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— Usar isso é muito ruim, machuca – Anabella referiu-se as duas muletas que usava.

— Mas é preciso filha, daqui a pouco você se livra dela – disse Sônia sentada no sofá observando a jovem se aproximar e sentar ao seu lado com o notebook.

— Eu não vejo a hora quase dois meses com isso.

— Hoje você tem consulta com a psicóloga né? – perguntou Sônia em dúvida.

— Meu Deus tia eu esqueci, pela hora falta só 40 minutos pra ela chegar – disse a jovem surpresa.

— É claro que iria esquecer você só passa horas nesse computador estudando e trancada no quarto. – A mulher falou meio incomodada.

— Agora que não vou poder ir para a faculdade por longos meses, tudo vai ser resolvido assim. Eu estava tão empolgada pra estudar lá tia, o lugar era enorme e a biblioteca nem se fala. – Bella disse em tom baixo demonstrando tristeza.

— Filha, não fica assim. Logo você vai frequentar, o fisioterapeuta disse que está respondendo muito bem aos exercícios. Daqui a pouco você vai me abandonar de novo. – Sônia disse dramática.

— Com esse tratamento todo que estou recebendo eu vou é me mudar de vez e não sair mais daqui. – A jovem falou sorrindo arrancando da mais velha um sorriso também.

Conversaram por mais alguns minutos até a estudante decidir se arrumar, três vezes por semana a psicóloga estava presente na casa dos pais de Mônica para que a jovem realizasse as consultas. Sua evolução no começo era lenta, não se sentia confortável para falar de todo o ocorrido e traumas até mesmo adormecido, mas com as semanas e a presença da doutora sempre disposta e simpática em esperar seu tempo acabou se abrindo aos poucos. Hoje consegue falar de tudo sem sentir tanto peso como antes. E em todas as sessões falava de Camille que se pudesse ia encontra-la, não achava certo conversar pelo telefone visto que já ouve problemas demais. E como sempre era aconselhada a esperar o tempo das duas já que saíram machucadas.

Bella usava o colar no pescoço como uma maneira de tentar sentir a presença da mulher no simples objeto dourado. Mônica lhe visitava todo final de semana, chegava ao sábado à tarde e ia embora ao final do entardecer de domingo, mas nas últimas semanas a jovem não apareceu relatando estar com problemas. Anabella achou estranho, principalmente pelo fato de a policial nunca estender assunto ao ponto de ela saber do que se tratava.

A verdade era que Mônica estava de olho na sua tia e cuidando dela, que para tentar esquecer a relação que foi cortada por Anabella estava bebendo muito mais que o normal, antes o que era só vinho nas noites frias, passou a ser todos os tipos de bebidas fazendo seu organismo reagir contra o álcool.

— Tia você precisa colocar na sua cabeça que isso não vai te ajudar em nada – Mônica falou em uma das vezes que foi buscar Camille bêbada no restaurante, era quase uma da madrugada, quando chegou o estabelecimento estava todo aberto e vazio a ponto de ser roubado, a gerente estava atrás do balcão no chão solvendo uma bebida na cor preta.

— Quando eu to bebendo não penso nela – Falou a mulher trocando as palavras.

— Chega, isso precisa de um fim. – disse levantando sua tia, fechou o restaurante e carregou Camille até seu carro colocando no banco de trás. — Você nunca chegou a esse ponto. – Deu partida no veículo e seguiu para seu apartamento.

Mônica não estava aguentando mais ver sua tia naquele estado de embriaguez todos os dias, mal estava conseguindo gerenciar o restaurante por começar a beber cedo. Sabia que não podia forçar um encontro entre Anabella e Camille mesmo sua amiga dizendo se arrepender de ter feito o que fez na hora agia totalmente o contrário, e sua tia não gostava mais de ouvir falar da jovem. Então Mônica apenas cuidava da mais velha e tentava faze-la parar com o exagero nas bebidas, porem era em vão. Foram os piores meses para a jovem, pois não conseguia equilibrar os dois lados em ver Bella e ficar com a tia, optou pelo que mais necessitava de atenção.

Aos Seus Pés - Romance Lésbico - Concluída(Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora