Flor de Peônia [Mo Dao Zu Shi/The Untamed]

O Lunático

— Meu nome é Wei WuXian! Eu sou sua alma gêmea!

Lan WangJi é um cara sério, do tipo introvertido que não fala mais do que o necessário. Ele não é do tipo que ri, tampouco costuma demonstrar qualquer emoção. Porém, naquele momento, ele nunca chegou tão perto de gargalhar. Em vez disso, seu olhar transparecia a total incredulidade que sentia. Era só o que faltava, topar com um lunático!

Suas orelhas pegavam fogo e por alguma razão, suas mãos suavam e seu coração palpitava mais rápido do que poderia considerar normal. Bom, foi um susto e tanto, não?

— Se bem que você pode me chamar de Wei Ying já que somos íntimos. WuXian é só meu nome de cortesia. E você? Qual o seu nome? Como conseguiu me achar? Eu sabia que você viria, sabia que iria me encontrar! Nunca duvidei! Nem mesmo por um segundo sequer em todos esses anos! - disparou Wei.

Sem dar ouvidos ao absurdo que acabara de escutar, WangJi deu uma boa analisada ao redor, procurando uma passagem ou algum buraco alto por onde aquele louco poderia ter pulado e caído em cima de si. Contudo, não encontrou nada. Considerando as tolices que o rapaz de cabelos longos tagarelava, não se deu ao trabalho de questioná-lo. Duvidava que ele possuísse capacidade mental para responder com coerência, ainda que a curiosidade o devorasse por dentro. Como alguém poderia surgir do nada? E aquele clarão repentino? Como seria explicado? Será que tinha batido a cabeça na queda? Além disso, quem no mundo ainda usava nome de cortesia?!

Em todo caso, supôs que o melhor a ser feito seria ir embora. Não queria passar um minuto a mais perto do rapaz estranho. Ele poderia até ser perigoso, quem sabe? Disposto a cair fora o mais rápido possível, recolheu o celular do chão conferindo se não tinha trincado a tela ou qualquer coisa do tipo antes de usar o flash para buscar pela peônia. Realmente não tinha a intenção de arrancá-la, porém não podia imaginar que ela era tão frágil, senão sequer teria a tocado. Em todo caso, agora era tarde e seria um crime deixar algo tão único para trás.

Wei Ying deixou de tagarelar quando percebeu o estranho objeto nas mãos alheias e, subitamente interessado, se aproximou.

— Woah! Eu nunca vi um talismã de fogo desse tipo. - comentou, analisando como podia. Esticou a mão para ver mais de perto, mas WangJi se esquivou, dando um passo pra trás enquanto apertava o celular entre os dedos. - Ayah! Eu só quero ver! É uma ferramenta muito engenhosa. Provavelmente, coloca o talismã aí dentro e o instrumento emite luz. É genial! Foi você quem criou?

Lá estava ele novamente, falando coisas sem sentido.

Que tipo de pessoa não sabia o que era um smartphone em pleno século XXI? O que WangJi deveria responder? Fazer um resumo sobre a invenção do telefone por Graham Bell por volta do ano de 1875? Citar o aprimoramento que ocorreu desde as primeiras versões móveis que surgiram em 1973? Não. Lan preferiu manter o silêncio.

Como um bom professor de História, apreciava a sede pelo conhecimento, desde os questionamentos mais simples aos mais complexos, porém, não queria dar margem para puxar assunto. Provavelmente o de cabelos longos só estava tirando uma com a sua cara. Só precisava sair dali e rápido!

— Ayah! Por que você não me responde, huh? É surdo? Porque mudo já percebi que não é. - murmurou WuXian, um biquinho contrariado nos lábios. Odiava ser ignorado! Cruzou os braços, tentando de alguma forma se proteger do frio e mais uma vez, tentou se aproximar. - Me deixa ver de perto! - Outra vez, WangJi recuou. De alguma forma, sabia que o misterioso rapaz de cabelos longos não representava perigo, mas a presença dele o deixava estranho, o incomodava de um jeito que não sabia explicar. Talvez fosse a situação anormal, estar num local abandonado, com um desconhecido que sabe-se lá Deus de onde saiu. Esse tempo todo sequer conseguiu encará-lo, mas também! Ele estava pelado, completamente despido e não demonstrava qualquer constrangimento. — Woah! O que foi? huh? Acha que eu vou te roubar ou algo assim? Não precisa se preocupar, agora o que é meu é seu e vice-versa, não?