ISABELLA

27 | HISTÓRIAS MAL CONTADAS

𝐴𝑋𝐿

Erin já estava sumida há alguns dias, deixando seu apartamento desalumiado para nós, cinco jovens com ausência de banho. Já esperava que coisa boa não fosse dar, principalmente com Slash, Duff e Steven em meio metro quadrado simultaneamente. Não era nenhuma peculiaridade saber que as paredes desse apartamento poderiam ser muito bem derrubadas por esses três.

Duff sempre se doou muito às suas companheiras, principalmente quando o assunto são seios, mas assim que tudo acaba a girafa oxigenada faz a festa. E hoje é um desses dias, os dias em que Duff precisa comprar um Jimo Cupim para passar na sua cara de pau.

Duff havia se envolvido de certa forma com Vick, mas ela parecia estar mais interessada em nortear a banda do que dar a devida atenção ao loiro. McKagan, na verdade, acabou não dando tanta importância, era evidente que o loiro tinha a intenção de provocar Steven com Vick na maior parte do tempo debaixo de seus braços, e não assumir algum compromisso com a mesma.

Mas da mesma forma, hoje a cabeleira loira passa por todos os cantos do apartamento, a cada segundo com uma groupie e uma garrafa de vodca diferente. Se esse desgraçado não for parar hospital, eu passo a acreditar na imortalidade.

"Achei meu bebê!" Big Lilly quase derrubou a porta assim que deu de cara comigo sentado na cama. Ela estava completamente alterada, com os cabelos bagunçados parecendo Steven, uns óculos de mergulho na cabeça e uma boia de flamingo envolta de sua cintura, Big Lilly se jogou em cima de mim, podendo ouvir as molas da cama estralando.

"Eu vou morrer, eu estou vendo a luz." Balancei os braços debaixo dela com a voz falha por conta do sufocamento. Big Lilly nem sequer prestava atenção nos meus pedidos de socorro e continuou depositando beijos extremamente molhados por todo o meu rosto.

"Eu amo tanto você, meu precioso." Disse enquanto esgoelava meu pescoço abraçado por seus dois braços cobertos de purpurina.

"Big Lilly!" Tentei chamar sua atenção "Big Lilly, eu não sou o Steven!" Finalmente parou de me espremer. Cerrou seus olhos avaliando cada parte do meu rosto, tentando identificar quem ela havia massacrado todo esse tempo.

"Não acredito. É você alecrim dourado?" Saiu de cima da cama imediatamente "Por que você não me disse antes, Axl?" Antes mesmo de eu me explicar, Big Lilly me interrompeu: "Vamos para a festa! Faz tanto tempo que você está com essa bunda colada no colchão que parece que você vai virar parte da cama."

"Já é a quarta festa que seu pReCiOsO dá, só essa semana." Debochei "Eu estou com muita coisa na cabeça, não tenho tempo para competições de quem vira mais shots ou quem transa com mais groupies." Abri a porta para que ela saísse "Até porque eu ganharia." Sorri fechando a porta, impedindo de que falasse mais alguma coisa.

Eu fico repassando as últimas semanas na minha mente, me perguntando constantemente onde que eu deixei de ser o homem que compõem uma música como forma de declaração e passei a ser o cara que agride a sua própria companheira. Ainda mais com uma realidade muito acabrunhada presente em minha infância. Boa parte do medo que me consome é a influência dos homens que minha mãe colocou dentro de casa.

Desde então, eu passei os dias sob um teto mofado às escuras, onde minhas únicas companhias eram uma mente conturbada e meus próprios baseados enrolados por mim mesmo.

Antes, uma das minhas poucas ambições era compor, agora minha única motivação para levantar da cama é poder ter a sensação do arrepio ao sentir as gotas geladas do chuveiro molharem meu rosto.

"Ei man, me passa um." Izzy chamou minha atenção. Entreguei um baseado enquanto o moreno me fazia companhia "Axl, você parece a bunda do Slash de tão feio, mas hoje tu passou do esperado, parece que você não dorme há dias."