epílogo

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1992


"O mar estava calmo quando Eddie chegou na praia, sentindo a brisa leve e salgada bater contra seu rosto, esvoaçando seus cabelos. Antes de qualquer coisa, contemplou a imensidão azul e sorriu já instantaneamente inebriado por aquela sensação de calmaria que sempre tinha quando observava a linha do horizonte e ouvia as ondas se quebrando.

A prancha de surf ao seu lado era como uma fiel escudeira e tendo feito seu momento de meditação, Eddie não tardou a colocá-la em ação partindo para o mar... Todos os pensamentos e problemas momentaneamente sendo esquecidos. Surfou pelo que lhe pareceram horas e o faria por mais outras horas se não tivesse percebido a presença de duas pessoas na praia que, da areia, acenavam em sua direção.

O coração foi preenchido por uma felicidade tão grande que nadou até o raso e colocou sua prancha firme na areia, agachando-se para abrir os braços para uma criança pequena correr animada em sua direção.

- Papai!

Quando as mãozinhas da menina grudaram em volta do seu pescoço, Eddie a ergueu em seu colo e sorriu quando ela se afastou, beijando-lhe o rosto. Quando se desgrudaram do abraço, as feições da menina ficaram perfeitamente visíveis o que lhe permitiu contemplar o quanto ela estava cada dia mais parecida com a mãe. Os olhos expressivos que certamente conseguiam qualquer coisa com um olhar, os cabelos da mesma tonalidade... Exceto pelo sorriso. O sorriso era inteiramente seu, de resto, ela era uma cópia quase fiel de Anna.

- Sei que esse é seu momento de relaxar, mas ela não me deixava em paz, estava pedindo muito por você - Anna disse observando a cena de braços cruzados, um sorriso diminuto perpassava por seus lábios contrariados. O sorriso se alargou quando Eddie aproximou-se para dar um selinho delicado em sua boca.

- Eu também relaxo com vocês aqui - Ele respondeu e voltou-se para a filha que brincava com os fios molhados de seu cabelo.

- Surfar, papai! - A menina disse e Eddie sorriu em sua direção ao ver que ela semicerrava os olhos para o mar. Protegendo os olhos dela do sol, Eddie colocou sua mão protetora acima da testa dela, servindo como uma viseira.

- Você quer surfar com o papai? - Ele perguntou e a menina confirmou com a cabeça batendo palmas de empolgação.

Eddie olhou para Anna com um sorriso vitorioso e ela simplesmente rolou os olhos, mantendo os braços cruzados.

- Isso não significa nada. - Anna disse com descaso e Eddie continuou fazendo caras e bocas para demonstrar sua vitória.

- Ela não quer mais pintar, agora ela só quer surfar, vamos, Anna, admita, ela me ama mais do que ama você - Eddie brincou de um jeito provocativo recebendo um olhar fulminante de Anna como resposta.

- Quero ver você se sentir vitorioso assim colocando ela para dormir - Anna rebateu e Eddie deu de ombros.

- É fácil, só preciso cantar para ela.

Anna tartamudeou, mas não encontrou argumentos o que só fez com que Eddie gargalhasse.

- Isso não é justo! Ela está cada dia mais parecida com você, só quer saber de surfar, mexer no seu violão e... cantar! - Anna reclamou parecendo mais nova do que a própria filha com aquela birra boba por ciúmes que só divertia Eddie.

- Anjo, ela é a sua cara. Já basta isso. - Eddie disse e abrindo mão da brincadeira, aproximou-se para beijar o rosto da mulher - Além do mais, ela te ama, não existe mãe melhor no mundo.

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