My Charm In Anatólia - Yoonkook Jikook Taegi

Depois da Tempestade

Com o clima frio da noite encharcada de chuva recente, o cheiro da floresta passou a ser uma mistura cítrica e doce, inebriando quem ousasse sair e pisar no solo úmido para ver o brilho dos vagalumes por entre as folhas das árvores. E embaixo de uma destas árvores, a de folhagem de ramos longos que pendiam para o chão, Jungkook congelou de nervosismo ao ver Jimin de peitoral nú e expressão ansiosa lhe encarando de volta. Ele umedeceu o lábio inferior, gesto capturado pela atenção do outro, e engoliu em seco se sentindo incapaz de se mover.

Na sua frente, Jimin desviou o olhar curioso para um dos ramos espessos e baixos da árvore, e seu rosto brilhou com as luzes dos vagalumes saindo dali e voando ao redor, deixando Jungkook absorto com a cena encantadora:

— Jungkookie, curiosamente, viemos para debaixo do Salgueiro.

Jimin analisou os ramos verdes e bem cuidados pela Deusa Mãe, em seguida observou o príncipe atento em si:

— Sabia que o Salgueiro é a árvore que absorve as impurezas e as transforma em algo bom? Acredite nisso, estamos num lugar conveniente para você. Digo, você deve achar seu desejo por mim impuro, já que ama outro.

— Eu não sei o que... Bem, não é algo como im...

— Não precisa medir as palavras comigo. Sou pequeno, mas muito forte, entende? — tentando parecer indiferente, ainda que seu peito estivesse dolorido, Jimin tirou um pequeno ramo do Salgueiro e o estendeu para que Jungkook pegasse, o que ele fez curioso. — Segure este ramo com firmeza, assim você poderá se purificar, meu príncipe.

— Jimin.

Angustiado, Jungkook trocou o ramo de mão e prendeu seu olhar ali, incapaz de encarar alguém que tinha seu coração partido por si. Ele ainda amava Yoongi, só conseguia pensar no beijo que tiveram nas fornalhas, mas, de fato, algo em si despertou ao beijar Jimin. Naquele mesmo instante Jungkook queria esmagar aquele ramo e deixar claro que não via o outro como algo impuro, que o respeitava muito.

Porém, Jimin se adiantou, riu baixo e alisou o rosto triste:

— Jungkookie, por favor, não fique triste. Pare com isso, você não tem mesmo que pensar em mim, já que tem tantos problemas para resolver no clã e...

— Eu não quero que você sofra, Jimin.

— Então não sofra, assim eu não sofrerei — Jimin lhe mostrou seu sorriso sincero, mas fez bico quando o viu de nariz vermelho e olhos cheios de lágrimas. — Ah, não faça isso, pare agora. Olhe, você tem muitas escolhas a fazer no futuro. Se gosta mesmo de Min Yoongi, lute pela sua felicidade, está bem? Agora eu preciso ir.

— Não vá.

Jimin acreditou que não teria mais como se surpreender naquela noite, mas ficou sem fala quando foi puxado para um abraço terno que aqueceu seu peitoral nú. E Jungkook, por sua vez, fechou os olhos e apertou mais o abraço, de repente, arrepiado e um tanto dividido:

— Jimin, não sei o que pensar, nem o que farei depois de hoje, mas não quero que você se compare com algo impuro outra vez. Veja só, estou jogando este ramo fora e quero te dar isto aqui. Bem, é que você está tremendo de frio e pode ficar doente.

Sorridente, Jimin recebeu a capa de peles de Jungkook e quase sumiu nela, mas estava quentinho e com o cheiro de lavanda, o mais novo perfume do príncipe:

— Está mesmo preocupado comigo? Ora, posso me acostumar com isto, então, continue — radiante, Jimin passou os braços pelo alto dos ombros do outro e o puxou para baixo, para que ficasse de joelhos também na sua frente. — Vá lá, diga a verdade para mim. Você me deu sua capa, retribuiu os meus beijos e não me afastou agora mesmo. Jungkookie, vai mesmo me dar tanta liberdade?