Naquele final de ano, faltando poucos dias para o Natal, iria completar um ano que meu pai faleceu. Nessa mesma manhã minha mãe resolveu que iríamos nos mudar. Ela achou que seria mais prudente do que me ver deprimido, chorando as escondidas achando que ninguém estava vendo, passando todo o meu tempo trancado no quarto, desejando estar morto.
Mas ela não consegue entender o que eu sinto. Não acho que as pessoas realmente superam a morte de um ente querido, apenas tentam seguir em frente, porém eu não consigo. Não quando presenciei todo o acontecimento e não fiz absolutamente nada para impedir.
Sinto falta das nossas conversas, dos nossos momentos juntos e principalmente, me arrependo de ter me afastado dele nos dois últimos meses antes de sua partida. Eu estava passando por vários problemas na escola, acabei me afastando do mundo, mas queria ter uma chance de consertar as coisas, de pedir perdão por tudo que eu lhe disse e fiz. Queria poder tê-lo de volta nem que fosse por apenas 1 hora. Meu coração dói só de pensar que eu nunca mais vou vê-lo, vou escutar sua voz, e que sua existência vai apenas estar na minha memória e não mais na minha vida. A gente sempre vê essas coisas acontecendo no mundo — uma pessoa matando a outra friamente, pessoas morrendo em um acidente... —, mas nunca pensamos que um dia isso pode acontecer em nossa família, sempre achamos que estamos livres de qualquer mal, quando na verdade não estamos, estamos cada vez mais desprovidos de proteção.
Hoje, eu sinto a dor dessas famílias que já perderam alguém importante de uma forma bruta; É uma dor horrível.
Eu queria poder ter feito alguma coisa, deveria ter feito algo; mas não fiz. Fiquei paralisado. Não tinha forças nem para sair do lugar onde estava. Se eu tivesse feito algo, talvez, agora meu pai pudesse estar vivo.
Não tinha conseguido ver quem o matou, tudo que eu vi foi um vulto preto com uma faca na mão.
Nos últimos meses que antecederam à sua morte, eu mal falava com meu pai e quando lhe dirigia a palavra, não era o que um pai gostaria de ouvir do seu filho. Eram palavras sem filtros, das quais nunca me causou arrependimento. Até agora. Mas fundo, eu sentia tudo o que não conseguia dizer nem para ele, nem para ninguém...
Nunca abri minha boca pra dizer que o amava. Ele morreu sem saber o amor imensurável que sinto por ele, a gratidão por tudo que já fez por mim. Por que você teve que ir daquele jeito? Será que um dia a gente vai se encontrar?
Até hoje a polícia não descobriu quem o matou. Sinto que eles não estão dando a menor importância para o que aconteceu, porque se realmente tivessem se importando, já teriam encontrado o assassino. Eles não tem uma única evidência. Como isso pôde ser possível? Nenhum assassino, seja ele profissional ou não, consegue cometer um crime sem deixar evidências. O que eu mais gostaria neste momento é pôr um ponto final em toda essa desgraça que chamo de vida. Para ser sincero, eu não a tenho. Desde que o perdi, sinto que uma parte de mim morreu junto com ele.
Minha mãe sempre tenta me fazer esquecer todo o ocorrido, só que eu não vou simplesmente esquecer tudo o que presenciei naquela noite, não vou esquecer que tiraram um pedaço de mim, que foi tudo culpa minha.
— Jimin! — Meus pensamentos se esvaem e tomo um susto ao ouvir gritarem meu nome em meio a todo aquele silêncio que estava minha casa.
Jihoon, meu irmão, entra em meu quarto. Simplesmente ignoro sua presença na esperança que desapareça, me deixando sozinho com meus pensamentos e continuo a colocar minhas roupas na mala.
— Você tentou aquilo de novo! — vociferou. Não ousei olhá-lo e muito menos responder. Jihoon segura meu braço puxando-o, fazendo-me virar cambaleando para trás. — Eu estou falando com você.
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SHADOW WAR || Jjk + Pjm
FanfictionA dor da perda é algo irredutível, lhe toma o peito e você se sente sem saída, perdido em um mundo de sombras. Park Jimin sabia bem o que era esse sentimento. Após presenciar a morte de seu pai o garoto se vê em um mundo completamente diferente do q...