My Charm In Anatólia - Yoonkook Jikook Taegi

Fim

A animada melodia dos bardos fazia com que a poeira levantasse das sandálias dos homens e mulheres festejando à luz de tochas e luar. Cantavam e dançavam bêbados e empanturrados porque aquela era uma noite de festa, afinal, os mais novos Reis do clã estavam em sua melhor forma em seus tronos.

Jimin e Jungkook recebiam montes de presentes e honras dos deuses, sempre sob os olhos experientes dos pais. Mas estavam tão felizes um com o outro que mal olhavam para os lados, e suas mãos não se soltavam de modo algum. Pareciam apaixonados como nos primeiros dias, ansiosos para ficarem sozinhos e matar seus desejos. Eram fervorosos nos lençóis, enquanto faziam amor, embora também passassem um longo tempo conversando e deixando carinhos nas peles arrepiadas.

Jungkook observava o mesmo brilhantismo nos olhos alheios, sempre um tanto reduzidos quando lhe sorria como fazia agora, e se perguntava: Em qual momento eu soube que era amor?

Aquela indagação não era frequente, vinha em fases de quietude profunda, ou mesmo abruptamente, embora um acontecimento qualquer sempre lhe fizesse deixá-la de lado.
Acontecimento este que, desta vez, veio com Jimin se levantando entusiasmado, pois  foi chamado para dançar com seus amigos. O viu se apressar para fazer o que amava, deixando seu rastro de risada para trás.

Não foi à toa que Park Jimin conquistou a liderança dos dançarinos. Desde menino já contemplava o movimento de toda a natureza ao seu redor, e usava dela para criar sua paixão. Era invejado pelos mais velhos de seu grupo e criticado pelos mais novos, no entanto, sendo foi do tipo que ouve a si mesmo. E agora era um Rei!

Comedido, Jimin foi sutil em seus passos para que a coroa delicada permanecesse em seu lugar, e girou algumas vezes com o embalo da música alegre, afeiçoado de ver apenas as cores das pessoas ao seu redor. Se sentia num outro lugar quando olhava para cima e encontrava a explosão de estrelas girando junto consigo, jamais deixaria de ser uma imagem impactante.

— Girando e girando.

Seus olhos ganharam foco no instante que procurou as estrelas, mas se percebeu travado e encarando olhos negros e zombeteiros logo acima de sua cabeça. A cantoria havia cessado, as pessoas não se moviam mais, sequer percebendo que Jimin estava duro por inteiro, de braço estendido para o alto e quase tocando a única pessoa capaz de falar.

Yoongi flutuava quase que de cabeça para baixo e, sorridente, firmou seu olhar frio no assustado do outro:

— Ora, por que há um mentiroso feliz por aqui? Não achou que eu deixaria que seguisse a sua vida de modo tão sujo, certo?

— Hunf...!

— Oh, quer falar algo, Park? Me parece estrebuchar engasgado! Mas eu não quero que você fale, não mesmo. Sempre me aborreci muito facilmente com idiotas e, neste dia, posso muito bem arrancar fora a sua língua, cortá-la antes mesmo que possa escondê-la de mim. Bem, de que serve a fala para os ignorantes, não é mesmo? Digo, o que você poderia dizer de útil? Sua imaturidade e seu ímpeto de desprezar o conhecimento são tão repugnantes que apenas um novo ato de bondade de seu Deus poderia ajudá-lo. E vou ajudar você, tenha certeza disso!

Não havia como Jimin deixar de se apavorar ao ouvi-lo, pois a expressão maligna no rosto pálido jamais poderia trazer algo de bom para sua vida. Pressentiu a destruição de tudo o que conquistou, e justo no dia em que uma coroa foi posta em sua cabeça.

Seus olhos lacrimejantes rolaram pela multidão e as lágrimas surgiram por não encontrar quem lhe ajudasse. Eles pareciam como estátuas gregas. Até mesmo Jungkook estava sereno em seu trono.

E aquele ato de desespero de Jimin gerou o murmúrio zombeteiro de Yoongi:

— Não adianta implorar com estes olhos imensos, seu ingrato! Mas não posso crer, venho em seu favor e sou visto com desconfiança — teve a atenção do outro de volta e, tomado por seu desejo de vingança, acertou-lhe uma forte bofetada que fez o rosto perplexo de Jimin queimar e virar com dureza. — Ah, eu sempre quis lhe devolver aquela bofetada, porque você sabe, não se bate na face de um Deus.
Oh, arranquei sangue de você! Lamento, talvez não tenha medido bem a minha força com um reles mundano, uh? Mas deixe de chorar, você não sabe o que é o verdadeiro sofrimento. Olhe para mim agora, pois não vou me demorar. Tocarei sua testa um instante e quero que seja obediente. Sim, segure suas lágrimas imundas e me escute muito bem.