04 | VOCÊ É SURDA?

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"VOCÊ VAI MATAR ELE." Gritei desesperadamente tentando Tracii de cima do homem, mas o mesmo continuava socando seu rosto espalhando respingos de sangue pelo chão.

"CHEGA." Puxei o corpo de Tracii com ajuda de mais algumas pessoas, enquanto o homem ficou no chão gemendo de dor.

"Você está bem?" Tracii perguntou assim todos se acalmaram. Concordei mas na verdade eu não tinha digerido nem metade do que tinha acabado de acontecer. Eu definitivamente só queria ir para casa.

"Me desculpa por isso." Tracii falou me dando um abraço. Eu respirei fundo e segurei algumas lágrimas que ameaçavam escorrer pelo meu rosto.

Com ajuda de Tracii avistei Axl e fui ao seu encontro. Depois do que acabara de acontecer, tinha até me esquecido o que Chloe havia me dito.

Axl estava virando milhares de shots, um atrás do outro. As pessoas envolta gritavam 'Vi-ra, vi-ra, vi-ra, vi-ra'.

Respirei fundo e fui até o ruivo pedindo para que ele fôssemos embora. Ele sequer notou a minha presença. Segurei o seu rosto o virando para mim, pedindo para que mais uma vez voltássemos para cara.

Recebi como resposta um bafo extremamente forte quase tirando meu olfato dizendo "Não incomoda Isabella, nós já vamos".

Algumas prostituas se juntaram e subiram na mesa rebolando suas bundas enormes. Eu e minha bundinha de grilo choramos. Os homens aplaudiram e Axl não tirava o sorriso do rosto. Eu estava cada vez com mais nojo daquele lugar.

Continuei encarando Axl esperando por alguma resposta.

"Caralho, você é surda? Eu disse que nós já vamos." Rose disse e os homens ali presentes bateram em suas costas como forma de parabeniza-lo. Vão se foder.

"Axl, eu preciso voltar para casa, aconteceu uma coisa." Eu insistia um pouco nervosa limpando algumas lágrimas.

"VAI SE FODER." Rose deu um tapa forte na mesa irritado "Se você quer voltar para casa, a porta está aberta. É tão difícil entender que eu estou pouco me fudendo? Você é minha mulher, não uma criança que precisa depender de mim."

"Você está maluco? Eu nunca dependi de você e não vai ser hoje que eu vou." Apontei o dedo na sua cara, descontando toda a minha raiva "Eu não sou obrigada a ficar nessa merda de lugar servindo de plateia enquanto tem prostituas rebolando no pau do meu namorado."

"Eu já disse que você pode embora." Axl apontou para a porta.

"Quando você virou esse merda?" Falei indo em direção a entrada.

Depois de passar por uma multidão eu finalmente consegui chegar na frente da casa de Tracii. Entrei no primeiro táxi que vi e voltei para casa.

Paz.

Todos os sentimentos ruins se juntaram para dominar meu corpo. Além de eu estar decepcionada, eu estava puta. Eu não conheço aquele Axl, eu realmente nunca vi ele nesse estado

Em dois anos nós bebemos muito, perdi a conta das vezes que eu e Rose voltamos tropeçando em nossos próprios pés ou até mesmo quando nos divertíamos em casa.

Abri a janela do táxi na esperança de respirar um pouco de ar fresco. Sentia meu rosto inchar com a quantidade de lágrimas que escorriam pelo meu rosto.

Se não bastasse aquelas piranhas rebolando em cima de Axl, aquele bêbado nojento me assediando. O que se passa na cabeça de alguém para tomar essa atitude?

"Isso é uma duvida que todos nós temos." O taxista respondeu fazendo eu ficar extremamente constrangida. Será que eu estava pensando tão alto assim?

"Vocês estão juntos a quanto tempo?" Ele perguntou se referindo a Axl.

"Ontem completamos dois anos juntos." Respondi limpando algumas lágrimas e como resposta o homem arregalou os olhos.

"Que filha da puta!" Ele bateu no volante me deixando um pouco assustada "Sabe, minha jovem, eu sou bem vivido. Tenho quase 70 anos nas costas, e se uma coisa que eu aprendi durante esse anos é, não deixe que algo tão pequeno que machuque com tanta agressividade."

Ele dizia mas eu não sabia exatamente o ponto que ele queria chegar.

"Esse Aqueceu foi um cuzão! Mas não permita que isso estrague sua vida. Você é muito jovem. Da um murro nesse vagabundo e vai embora." Ele falou me fazendo rir.  Na verdade eu nem sabia como as coisas iriam ficar dali pra frente.

"Você não precisa esconder seus sentimentos. Nós somos seres humanos. Se você precisar chorar, chore, mas chore para um caralho. Isso é uma fase, a vida é feita de fases e você precisa saber respeitar elas."

Desci do táxi o agradecendo pela pequena sessão de terapia. O que o homem havia me dito, realmente ficou em minha mente, me fez ter um olhar diferente das coisas.

Estava abrindo a porta de casa e já consegui ouvir o telefone tocando desesperadamente. O universo está conspirando contra mim. Abri a porta e fui direto para cozinha, chocolate me ajuda em momento tristes.

Tentei ignorar o telefone mas aquela merda não parava de apitar, parecia que minha cabeça iria explodir. Eu juro que ser o filha da puta do Harry.

"Harry, hoje é final de semana não sei você percebeu. Eu não estou com a mínima paciência para ouvir a sua voz, com todo respeito. As coisas já não estão fáceis se você não quiser complicar mais ainda, eu agradeço." Desliguei o telefone o grudando com toda força na parede.

Me joguei no sofá passando os canais a procura de algo que me distraísse.

Respirei fundo deixando mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Parece que a fixa está caindo. O conjunto de merdas que aconteceram hoje estava me deixando cada vez mais confusa.

O que eu irei fazer se aquele homem aparecer novamente? Eu nem sequer consegui me defender direito, as pessoas em volta tratavam aquilo com tanta normalidade.

E se aquele for o verdadeiro Axl? Ele estava tão diferente, parecia que algum demônio havia o possuído. A forma que ele falava e me olhava, ele nunca tinha feito isso antes.

O telefone que tocava desesperadamente me tirou de meus pensamentos. Inferno!

Peguei o telefone em minhas mãos e respirei fundo, desejando que Deus me desse um pingo de paciência.

Estava prestes a larga um belo 'vai se foder' na cara de Harry mas antes que eu pudesse dizer algo, uma voz me interrompe fazendo com que minha garganta secasse.

Puta merda!

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