33 | A LUZ NO FIM DO TÚNEL

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n/a: não me questione sobre, apenas ria comigo do meme a cima

𝐴𝑋𝐿

Erin sempre reforçou que eu deveria sentir na pele o fervor e a intensidade, e que quando isso acontecesse, faria tudo valer a pena. Não sei em qual realidade paralela ser corno vale a pena. Mas, ainda assim, eu sentia que não chegaria a um pico de emoção. Pelo menos, não sem Erin.

Todos que me conhecem, ao menos, sabem que flexibilidade nunca foi do meu feitio. E, querendo ou não, ainda temo com a sensação de ficar mais uma vez sozinho. Sinto até um gosto ruim na garganta ao lembrar a imagem de Isabella sumindo no meio do aeroporto. Mesmo que tenha passado quase um ano desde o ocorrido, e Bella provavelmente está muito longe daqui, uma parte de mim ainda é inteiramente rendida a ela, alimentando a esperança de tê-la em meus braços novamente, quando tudo era inigualavelmente melhor.

Um suspiro longo saiu de dentro de mim, a fumaça do cigarro fez com que eu tossisse algumas vezes. Passei as mãos pelas minhas têmporas na esperança que aliviasse o peso que estava sentindo sobre minha cabeça. Não parecia uma dor de cabeça comum, era mais como se o meu pescoço não conseguisse equilibrar minha cabeça e deixá-la erguida.

Uma movimentação chamou minha atenção, mas não o suficiente para que eu levantasse minha bunda do chão. Continuei massageando minha testa, com os polegares e indicadores das duas mãos, mas não evitei levantar o olhar imediatamente assim que ouvi algo sendo quebrando. Sem disposição alguma, cerrei meus olhos a fim de forçar a visão para enxergar melhor.

Em minha volta, tudo que poderia ser uma opção de defesa seria alguns restos de cigarro e uma garrafa de uma bebida vagabunda que eu nem sequer sei o nome. Entre minhas milhares de opções, decidi usar a garrafa como um suporte e continuei encarando a direção que vinha o barulho. Um silêncio tomou conta do apartamento, em seguida ouvi alguns barulhos fracos de passos... Na verdade, não eram bem passos... Eram patinhas?

E de repente a Chico entra no quarto sem um pingo de senso de direção e acaba chocando com a porta, incidentalmente batendo com força na parede e caindo alguns farelos de massa corrida gasta em cima da sua própria cabeça.

"Chico!" Me ajeitei no lugar e encarei o animal com surpresa, julgando aquilo tudo como inexplicável "Chico, você está be..."

Parecia que ele era ligado com pilha e tinha um comando toda vez que alguém dizia seu nome, pois assim que eu repeti seu nome ele imediatamente se ergueu do chão e virou a cabeça em minha direção, como se fosse um robô. Chico se inclinou para trás para pegar impulso e logo me dei conta do que estava por vir.

"Não, Chico! Calma!" Disse com cautela, balancei as mãos em minha frente como um escudo, mas minhas palavras foram em vão. Assim que acabei de soletrar a palavra "calma", o bode correu até mim com suas patinhas desengonçadas, uma tropeçando em cima da outra.

"Você endoidou, é?" Tentei fazê-lo se acalmar, mas ele estava muito agitado e não parava de pular por cima das minhas pernas, de um lado para o outro.
De repente o bode cansou e decidiu abusar da presença e se acomodou no meu colo "Como você veio parar aqui, garoto?" Fiz carinho em sua cabeça, mas ele apenas fez aqueles típicos barulhos que todos os bodes fazem "Olha para mim, conversando com um bode." Ri da minha situação e ele continuava a me encarar, sinceramente não sei bem se ele estava olhando para mim já que seus olhos eram vesgos e apontavam um para cada lado.

O animal se aconchegou ao achar uma posição agradável, pois assim que olhei por cima de sua orelha, seus olhos já haviam se fechados. Sempre dizem que os animais sabem quando um humano está triste, e neste momento, não pareceu uma má ideia ter uma criatura inofensiva como sua companhia e, também, provavelmente a única.

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