P.O.V. Jimin
Vejo pessoas mortas. O tempo todo. Na rua, nos restaurantes, nos corredores da escola, na sala de espera... mas nunca na do dentista. Porém, ao contrário dos fantasmas de televisão e no cinema, elas jamais me perturbam, pedem minha ajuda ou vêm conversar comigo. De modo geral, não fazem mais que sorrir e acenar quando notam que estão sendo vistas. Como a maioria dos vivos, elas adoram ser vistas. Mas a voz em meu quarto, definitivamente, não era de um fantasma. Também não era
da Yeri. A voz em meu quarto era de Jungkook, e por isso sei que foi um sonho.¤¤¤
- E aí? - Ele sorri e se senta segundos depois de o sinal tocar, mas, como a aula é do Sr. Kim, isso é o mesmo que chegar cedo.
Cumprimento-o apenas com um aceno de cabeça, de um jeito neutro, como se não estivesse nem aí para ele. Esperando esconder o fato de que a essa altura, estou tão a fim que até ando sonhando com ele.-Sua tia parece ser uma pessoa legal - ele diz, batendo com a caneta na carteira, num irritante tec tec tec.
- É, ela é bem legal - resmungo, furioso com o Sr. Kim, que não sai daquele banheiro, desejando que ele largue o maldito cantil de uísque e venha logo dar aula.
-Também não moro com minha família - diz Jeon, a voz silenciando a sala, aquietando meus pensamentos, enquanto ele gira a caneta na ponta dos dedos, para lá e para cá, sem deixá-la cair.
Não digo nada. Apenas ajusto o iPod no compartimento do capuz, cogitando ligar a música para bloquear Jungkook também. Mas isso seria grosseiro demais.
-Fui emancipado - ele acrescenta.
-Sério? - pergunto, apesar de ter prometido a mim mesmo limitar nossas conversas ao necessário. Só que, bem, nunca conheci um outro emancipado e sempre achei que todos fossem pessoas tristes e solitárias. Mas, a julgar pelo carro que dirige, as roupas que usa e os lugares que frequenta nas sextas, Jeon Jungkook não parece nem um pouco infeliz com sua condição.
-Sério - ele diz
E assim que para de falar ouço os cochichos trocados entre Jiyong e Daesung, que me chamam de esquisitao e outros qualificativos bem menos simpáticos que esse. Depois me espanto ao vê-lo arremessar a caneta para o alto, sorrindo enquanto ela desenha uma série de oitos no ar, antes de aterrissar perfeitamente na ponta do dedo dele.
- E sua família, onde está? - ele pergunta.
Como é estranha essa alternância entre barulho e silêncio... Parece até uma versão nova para a dança das cadeiras, uma versão em que sempre acabo sobrando de pé.
- O quê? - digo, distraido pela caneta que agora paira entre a gente, bem como pelos comentários de Seunghyun a respeito de minhas roupas. Quanto ao namorado dele, bem, o garoto concorda com tudo, feito um cordeirinho, mas ao mesmo tempo se pergunta por que Seunghyun, nunca se veste como eu. Minha vontade é pôr o capuz, ligar o iPod no volume máximo e dar um fim a essa história toda. Em tudo. Inclusive Jungkook, principalmente Jungkook.
- Onde sua família mora? - ele pergunta.
Fecho os olhos enquanto ele fala, saboreando a delícia desses poucos segundos de silêncio. Depois volto a abri-los e, encarando-o digo:
- Estão mortos.
Finalmente o Sr. Kim entra na sala.
- Sinto muito.
¤¤¤
Jungkook se senta à minha frente na mesa do almoço, e eu corro os olhos pelo pátio, ansioso para que Hope e Yoongi cheguem logo. E quando abro a bolsa com o lanche... Uma tulipa! Igualzinha à do outro dia, espetada entre o sanduíche e o saco de batatas fritas. Não sei como ele fez isso, mas tenho certeza de que foi Jungkook que colocou ali. Na verdade, não são os truques de mágica que me incomodam, mas o jeito como ele olha para mim, fala comigo, aquilo que me faz sentir... diferente
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My immortal
FanficJimin perdeu toda a sua família. Mudou de cidade, de escola, de amigos, e agora precisa aprender a conviver com uma realidade insuportável: após o acidente, ele adquiriu dons especiais. Jimin enxerga a aura das outras pessoas, pode ouvir seus pensam...