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  Quando eu era menor adorava tomar banho no banheiro da minha mãe. Ficava encantada com os diversos óleos e aromatizantes que continham, mamãe nunca permitiu que eu fizesse uso dos seus produtos, mas nunca fui uma criança muito obediente.

Despejo os óleos perfumados em minha pele, que fica escorregadia e macia. Fecho meus olhos sentindo o vapor da água em contato com meu corpo, deslizando minhas mãos lentamente.

Impossível não imaginar que sejam os toques dele. Quando tomei minha decisão não achei que ficaria tão nervosa quanto estou agora. Mas procuro relaxar. A água quente e os aromas suaves acalmam meus nervos pouco a pouco.

Meus pensamentos vagam, e então repasso um detalhe que remoí durante as duas últimas horas, Noah não é idiota, provavelmente vai querer saber o porquê de eu ter parado tudo naquele dia em que quase dormimos juntos, o porquê do meu desespero. Obviamente ele sabe que não é apenas o medo do marketing.

Estou disposta a contar tudo esta noite, se ele assim desejar.

Estou disposta a colocar todas as cartas na mesa, jogar limpo, esclarecer tudo. Sem dúvidas, sem mal-entendidos, sem mais complicações. Preto no branco.

Recosto no vidro do box sem parar de me ensaboar. Meu corpo cheira a lavanda, o aroma toma todo o ambiente acalmando meus nervos.

Então volto a pensar em nosso último contato.

Seu corpo prensado contra o meu, meus lábios em seu pescoço, sua mão apertando minha cintura...

  Solto um suspiro sentindo o formigamento entre minhas pernas. Acaricio meu corpo tentando aliviar a tensão de meus músculos, que despertam com uma simples lembrança.

  Fecho meus olhos encostando no vidro do box e deslizo minhas mãos por minha cintura, pescoço e seios, apertando-os de leve. A hipótese de que mais tarde minhas mãos sejam substituídas pelas suas me desconcerta.

  Em fim desligo o chuveiro e me enrolo na toalha.

Passo rímel suave nos olhos e um pouco de blush. Sorrio ao espalhar gloss de cereja por meus lábios lembrando de um comentário em especial.

Solto meus fios loiros e secos, penteando-os com os dedos, até que fiquem lisos como gosto. Vou até o closet e mordo meu lábio com um sorriso ao deslizar meus dedos por uma lingerie preta mais ousada.

Paro em frente ao espelho e visto-a, e, pela primeira vez em muito tempo, me sinto bem em uma lingerie deste estilo.

Visto uma camisola preta de amarrar nos ombros e suspiro feliz comigo mesma.

Finalmente estou me permitindo seguir o meu coração, fazendo pela primeira vez na vida algo que efetivamente eu quero, ou melhor, que anseio.

Desligo as luzes, ligando o abajur em seguida. A luz amarelada acentua o clima aconchegante do cômodo.

Me deito na cama tentando me acalmar, meus batimentos estão descompassados e respiro com dificuldade.

Fecho meus olhos e procuro relaxar.

22:00 em ponto. Enterro meus dedos no colchão da cama de casal. Meu peito sobe e desce no decote da camisola ao passo que minhas mãos tremem como nunca antes.
O frio na minha barriga se torna quase insuportável.

I see a million stars - noart Onde histórias criam vida. Descubra agora