My Charm In Anatólia - Yoonkook Jikook Taegi

Como Seguir em Frente?

Com os passar dos dias, o verão chuvoso prejudicava o trabalho dos agricultores, levantava preocupações sobre a colheita, e dificultava a estocagem nos porões das casas do clã. Por mais que tentassem guardar alimentos, estes estragavam rápido e deixavam um cheiro muito desagradável na clareira, obrigando todos a voltarem para os campos e colherem o que ainda restava; uns poucos frutos verdes e sem gosto. As crianças pouco brincavam, eram orientadas a proteger as hortas de pequenos invasores, e os adultos davam o seu melhor para buscar alternativas seguras contra o inverno. Porém, os mais jovens e ousados não estavam preocupados com o sustento que vinha dos campos, ao contrário, já haviam decidido que a caçada ganharia reforço, que os chás e leite seriam um agrado e que peixes ainda poderiam ser pescados, desde que o mais corajoso dos homens não temesse o frio da época gelada no Rio Linus.

A novidade não agradou Hoseok, que estava sentado num tronco demolido naturalmente, próximo do grupo de jovens novatos guiados pelos caçadores. Ele os via aprender a usar as armas que capturariam os animais, mas não estava autorizado a se intrometer ainda, já que sua mãe estava de olhos atentos por conta de seu braço enfaixado.
De fato, ele ainda sentia incômodos nas feridas cicatrizando, mas não hesitava em fingir que estava ótimo, tudo para que voltasse a ser o líder dos caçadores.

Entendiado, Hoseok resmungou um palavrão, analisou o braço coberto por linho e deu pouca importância para Jin, que se colocou na sua frente e lhe ofereceu uma tigela pequena com chá; a terceira só naquele dia:

— Beba para...

— ... eliminar toxinas — mal humorado, Hoseok virou a tigela de uma vez contra a boca e a devolveu vazia. — O gosto conseguiu ficar melhor. Ah, espere, lembrei que perdi o paladar.

Cheio de tédio, Jin sentou e sufocou uma risada quando observou o desastre que eram os novatos:

— Agradeça por não ter perdido a vida. E peça à Deusa Mãe que esses coitados não percam a vida deles também. Veja aquilo, a ponta da lança está apontada baixo, como se fosse um apoio para o descanso daquele idiota.

— Ah, são tantas as certezas de morrer esfomeado! — cansado de não poder fazer nada, Hoseok gritou dali mesmo suas ordens, raivoso com o grupo avoado. — Tratem de prestar atenção ao treinamento, senão vou comer vocês no meu jantar, bando de moleques ignorantes! Hei, você aí, espere para ver se não arranco seus olhos se os revirar para mim de novo! Está duvidando?! Olha lá, ele duvida de um líder! Ah, eu vou...

— Hoseok! — lá estava a mãe do rapaz lhe apontando um facão, no trabalho com o grupo de cozinheiros. — Não me obrigue a lhe arrastar de volta para a cama!

— Omma, sou um líder, não um menino!

— E cale a boca!

— Sim, omma — Hoseok murmurou obediente e abaixou a cabeça, mas quis acertar Jin rindo convulsivo ao seu lado. — Por que ainda está aqui? Veio rir de minha desgraça, não é? Estou debilitado, mas posso muito bem lhe colocar no seu devido lugar. Passei por desafios absurdos para obter liderança, e posso usar minhas experiências contra o druida preguiçoso que me tira a paciência.

— Olhe, não tenho preguiça, mas sim desprezo pelos meus afazeres. São coisas diferentes, entende? Preguiça e desprezo são como dois montes, e há um abismo de distância entre eles, onde eu me encontro caindo todo o tempo, até que chegue o momento em que me estatele no chão enlameado.

Perplexo com o discurso, Hoseok franziu o cenho para Jin e observou o dedo erguido e seriedade no rosto cheio e sem emoções, logo, concluiu que não se importava:

— Não seria mais fácil admitir que tem preguiça? Pela Deusa Mãe, você me deixou tonto!

— Garanto que faria minhas funções com prazer se eu fosse um bardo. Aliás, ficou sabendo que sou muito bom com canções e instrumentos? Bem, tenho dado minhas escapadas para aprender muito mais. Porém, os bardos estão passando a me rejeitar, e tudo graças ao chato do Druida Nam, que não larga de mim.