Quando Abrir os Olhos...

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Durante dois dias inteiros o clã submergiu num mar de burburinhos e lamentos ao que se referia o estado de calamidade do príncipe Jeon, e este estava passando por apuros neste tempo, mas pôde abrir os olhos no terceiro dia e conversar com as visitas mais íntimas. Era manhã de chuva quando Jungkook recobrou total consciência, prostrado em sua cama de penas e aquecido com lençóis grossos de lã. Obviamente, ele agora se lembrara do que lhe acometeu, repassando em sua mente cada pequeno detalhe das lembranças dolorosas. E ainda que estivesse bem fisicamente, um peso em seu coração lhe deixava assustado ao pensar que Yoongi o amava, mas que estava sempre acompanhado por algo maior que si mesmo. Jungkook nunca imaginou que os boatos sobre seu amado fossem verdadeiros, tampouco viu algo demais em cabelos e olhos azuis tão diferentes. Todos tinham suas peculiaridades no clã, eram mesmo uma mistura sem respostas. Mas nunca houve quem pudesse dizer que era descendente de uma divindade, e muito menos que a mesma usava seu corpo para realizar suas ambições.
Arrasado, Jungkook sentiu quando uma lágrima deslizou pelo canto de seu olho, ao mesmo tempo que se lembrou de Yoongi aninhado em seu abraço. Se pudesse ele nunca mais o soltaria, mas ainda se sentia enfraquecer ao recordar daquele último beijo que o colocou em desgraça. Ele precisava desabafar com alguém sobre o ocorrido, até mesmo pedir ajuda para os dois, mas não tinha coragem de expor o segredo que Yoongi lhe confiou. Agora mentia quando lhe perguntavam sobre o que aconteceu naquela noite.
Ainda que dissesse a todos que havia sofrido um mau estar e ouvisse palavras de incentivo, seu sorriso poucas vezes se abria pois a fraqueza no corpo não era maior que a de sua alma. Todas aquelas flores - presentes enviados carinhosamente por seu clã -, dando cor e perfume em seu quarto iluminado pelos raios de sol entrando por entre as frestras dos troncos úmidos não eram suficientes para Jungkook sentir qualquer coisa.

De repente, o problema se tornou tão grande que só se podia encará-lo e perguntar: Como o resolverei se não sinto mais vontade de fazer isso?

Àquela altura, quem entrasse naquele quarto de flores e visse o belo príncipe de cabelos negros deitado em sua cama sairia dali mais triste, tanto quanto ele mesmo estava.
Sua mãe andava muito preocupada com todo aquele desânimo, e Jungkook compreendia a cada vez que ela entrava e saía com a constante testa franzida e olhos opacos. Sua mãe o queria feliz, mas não sabia como ajudar sem perdê-lo para os mistérios de Anatólia.

Mesmo assim, sem demora alguma lá estava Ejilah outra vez.
Cedo da manhã ela sentou ao lado do filho e descansou a mão sobre o peitoral firme, mantendo ainda um sorriso encorajador nos lábios:

- Meu príncipe está perfeitamente saudável neste momento, mas se recusa a levantar. Jungkook, tem me deixado de mãos atadas, de fato, sem saber o que fazer para lhe ver como antes.

- Estou bem.

As mesmas duas palavras de sempre soaram serenas e fracas, os olhos negros não tinham brilho e o rosto corado permanecia inexpressivo.

No entanto, ele observou a mãe cabisbaixa e se pegou condescendente de sua dor:

- Terei mais visitas hoje?

- Algumas crianças - ela assentiu, arrumando a lã alva por cima do filho a encarar todas as flores distribuídas pelos tronco da grande casa. - Mas você pode recusar se não se sente confortável.

- Os receberei, é claro. Diferente dos outros curiosos, gosto da verdade nas crianças. Tenho certeza de que me sentirei mais disposto depois de tal visita.

- Pois bem, meu querido.

Ejilah buscou as crianças sendo autorizadas a entrar no quarto, e sorriu gentilmente quando os dois meninos se empurraram com os ombros, numa clara competição de quem chegaria primeiro até o príncipe:

My Charm In Anatólia - Yoonkook Jikook TaegiOnde histórias criam vida. Descubra agora