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Over and over
I'll be where you are
Never far

MATT —

Por incrível que pareça, leva pouco mais de uma semana para que eu pare de pisar no pé de Lizzie em todas as aulas, ou fazê-la tropeçar. Aparentemente, não entendo nada de compasso, mas consigo aprender o suficiente para pelo menos parecer bem feito.

Lizzie é uma excelente bailaria, e devo cento e dez porcento do meu quase sucesso a ela. Além de tudo, ela ainda é paciente. Na medida do possível, já que ela fala mais palavrões do que minha mãe no trânsito.

Já faz alguns dias que consigo manter o ritmo sem errar, esmagar o pé de Lizzie ou causar qualquer outro acidente. Falta pouco mais de uma semana para o baile também, então já começo a ficar nervoso.

— E aí. — Lizzie diz, enquanto contornamos o quadrado imaginário na nossa dança. — Quando vão escolher as roupas?

— Amanhã. — respondo. Estou ansioso por esse momento. Minha mãe nos levará até a boutique de uma grande amiga dela, e já faz uns cinco dias que Melanie tagarela animadamente sobre isso toda vez que nos encontramos na escola ou conversamos por mensagem.

— Boa sorte com isso. — Lizzie diz, me dando um sorriso de conforto. Sei que não é cem por cento verdadeiro, porque ela está chateada. Sei reconhecer isso na minha melhor amiga.

Depois que o pai dela viajou, algum tempo antes, para o México, ela está diferente. Soube que uma tia dela infartou e foi internada às pressas, e a família não tinha condições de cuidar dela e de seus filhos.

Já faz três dias que o pai dela ligou. A tia não resistiu. Falecera aos cinquenta anos, deixando para trás três filhos, dois ainda menores de idade.
Meus pais haviam oferecido pagar as passagens de Lizzie e Bernice para o velório e o enterro, mas elas não aceitaram.

— Por que vocês não aceitaram? — pergunto. Ela obviamente não entende do que estou falando. — As passagens. Para o velório.

Ela assente depois de entender o que eu queria dizer.

— Não fazia sentido. — ela responde. — Não vemos minha tia há anos. Não estivemos juntas enquanto ela estava viva, então não faz o menor sentido que façamos essa viagem quando ela não está mais lá.

Eu assinto. O assunto mata a dança, então decidimos parar e sair para dar uma volta.

Vamos à uma sorveteria no centro, onde tem o melhor milk-shake de todos. Lizzie pede um de chocolate amargo, e eu de frutas vermelhas.

Bebemos em silêncio, sem trocar nenhuma palavra. Mesmo assim, não é desconfortável. Podemos falar sem parar, sobre qualquer coisa idiota, mas também podemos ficar em silêncio por horas a fio, apenas na companhia um do outro, sem nenhuma interação além disso.

Depois de alguns minutos, vejo algumas pessoas da escola entrando na sorveteria. Sinto meu corpo gelar de apreensão. São David, Mike, Connor, Juliet e Sarah, alguns membros do clubinho de elite que faz questão de me diminuir sempre que podem.

Por mais inacreditável que isso seja, eles não fazem nenhuma piadinha comigo. Só me cumprimentam e seguem para uma mesa nos fundos.

Lizzie parece chocada. Mas só por alguns segundos.

— Isso é porque você está saindo com a Melanie? — ela pergunta, olhando fixamente para eles, que riem e conversam alto.

— Acho que sim. — respondo.

Definitivamente, Melanie Collins é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.



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Till I'm Old and GrayOnde histórias criam vida. Descubra agora