And I'm asking you
Just let me be the one to
Carry youMATT —
Minha visão está turva e escura e, conforme eu me movo, tudo parece rodar ao meu redor. Ouço a música que toca no bar do hotel se distanciando enquanto eu ando para longe dali.
Não sei para onde estou indo, mas Melanie está segurando minha mão, então tento não me preocupar.
Consigo ouvir a risada dos garotos atrás de mim, mas não consigo vê-los quando viro a cabeça de um lado para o outro à sua procura.
De repente, Melanie para em minha frente, estica os braços e os entrelaça ao redor do meu pescoço. Ela cheira a álcool. E doce. Álcool doce.
Ela olha para mim como um predador olharia uma presa, e não sei como me sinto sobre isso até sentir os lábios dela encostando nos meus.
Ela tem gosto de álcool e doce conforme aprofundamos o beijo.
As coisas continuam girando ao meu redor, a risada de Connor, David e Mike continua atrás de mim, eu continuo sem saber onde estou.
Estou com calor. Talvez seja por conta do beijo, mas estou com muito calor.
Tento respirar fundo quando Melanie se afasta de mim, ainda com os braços em volta do meu pescoço.
— Mel... — eu consigo dizer, mas acho que já é tarde demais, porque estou flutuando em direção ao chão, depois vendo os rostos de Melanie e seus amigos logo acima de mim, para todo lado, rindo em volume máximo, ecoando pela minha cabeça.
***
Quando abro os olhos, minha cabeça dói. Na verdade, parece que um vulcão entrou em erupção dentro de mim. Estou fervendo. Levo a mão até a testa, que está úmida e gelada.
Pisco algumas vezes, tentando enxergar melhor.
Estou no chão. O teto acima é sujo e encardido, e não tenho a menor ideia de onde estou.
Tento me levantar, mas a tontura é maior que qualquer coisa. Viro a cabeça para olhar ao redor.
Estou cercado por prateleiras brancas cobertas de produtos de limpeza, caixas, rodos e vassouras. Não sei que lugar é esse. Nunca estive aqui.
Sinto frio e, quando olho para baixo, percebo que, exceto pela minha cueca branca, estou pelado.
O entendimento me atinge como um golpe.
Eles tinham armado para mim. Todos eles. Inclusive Melanie.
Sinto a decepção tomando conta de mim, o peito doendo pelo desapontamento.
Sou um idiota. Sou um idiota. Sou um idiota estúpido e burro.
Sou o retrato do fracasso. O mais fodido entre todos os outros fodidos.
Com algum esforço, consigo me levantar, praticamente me arrastando até a porta. Giro a maçaneta, mas nada acontece.
As lágrimas começam a escorrer por meus olhos sem que eu consiga sequer tentar controlá-las.
Eles me deixaram preso ali. Melanie me deixou preso ali.
Bato na porta dezenas de vezes, chamo, exclamo, grito, mas ninguém aparece.
Minha garganta já está doendo, e minha mão também, então desisto. Sento-me de costas para uma das prateleiras, encolhido com os joelhos contra o peito. E fecho os olhos.
Algum tempo se passa até que ouço uma chave girar na fechadura. Não consigo ter forças sequer para me levantar.
Não restou muita coisa de mim, e estou enjoado por causa de seja lá o quê eles colocaram na minha bebida.
Uma senhora aparece na porta, e ela dá um berro.
— Meu filho! O que aconteceu com você? — ela pergunta. Me surpreende que ela não esteja assustada, porque ela corre para dentro do minúsculo cômodo e se ajoelha ao meu lado, virando minha cabeça para si.
Estou zonzo. Quero vomitar. Quero chorar mais um pouco. Quero desaparecer.
— Vem. — ela diz, estendendo a mão para mim. — Vamos sair daqui.
Ela puxa uma imensa toalha branca de dentro de uma das caixas, jogando-a por cima de mim como um manto.
A mulher me puxa pela mão por alguns corredores, depois descemos uma rampa e ela abre uma porta.
Quatro pessoas estão sentadas à uma pequena mesa redonda, comendo. Surpresos, todos olham para mim. Eu me encolho ainda mais.
— Doparam o garoto. Deixaram ele pelado no almoxarifado. — a mulher que me resgatou explica.
Todos parecem em choque.— Tem um uniforme reserva que tenho certeza que vai servir em você. — um dos rapazes diz, prontamente se levantando e abrindo outra porta. Não demora muito para ele voltar, com uma camisa branca, uma calça preta e um par de Crocs pretos desgastados. — O sapato achei nas coisas de um antigo funcionário. — ele diz, entregando-me a pilha.
— Obrigado. — não consigo dizer muito mais que isso. O rapaz me guia até um banheiro pequeno, onde bato a porta e, em silêncio, visto a roupa doada.
Quando saio, todos estão olhando para mim, apreensivos.
— Alguém pode me emprestar um telefone? — pergunto.
Uma das garotas me estica a mão, segurando seu celular, já desbloqueado.
Digito um número e espero.
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Till I'm Old and Gray
RomanceEle sempre teve tudo que quis. Ela sempre viveu à sombra de filha da empregada. Quando um baile se aproxima e somente um pode ajudar o outro, a amizade pode florescer e indicar novos caminhos. © Hellica Miranda. 2019.