Parte III.

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A sensação de vitória pode te cegar mais que uma batalha ganha. E com certeza o otimismo em situações antecipadas é perigoso.

O plano nunca foi ganhar da polícia, mas sim provar que não somos tão idiotas quanto pensam. E continuamos provando á cada dia.

Depois do início de uma batalha, de repente, você sente como se tivesse uma corda enrolada em seu pescoço, e a cada minuto, ela aperta mais.

E ao fim da batalha, ela permanece intacta. Te apertando pra sempre, lembrando permanentemente que aquilo ainda não acabou.

Ás vezes vale bem mais uma batalha contra você mesmo do que contra seu pior inimigo.

Seu pior inimigo pode ser você.

[ . . . ]

Berlim sempre conheceu gente demais. Dependendo do ponto de vista, isso pode ser tão bom quanto ruim.

Mas, no nosso caso, isso era bom.

–Tenho algumas pessoas que podem ajudar. –Berlim comentou.

–Pessoas iguais á Sydney? –Nairóbi questionou, ironizando.

–Em mente já tenho cinco delas. De confiança. Sérgio os conhece. –Berlim levantou do chão em que estava sentado e arrumou seu casaco.

–Chame-as. –Digo.

–Quanto mais gente, melhor. E se você os conhece e confia neles, eles estão dentro. Mas, precisamos fazer algumas perguntas antes. Não acha? –Questionei.

–Sim. Com certeza. –Berlim confirmou.

–Então tá. –Levantei do sofá e limpei a garganta. Peguei os papéis que estavam jogados ao meu redor e caminhei devagar até a ponta do corredor onde ficavam os quartos.

–Entre em contato com eles o mais rápido possível. –Disse antes de entrar no corredor.

Nós precisávamos de seriedade nos próximos dias, talvez meses.

Não poderíamos dar bobeira e, eu, principalmente, teria de manter o pulso firme.

Por mais estranho e doloroso que isso seja, eu teria de tomar o lugar do Professor.

[ . . . ]

–Tóquio? Pode vir á sala? –Ouvi a voz de Berlim me chamando na porta do meu quarto. Há alguns dias o pedi para providenciar e entrar em contato com algumas das pessoas que ele havia me dito. O mesmo o fez.

–Já vou! –Exclamei e fechei meu caderno de anotações em cima da pequena mesa de canto de meu quarto.

–¿Por qué tú me bailas así? Como si estuviéramo' en la cama. –Cantarolei comigo mesma enquanto arrumava meus cabelos em frente ao espelho, me aprontando para sair do quarto e ir até a sala.

Vesti calças e sai do meu quarto, ouvi alguns barulhos vindos da sala. Vozes.

Definitivamente vozes.

Vozes desconhecidas, o que há tempos não tínhamos o prazer de escutar.

Caminhei devagar até o final do corredor, onde eu já conseguia enxergar algumas pessoas.

–Vem. Quero te apresentar algumas pessoas. –Berlim me chamou com a mão.

–Essa é a Tóquio. Ela é quem 'tá planejando um novo roubo, e por isso precisamos de vocês. –Ele me puxou para ficar ao lado dele.

El Comienzo Del Caos.Onde histórias criam vida. Descubra agora