TrinteDois

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P.O.V Jimin

Jeon mal tem tempo de estacionar direito quando salto do carro, corro para dentro de casa e subo as escadas em disparada, saltando dois degraus de cada vez, rezando para que Yeri esteja no quarto. Preciso vê-la, conversar com ela sobre os pensamentos malucos que andam rondando minha cabeça. Yeri é a única com quem posso me abrir, a
única capaz de me entender.
Procuro por ela em minha salinha de estudos, no banheiro, na varanda, gritando seu nome, sentindo-me estranho, aflito, angustiado, tomado de um pânico que mal consigo
explicar. Mas Yeri não está em parte alguma.
Então me jogo na cama e, enroscando o corpo até formar um novelo humano, revivo toda a dor que foi perder minha irmã e meus pais.

- Jimin, meu amor, você está bem? Hwasa joga a bolsa em uma cadeira e
ajoelha-se a meu lado, encostando a mão fria em minha pele suada e quente.

Fecho os olhos e faço que sim com a cabeça. Apesar do desmaio na escola e da exaustão dos últimos dias, sei que não estou doente. Pelo menos não do jeito que ela pensa. A situação é muito mais complicada que isso. E a cura, não tão fácil. Fico de lado e, enxugando as lágrimas com a fronha do travesseiro, digo:

- É que... bem, às vezes... às vezes não consigo me controlar, sabe? E o tempo não tem tornado mais fácil lidar com isso. - Sinto um nó na garganta, e as lágrimas brotam de novo em meus olhos.
Visivelmente comovida, ela olha para mim e diz:

- Olha, acho que isso nunca vai passar. Essa dor pela perda, essa sensação de
vazio. Acho que a gente precisa se acostumar, sabe? Aprender a conviver com tudo isso. - Ela sorri e enxuga meu rosto com a mão.

Depois se deita a meu lado, e para minha surpresa não me afasto dela. Apenas fecho os olhos e me permito sentir sua dor, a minha também, até que nossos sentimentos se
misturam num só, num único martírio que parece não ter começo nem fim. E ficamos assim por um bom tempo, chorando juntos, conversando de um modo que nunca conversamos
antes, abrindo o coração como deveríamos ter feito desde o início. Se eu não tivesse fechado as portas para ela. Se não a tivesse mantido longe de mim.
Quando enfim se levanta para preparar o jantar, Hwasa vasculha sua bolsa e diz:

- Olha só o que encontrei no porta-malas do carro. Você me emprestou logo depois que chegou aqui, e eu acabei me esquecendo de devolver.

Ela joga um moletom pêssego em minha direção. O moletom do qual eu já havia me esquecido por completo.
Que só usei na primeira semana de escola. E que estava usando na fotografia de Jungkook, apesar de ainda não nos conhecermos.
Chegando à escola no dia seguinte, passo direto por Jeon, pela maldita vaga que ele sempre guarda para mim, e paro o carro onde parece ser praticamente o outro lado do
mundo.

- Ficou doido? - pergunta Yoongi, boquiaberto. - Por que não parou lá atrás? Olha só o tanto que a gente vai ter de andar agora!

Bato a porta do carro e sigo marchando pelo estacionamento, passando direto por Jeon que espera por mim apoiado no BMW.

- Alô-ou! - exclama Yoongi, segurando meus braços à força. - Alto, moreno, bonito e sensual a estibordo! Você passou direto por ele, o que está acontecendo? Vocês brigaram?

- Não está acontecendo nada - resmungo e continuo em frente.
Da última vez que olhei, Jeon estava logo atrás de mim, mas quando chego à sala e vou para minha carteira ele já está lá. Então visto o capuz e ligo o iPod, determinado a ignorá-lo enquanto o Sr. Kim faz a chamada.

- Jimin - ele sussurra.

E eu olho direto para a frente, focado no sr. Kim, apenas
esperando minha vez de dizer "presente".

- Jimin, sei que você está chateado. Mas posso explicar.

Continuo olhando para a
frente, fingindo não escutar.
- Jimin, por favor - suplica Jungkook.

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