— Eu preciso terminar essa bagunça, por favor vai embora, não temos mais nada para conversar.
Bella enquanto arrumava suas roupas no quarto, falava irritada com seu ex namorado, duas horas depois que a jovem foi deixada em casa, Diogo bateu em sua porta. Como se não bastasse a chuva para lhe estressar com todo o estrago feito na noite anterior, se deparava com um homem pegajoso em seus pés, o rapaz desconhecia a palavra não.
— Você não pode me expulsar - falou segurando firme os dois braços da jovem — olhe para mim. - gritou.
— Eu não sei mais quem é você, ou o que se tornou para ser tão bruto com uma mulher - Bella dizia tentando se desvencilhar das mãos brutas do ex, porem esse transtornado pela raiva apertava mais.
— Você me respeite, sempre disse me amar e agora não quer mais? - falou irônico — você acha que eu sou bobo, quem é a pessoa pela qual me trocou?
— Me solta, esta me machucando? - Diogo a empurrou com força fazendo bater de costas na porta aberta do guarda roupa e caindo em seguida.
Era visível o quanto o rapaz estava fora de si, podia ver em seus olhos raiva, e possessão, junto uma mistura de drogas injetadas na veia pulsante.
— Eu quero uma resposta Anabella - gritou assustando a mesma.
— Não existe ninguém - disse já de pé, porém sentindo a dor na coluna — eu só não quero mais, olha seu estado, todo descontrolado, parece até uma cópia do meu pai na minha frente de tão iguais que se parec...
Bella não conseguiu concluir pois no mesmo instante, uma mão pesada pousou sobre seu rosto, fazendo virar pela força em qual foi atingida.
— Nunca mais na sua vida me compare ao alcoólatra do seu pai, estou perfeitamente bem - Diogo cuspiu as palavras na jovem e se retirou da casa de Bella. Deixando essa com lágrimas nos olhos, e um fio de sangue escorrer pelo lábio na parte direita em que foi atingida pelo tapa nada fraco.
"Como eu nunca vi isso nele?
como me livrar ?
Se a Moni ficar sabendo disso ela fará da vida dele um inferno" divagou em pensamentos.Agora ela estava ali no banheiro minúsculo, lavando o rosto na intenção de que as lágrimas fossem juntas, sentia seu corpo doer, mas a dor pior era a que seu coração sentia.
Decidida em aceitar a proposta de Mônica, estava arrumando a única mala que tinha para carregar suas roupas. Deixaria o resto para outro dia, quando não se sentisse tão indisposta. Vendo a hora correr, se atentou em se arrumar para estar no restaurante conforme o pedido de Camille.
Sorriu ao lembrar de sua chefe, os fios loiros, os olhos azuis intensos parecendo mar lhe chamava atenção, seu corte de cabelo curto deixando visível sua nuca nua, coisas bobas de uma aparência que a atraía, e toda sua personalidade, seu jeito sério, e ao mesmo tempo tão acessível deixava em Bella uma certa curiosidade para desvenda-la. A imagem de Camille no café da manhã não lhe abandonava, Bella mais prestou atenção no abdômen definido de sua chefe, do que no próprio café que tomava. Era mesmo uma mulher fodidamente atraente aos olhos da jovem, mas era sempre o mesmo dilema que a cortava de elevar seus pensamentos, "mulher vivida, hétero, não há de querer se envolver com uma menina de apenas 24 anos, não haveria futuro" então voltava a realidade com seus afazeres permitindo assim esquecer sua imaginação um tanto distante.Quando entrou no restaurante recebeu o olhar avaliativo da chefe, se incomodou com aqueles olhos parecendo ler sua alma, e decifrando seu coração que estava em pedaços.
De certo modo, Camille notou o comportamento da jovem diferente, retraída, e até mesmo inquieta demais a qualquer som diferente que ouvia. Quando estavam na recepção, a mais velha um pouco distante encarou Bella de cima em baixo, e ao chegar em seus braços notou uma coloração roxa, parecia um pouco apagada, mais ainda estava visível aos seus olhos. Desconfiada Camille se aproximou, um certo gesto tirou-lhe suas dúvidas.
— Como está a listas de convidados para o encaixe de nossas mesas? - perguntou a gerente tocando o local marcado no braço de Bella.
