que ele ficasse com os meus esboços para comprar mais tintas e telas.

—Eu gostei muito!- sorriu mostrando as suas covinhas. Ele era lindo, fofo, alto e simpático. Tinha uma ideia diferente da sua aparência. Achei que fosse um magricelo cheio de tatuagens e piercings, mas o Kim só tinha uma tatuagem de águia no ombro e um brinco na orelha direita. —Vou ficar com eles!- disse nos entregando algum dinheiro, arregalei os olhos com a quantia, era mais do que eu esperava.

Voltávamos para casa com os materiais quando Jungkook recebeu uma ligação. Na hora ele ficou eufórico, balançando os braços sem saber se atendia ou não, olhei de relance e vi o nome de Jimin brilhando na tela. -Não vai atender?- questionei já pressentindo que algo iria acontecer.

—Eu não sei...o que eu falo?- ele estava tão nervoso. As mãos suadas, pernas tremendo, olhar inquieto e lábios sendo mal tratados.

—Eu vou começar por pintar o seu quarto. Pode ficar no meu e conversar com ela com calma, sim?- ele concordou e sorriu feliz se enfiando no cómodo sem mais conversa.

Botei as tintas no chão e tranquei a porta para lhes dar privacidade, agora era só eu e o pincel. Coloquei uma música calma e comecei por desenhar a lápis na parede. Jungkook era uma pessoa forte, decidi criar uma pintura que representasse isso, sua força e doçura. Por essa razão criei através de ilusão de óptica um tigre especial, onde os seus olhos nos seguiam em qualquer parte do quarto, dando a impressão de que estávamos sendo observados. Achei engraçado e pintei a pelagem de branco. Em volta fiz flores de variadas cores e um por do sol lindo. Pintei as outras paredes que sobraram como se fosse uma selva, ficou uma paisagem fofa e realista.

Nem dei pelas horas passando. Quando dei por mim já estava anoitecendo, arregalei os olhos e saí para limpar os pincéis quando ouvi algo que talvez não devesse: gemidos. Bufei e revirei os olhos, conhecia aqueles gemidos manhosos ao longe, Jimin... Aquela piranha nem teve a decência de me cumprimentar quando chegou, francamente. Ri soprado e lavei os pincéis na pia até ficarem da cor natural. Sequei e deixei ali em cima, não podia guardar no lugar já que os dois estavam se comendo no meu quarto.

Como não tinha nada que fazer,coloquei a trela no Bob e na raposa e saí de casa para um passeio com os animais. Pretendia cortar o cabelo que já havia crescido até o meio de minhas costas. Queria um penteado que se adequasse a mim, algo confortável e que me fizesse sentir bonito. Agora que estava livre queria começar a minha transição o mais rápido possível, estava ansioso para ter o corpo que sempre quis, aquele com o qual deveria ter nascido.

Não me importava mais com os olhares estranhos das pessoas, agora usava roupas largas sim, era isso que me fazia sentir bem, a opinião de mais ninguém importa. Esperei meia hora para ter a certeza de que eles haviam acabado e voltei para casa. Jimin estava no sofá e Jungkook tomando banho.

O Meu Corpo Não Me DefineOnde histórias criam vida. Descubra agora