Por ter sido pega desprevenida, sua primeira reação foi emitir um gemido de dor e passar as mãos por cima do local dolorido. Vendo que estava frente a chefe disfarçou, pegou o tablet que continha a organização da festa e respondeu:
— 25 por 5, as cinco mesas ficaram no fundo para que não atrapalhe os outros clientes. - no final Bella olhou para Camille, um gesto automático que sempre fazia após concluir qualquer assunto.
Neste momento a gerente pode ver o machucado no canto da boca de Bella, mesmo intrigada não queria ser invasiva demais ao perguntar o que houve, pensou em várias maneiras para questiona-la, porem não conseguia usar meias palavras e sabia que a jovem também não gostava desse meio, preferiu ser direta:
— Obrigada por ajudar com este aniversário, mesmo não sendo de sua área.
Bella sorriu, mas não conseguiu manter por causa da dor, sentia a região sensível, então Camille continuou:
— Como machucou a boca? - de imediato o olhar da jovem desfocou dos seus.
— Eu bati com a boca - limitou-se a responder. Mentir não era algo que gostava de fazer, e se Camille muito insistisse acabaria por falar a verdade. Porem sua desculpa foi o suficiente para sua chefe.
— Certo, coloque gelo. Agora se me der licença preciso fazer uma ligação. - disse e a jovem apenas assentiu.
Do lado de fora do restaurante, onde pudesse respirar com calma e sentir o vento frio bater em seu rosto, tentava se acalmar. Camille tinha certeza que aqueles hematomas nos braços de Bella, e a boca machucada, era obra de Diogo. Isso a deixava fervilhando de raiva, tão covarde e cruel poderia ser tal atitude. Depois de recompor metade de sua racionalidade, fez a ligação que contara a jovem, no segundo toque ouviu a voz tão conhecida e irônica por ela.
— Número privado? Qual a emergência? - disse Mônica.
— Diogo Cabral - a gerente falou entre os dentes, sentindo o sangue ferver novamente. — Mônica presta atenção, você como ninguém sabe que não me envolvo nesses casos, mas eu o mato se ele encostar em Bella novamente.
Mesmo sua sobrinha atenta ao assunto, não deixou passar despercebido o modo que sua tia se referiu a sua amiga, foi pessoal demais para ela. Porem deixaria essa parte para uma ocasião mais apropriada.
— Como assim outra vez? O que aquele covarde fez? - perguntou se irritando.
— Se realmente fez isso não é certeza! Mas ela esta com roxos no braço, e a boca, A boca tem um machucado. Perguntei como se machucou ela limitou a responder, e fora que fez isso sem me olhar nos olhos como sempre faz quando me dirige a palavra.
— Ela não irá me contar se foi ele, mas se realmente machucou a boca em alguma coisa ela dirá. Chamei Bella para que morasse comigo ate encontrar outro lugar, assim posso ficar mais tranquila quanto sua segurança. - disse Mônica.
— Fez bem, irei colocar uns seguranças atrás desse desgraçado! Melhor prevenir. - concluiu Camille se sentindo melhor — agora preciso voltar para o restaurante, todos me esperam.
— Tia, quando vai voltar a ser agente que realmente é? - mesmo receosa pela pergunta quis saber.
— Quando eu não me sentir culpada pela morte de Malu!
— Foi um ato de amor, por isso ela entrou na sua frente e recebeu aquele tiro. Você não tem culpa de nada, mas eu te entendo! Volta logo tia sentimos sua falta.
— Esta bem! Preciso ir. Cuide dela quando eu não estiver por perto.
Com essas últimas palavras Camille desligou, sua sobrinha sabia que era o jeito dela escapar do assunto. Porém seria melhor por enquanto, mas Mônica tinha certeza que dentro do coração de sua tia brotava algum sentimento pela sua amiga Bella, só que ambas não eram capazes de reconhecer.
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Aos Seus Pés - Romance Lésbico - Concluída(Sem Revisão)
RomantizmDuas mulheres com traumas, ambas por terem perdido pessoas que amavam. Anabella Vieira e Camille Barcelar são pessoas marcadas pelo passado. De personalidades fortes as duas têm dificuldades de confiar nas pessoas e manter vínculos. Depois de várias...